Hope.Mãos e pernas amarradas. Boca amordaçada. Eu não conseguia escapar. Sentia a água turbulenta dos mares batendo constantemente nas paredes daquele navio. A verdade é que não fazia a mínima ideia do local em que estava e de quem eu era. Sabia somente que estava em um compartimento com tábulas de aço, sem janelas, e provavelmente, se concentrava na instalação mais baixa do transporte aquático.
Minha cabeça estava latente de dor, e pelo canto dos olhos pude ver o sangue escorrendo pela minha testa, eu havia recebido um golpe e tanto.
O desespero aumentou quando senti meus pés ficando molhados. A água oceânica estava entrando pouco a pouco pelo suporte de aço. Era o meu fim. Eu iria morrer sem saber ao menos quem eu sou.
Aos poucos a água foi subindo, até chegar ao ponto que meu corpo estava totalmente submerso, e meus pulmões desesperado por um pouco de ar.
— Hope! — Freya me balançava, e aos poucos, meus olhos se abriram. Avistei aquela cabeleira loira, e sorri assim que vislumbrei o seu olhar preocupado.
— Oi Freya. — Respondi com umas voz rouca e com o rosto grudando de suor. Eu respirava profundamente, e ao mesmo tempo que tentava demonstrar para garota em minha frente que estava tudo bem, não conseguia disfarçar o quanto estava desestabilizada em sonhar com aquilo.
— Mais pesadelos, né? — Ela sentou-se na beirada da cama em que eu estava deitada. Freya era atenciosa e se importava de verdade com as pessoas, e apesar da pouca idade, cuidava constantemente de mim.
Ela era sobrinha de Cecil, coordenadora do convento que me acolheu. Freya frequentemente ficava conosco em nossa rotina religiosa, pois o destino dela já havia sido traçado desde cedo. A garota, apesar de ter mais ou menos seus dezoito anos, pretendia ser freira igual a tia, e seus afazeres eram totalmente destinados a isso. Já eu, apesar de ter uma vida flexível dentro daquele lugar, desde que havia sido encontrada nas margens oceânicas de Brighton, extremamente machucada, e sem nenhuma consciência sobre meu passado, era conduzida totalmente para a vida religiosa em um colégio de freiras. Eu me sentia ingrata por não querer aquela vida, pois graças à Cecil, madre da igreja, que eu tinha um lar. Porém, ainda sonhava com o dia em que poderia explorar além daquele extenso local sagrado.
— Sim, e como todos os outros pesadelos, eu estava me afogando. — Eu suspirei.
— Foi um evento traumático, Hope. Disseram que te encontraram à beira-mar quase morta, com vários ferimentos. Você deve ter passado por muita coisa. — Freya estava com os olhos marejados.
— Eu sei. Me pergunto o que fiz de tão ruim para ser encontrada daquela forma, ainda por cima, usando um vestido de noiva. — Me levantei da cama com lentidão, percebendo que todas as outras camas estavam vazias. As freiras já haviam acordado! Quando olhei para o relógio, constatei que de novo estava atrasada. — Perdi a missa. De novo. — Respondi, assustada. — Por que não me acordaram? Não aguento mais os olhares feios que recebo aqui dentro dessas freiras.
— Não é para tanto, Hope. Elas são educadas para não julgar. Esses olhares feios que você tanto fala deve ser impressão sua. — Freya respondeu.
— Oras, então elas estão pecando. Me olham como se eu fosse o próprio demônio. — Me levantei apressadamente da cama.
— É que você é diferente. — Freya falou com cautela. — Não é toda hora que se encontra uma pessoa que educada para ser freira e que se recusa à usar roupas adequadas para isso. — Freya olhava para a calça jeans que eu estava colocando apressadamente, e a regata branca que eu passava pela minha cabeça logo em seguida.
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HOPE
RomanceHope é uma jovem cujo desconhece sua origem, nome e idade. Não se lembra de nenhum fato referente a sua vida desde que foi encontrada na costa oceânica de Brighton, na Inglaterra, extremamente machucada. Depois de um tempo confinada em um convento...