Capítulo 14

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Thomas.

O dia do desaparecimento de Natasha.

Os próximos dias que se seguiram eu piorei ainda mais a maneira de me comportar. Sempre julguei Joshua pelo jeito que se comportou quando você desapareceu, mas Natasha, eu fiquei igual. Não passava um dia se quer sóbrio, estava até mesmo prejudicando minha própria empresa.

Para agravar ainda mais a nossa situação, não sei como, mas seu pai descobriu tudo. Desconfio que provavelmente quem contou tenha sido Quianna, ou até mesmo Elec. Mas não havia como acusar alguém à aquela altura. O pior já havia acontecido; eu estava sem você. E seu pai havia me proibido de encostar em um único fio de cabelo seu. Porém, mesmo se ele não houvesse proibido, eu sei que você que não iria me querer mais depois de tudo o que eu havia feito.

No dia do seu casamento acordei como acostumava acordar todos os dias, com ressaca. E em vez de parar por aí, meu café da manhã eram dois copos de whisky. Não, eu não tinha limites. Mas o álcool me ajudava. Eu sempre fui intenso demais, e minha primeira decepção amorosa me deixou naquele estado. Me sentia um tolo por ter me deixado levar por aqueles sentimentos.

Ainda não havia entrado na minha cabeça que você iria se casar, ainda mais com aquele petulante. Eu sei, não sou nenhum exemplo de homem para julgar Elec, mas eu tinha certeza que você não seria nenhum pouco feliz com ele, e aquilo me doía.

Eu não pretendia de forma alguma comparecer em seu casamento, isso só iria aumentar a minha dor. Mas naquele dia, eu recebi uma ligação sua.

— Thom... — A sua voz estava distante.

— Natasha? — Eu questionei. Minha voz estava embargada no álcool.

— Preciso te ver. — Apenas pelo telefone percebia seu medo. Eu sabia que havia algo de errado.

— Natasha, aconteceu algo? — Eu estava preocupado, mas tentava ser cauteloso.

Uma pausa se fez na linha, tudo ficou em silencioso, e era possível escutar apenas sua respiração. Havia algo estranho acontecendo.

— Não. Mas Thom, venha ao meu casamento hoje. — A sua voz estava trêmula, e pronunciava tudo como se fosse uma súplica.

— Não, eu não vou. — Afirmei. — Não suportaria ver você casar com outro homem.

— Você precisa vim, Thomas. — Dessa vez, você pronunciava em um tom firme. — Eu preciso te contar uma coisa.

— O que?

— Por telefone não. — Respondeu, apressadamente. — Tenho que desligar, tchau.

Quando a linha ficou totalmente muda soube que havia desligado. Eu estava eufórico, mas por um outro lado, pensei que fosse somente você querendo que eu sofresse na mesma medida em que você sofreu quando me viu com Quianna. Não haveria sensação pior do que te ver no altar com outra pessoa que não fosse eu.

Enquanto me arrumava para ir ao seu casamento, ingeria copos exagerados do mais diversos tipos de bebidas. Achei que a situação ficaria mais fácil se eu estivesse bêbado. Mas no fundo eu sabia, não haveria como aquela situação ficar mais fácil. Seria doloroso de todas as formas.

Mesmo naquele estado em que me encontrava, fui dirigindo. Não estava lingando para o que iria acontecer com a minha vida e para os riscos que eu corria.

O evento seria realizado em um jardim botânico que havia atrás da sua casa. O local era muito bonito. Ficamos longos meses nos encontrando lá quando não havia ninguém. Aquele lugar havia sido palco de diversos momentos nossos, tanto mais íntimos, como de conversas sérias e risos espontâneos, e agora você estava lá, se casando com Elec. No mesmo local. No nosso local.

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