Capítulo 24

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Este dia está sendo um pesadelo

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Este dia está sendo um pesadelo.

Hoje definitivamente não é meu dia de sorte.

Primeiro, meu carro quebra; terceiro, volto de ônibus público para casa; quarto, o ônibus quebra no meio do caminho, sendo eu obrigada a andar a pé até o meu destino; quinto, o tempo muda de repente como se o mundo fosse acabar, me obrigando a dar uma de Usain Bolt para não chegar em casa fedendo cachorro molhado.

Corro, corro, corro. Mas quanto mais eu corro, mais o caminho parece se alongar. Não sei quantos metros eu corri, sei que foram poucos, mas, sinceramente, é como se eu tivesse percorrido a maratona de São Silvestre.

Meu coração está acelerado dentro do peito, o suor se formando na testa, junto com as gotas de chuva, minhas pernas fazendo um esforço enorme para alcançar aquela praga.

Vinícius corre lentamente e calmamente alguns metros à minha frente sem esforço algum, parecendo uma bailarina saltitante e feliz. Corre com tanta facilidade que me dá uma tremenda raiva. Sinto vontade de correr mais depressa só para dar um soco na cara dele para ele deixar de ser tão exibido.

A vó dele corre melhor do que eu? Cretino. Ele vai ver só quando chegarmos em casa.

Quando olho para o horizonte, Vinícius sumiu de vista e a chuva engrossa mais um pouco. Brutamonte sem coração! Ele me abandonou!

— Aaaaaaaah!

Não sei como, mas acabo tropeçando. Acho que o salto da sandália enfiou em um pequeno buraco. Na mesma hora em que tropeço meu tornozelo vira e uma dor lancinante o atinge e caio para frente, com as mãos e joelhos no chão molhado, ralando-os. Mas não doem tanto quanto meu tornozelo.

Sentada na calçada, levo a mão no local inchado, que chega a pulsar de tanta dor.

— Ai, ai, ai, ai.

Levanto o rosto contorcido de dor e não encontro Vinícius, ele havia sumido naquele breu iluminado apenas pelos postes da rua e os faróis dos carros. Ele provavelmente estaria no apartamento agora, todo sequinho. Como pôde ser tão sem coração e me abandonar?

O pior de tudo é que não tinha ninguém para me socorrer, eu estava numa avenida em que só carros passavam e que não me notavam ou fingiam não notar.

Agora a chuva cai de vez. Meu pé dói muito. Estou sozinha. Abandonada. No meio do breu. E Vinícius provavelmente já chegara em casa sem se molhar. Me dá uma vontade enorme de chorar.

Tento me levantar, mas meu tornozelo direito dói pra caramba. É muito difícil conseguir levantar sozinha. As lágrimas descem pelo meu rosto e se misturam com as gotas grossas da chuva. Que dor do cacete!

É então que sinto mãos ao redor do meu corpo.

— Ana, Ana, tá tudo bem? O que houve?

Não acredito. Entre as gotas grossas de chuva que caem enxergo Vinícius. Não estava delirando. É Vinícius. Meu coração se inunda de emoção e de felicidade.

Apartamento  201 (Série Apartamento - Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora