Hope.
Se passaram dois meses desde que minha memória voltou parcialmente. A minha vida estava mais diversificada do que no convento, e as doutrinas que me impuseram naquele local começaram à se dissipar. Eu sentia que aos poucos começava à ser a garota de antes, mas com vários ensinamentos que havia aprendido no convento em meu coração, como por exemplo, o conceito da "esperança" que havia sido atribuído em meu nome. Nunca havia entendido muito bem sobre isso, mas o pouco que havia entendido, guardava comigo.
Joshua se tornou presente na minha vida, comparecia quase todos os dias na residência de Thomas. Nos divertíamos bastante assistindo filmes, cozinhando diversas receitas junto à Margaret e falando bobagens com Emma. Meu irmão, que não sabia que eu me lembrava de quase tudo o que aconteceu, era muito indiscreto. Às vezes até me chamava de Natasha sem querer. Joshua Somerset era o rapaz mais atrapalhado que eu já havia conhecido em minha vida, porém, meu amor por ele continuava igual. Cada minuto que passava ao seu lado, sentia nossa sintonia e amizade cada vez mais forte.
Eu também estava mais próxima de Thomas. Depois de tudo o que descobri, meus sentimentos por ele haviam aumentado. Eu nem achava que era possível aquilo ficar mais intenso do que já era, porém, estava equivocadamente enganada. Agora, tudo aquilo que eu sentia estava esclarecido. Eu o amava, e dessa vez sabia o porquê. Tínhamos uma história juntos, por mais que todos acontecimentos ainda fossem confusos e fizessem eu me questionar se todo aquele sentimento que eu contemplava dentro de meu coração eram recíprocos. Evitava a todo custo chegar próximo dele, pois a tensão sexual que continha no ambiente quando nós dois estávamos juntos era inevitável. Então, as conversas, por sua maioria, ocorriam há metros de distância.
Me disponibilizei em arrumar os documentos de sua empresa, separá-los por data e ordem alfabética, mas como era uma vasta quantidade de documentos, isso ocorria quase todos os dias. Esse momento era qual mais conseguíamos ter contato durante o dia, e dentro do meu coração, era meu momento favorito também.
— Acho que vou chegar tarde hoje, Hope. — Thomas pronunciou, enquanto teclava em seu notebook, sentado na mesa de seu escritório. Eu estava sentada no chão, com papéis em mãos, olhando intrigada para o homem à minha frente.
— Por que? — Eu questionei, curiosa.
— Terá uma festa da minha empresa, cem anos. — Especulou, orgulhoso.
— Cem? Caramba! Jurava que você parecia mais novo, tipo uns noventa e oito. — Provoquei, soltando um riso baixo.
— Engraçadinha. Eu tenho trinta e três para o seu conhecimento, mas como a empresa foi passada de geração para geração, meu tataravô que fundou. — Riu, fechando o computador potátil, e em seguida, me encarando.
— Sua organizadora de documentos não vai ter um convite para essa festa? — Eu questionei, e ao mesmo tempo, me arrependi. Não, claro que não. Thomas não me convidou até agora, então certamente não era para eu comparecer.
— Alguém que você não gosta estará presente, e essa pessoa também não gosta de você, já que te pegou mentindo sobre uma suposta pomada para DST. — Passou as mãos pelos cabelos, levantando da mesa em que estava sentado.
— Tereza? — Respondi, revirando os olhos.
— Exato. — Ele piscou. — Eu vou indo, Hope. Vai ficar bem aí?
— Vou, Joshua vem mais tarde. — Me levantei do chão em que estava sentada, ficando logo à sua frente.
O contato físico que tanto estava evitando e temendo, aconteceu. Ao se despedir, Thomas me abraçou e sussurrou um agradecimento em meu ouvido. Retribuí o seu abraço, que me passava tantas sensações e emoções, capaz de irradiar às chamas que eu tanto me empenhava em neutralizar. Suas mão grandes apertavam minhas costas, e por um momento, me senti protegida de tudo e de todos. Aquele abraço durou minutos. Perdemos a noção do tempo e espaço à partir do momento em que nossos corpos entraram em contato. Naquele momento só existia nós.
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HOPE
RomanceHope é uma jovem cujo desconhece sua origem, nome e idade. Não se lembra de nenhum fato referente a sua vida desde que foi encontrada na costa oceânica de Brighton, na Inglaterra, extremamente machucada. Depois de um tempo confinada em um convento...