Capítulo 27

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Corro pelo quarteirão sem rumo e sem um tempo cronometrado de parar. Apenas corro, pois correr me ajuda a esclarecer as ideias e deixa minha mente mais leve.

Mas agora não está resolvendo.

Parece que minha cabeça irá explodir a qualquer momento. Não de dor, mas de muita raiva, tanto que acho que veias transparecem sob minhas têmporas.

Corro tentando entender essa raiva. Ela só ficou arrependida de ter transado comigo. E daí? Foi só sexo. Foi só uma diversão como qualquer outra. É assim com as outras mulheres e com ela não tem que ser diferente. Eu deveria estar agradecendo por ela ter se arrependido, pois assim eu não correria o risco dela me fazer cobranças depois pelo fato de morarmos na mesma casa.

Eu deveria estar feliz e satisfeito.

Mas estou puto da vida.

Não só por ela ter se arrependido, mas porque aquele sexo foi incrível.

Nem sei se dá pra chamar o que fizemos de sexo.

Aquilo não foi só sexo.

A real é que nunca me senti tão conectado a uma mulher. A química entre nós foi tão perfeita que pensei que a qualquer momento fôssemos nos fundir. Ela é uma mulher incrível. E agora quero mais.

Merda, eu sabia que não iria me contentar, que se eu transasse com ela mais uma vez, correria o risco de ficar viciado. Eu não deveria ter transado com ela.

Mas quem disse que meus hormônios obedeceram. Eu a queria nem que fosse só mais uma vez, e vê-la daquele jeito toda molhada e tão próxima a mim foi o mesmo que deixar um pedaço de bife na frente de um cachorro. A gente começou a se beijar e não teve mais volta.

Mas se eu soubesse que depois ficaria tão puto da vida, que meu corpo fervesse de anseio toda vez que lembrasse de nós naquela cama, talvez não tivesse deixado acontecer.

Ou talvez teria.

Aquela mulher desperta meus sentimentos mais profundos, aqueles dos quais eu tanto quis esconder depois da traição da Raíssa.

E tenho medo disso.

Dobro a esquina e continuo correndo. O suor já se forma na minha testa e escorre pelo meu rosto.

Por que simplesmente não posso esquecer o que aconteceu e deixar pra lá?

Foi só sexo.

Repito para mim mesmo mais uma vez tentando me convencer dessa mentira esfarrapada.

Depois de quase duas horas correndo e fazendo caminhada, volto para o apartamento um pouco mais calmo. Assim que entro vou direto para a cozinha tomar água. Eu precisava de muita água. Cris está sentada na mesa comendo um sanduíche enquanto mexe no celular. Abro a geladeira, pego a garrafa de água e viro no bico. A loirinha odiava isso, mas não tô nem aí, estou com muita raiva dela agora.

— A casa tá bem cheirosinha. Dá pra ver que a Juju caprichou na faxina. Eu queria ter ajudado vocês, mas meu namorado me chamou pra... pra assistir um jogo muito importante com ele. Ele exigiu que eu fosse. Vocês fizeram uma boa faxina. Parabéns, o apartamento está brilhando. Ah, e vi que limparam o meu quarto também, tá com cheiro de lavanda. Muito obrigada. Na próxima vez que tiver que dar uma faxina no apartamento eu prometo ajudar vocês. Ei, Vini!

Minha irmã me chama e eu aterrisso.

— Quê?

— Estou falando com você. Parece que nem tá me ouvindo.

— Tô sim. O que falava da faxina? — Tomo mais um gole de água e paraliso. Abaixo o braço lentamente, colocando o garrafa em cima da pia.

Ela acabou entrar na cozinha.

Ela também me observa por um tempo, e nos encaramos daquele jeito estranho.

— Eu tinha ouvido você chegar — diz. — Eu queria te entregar uma coisa.

— Que coisa?

O que ela teria para me entregar depois de praticamente me rejeitar?

Ela estende um envelope branco na minha direção.

— Aí está um pouco do dinheiro que eu te devo pelo conserto da sua moto.

— Não precisa — digo, sem pegar o envelope.

— É claro que precisa. Você teve custos muito altos com o conserto da sua moto e eu tenho a obrigação de te pagar.

— Não é necessário me pagar. Eu já tinha até esquecido disso.

— Mas eu não. Por favor, pegue o dinheiro — ela insiste estendendo o envelope para mim.

— Já disse que não precisa, porra — minha voz sai um pouco mais alterada do que eu gostaria e ela parece não gostar nenhum um pouco disso.

— Mas eu faço questão — diz, batendo o envelope com força na mesa.

Ela sai da cozinha. Cris, que estava ali vendo tudo, me encara assustada.

— O que houve aqui?

— Nada.

— Como assim nada? Vocês estavam se dando tão bem ultimamente, por que esse ranço agora?

— Não é nada, Cris.

Saio da cozinha e deixo o envelope na mesa, entro no meu quarto e bato a porta com força.

Continuamos com o clima estranho durante todo o final de semana e mal nos olhamos.

O que me dá mais raiva nessa história toda é que os gemidos dela não saem da minha cabeça.

Apartamento  201 (Série Apartamento - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora