Retiro os braços e as pernas de Vinícius de cima de mim e levanto da cama. Eu sempre dou um travesseiro para ele abraçar de noite, mas ele sempre acaba me agarrando. Pra falar a verdade nem me importo mais com esse sonambulismo dele, já me acostumei ao fato dele vir dormir na minha cama todas as noites. Pelo menos ele não está mais colocando a mão no meu seio.
O que me surpreende é ele ter vindo essa noite. Depois da manhã de sábado não nos falamos mais, cada um ficou no seu quarto emburrado, eu não queria falar com ele por ser um troglodita e me deixar sozinha arrumando a casa, e ele não quis falar comigo por... sei lá por quê.
Me arrumo para ir trabalhar, e logo quando chego na loja tenho que aguentar o interrogatório das minhas amigas. Primeiro por causa do cachecol que tive que usar para cobrir a marca roxa no meu pescoço; segundo por causa da boca grande da Cris, que falou para elas que eu e Vinícius dormíamos juntos. Não adiantou de nada eu dizer que não rolava nada entre a gente.
— A Cris disse que você e ele dormem de conchinha. É verdade isso? — Mari pergunta, e consigo sentir um pouco de ressentimento na sua voz. Ela tem esperanças de ficar com Vinícius, por isso nem posso dizer nada para não magoá-la.
— Gente, eu já expliquei pra vocês que só estamos dormindo juntos porque o Vinícius é sonâmbulo e vai para o meu quarto durante a madrugada. E eu sempre dou um travesseiro para ele não me agarrar, mas toda vez acordo com ele em cima de mim.
— Isso parece ser uma desculpa das piores — Vanessa ri. — Por que você não tranca a porta, então?
— Mesmo se eu trancar ele vai para o meu quarto e dorme encostado na porta. Fico com pena dele por dormir daquela maneira, então deixo ele entrar e dormir na minha cama.
— E por que você não vai dormir na cama dele? — Mari quer uma explicação de toda maneira.
— Deus que me livre! Aqueles lençóis dele não são trocados desde o dia que ele passou a morar lá.
— Então quer dizer que vocês dormem juntos toda noite e não transam nenhuma vez? — Mari espreme os olhos verde-esmeralda para mim.
— Não — digo.
E não estou falando uma mentira, pois nas noites em que ele entra sonâmbulo no meu quarto a gente só dorme.
Vanessa e Mari espremem mais seus olhos para mim, tentando encontrar algo neles que me entreguem, e fico ainda mais nervosa.
— E por que está usando esse cachecol?
— E-eu já disse. Tô com frio.
— Frio? Com quase quarenta graus de temperatura?
— Ééééé... vocês sabem... sou muito frienta.
— Hum... eu tô é achando que um vampiro muito sexy te mordeu. O que você acha, Mari?
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Apartamento 201 (Série Apartamento - Livro 1)
RomanceAna Júlia mora com sua melhor amiga, porém seus dias de sossego estão contados com a chegada de um novo hóspede: o irmão da sua melhor amiga. Como se não bastasse, ela acaba descobrindo que esse mesmo cara é nada mais nada menos que o homem que ela...