Capítulo 25

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Thomas.

Estava sentado no sofá, Joshua ocupava uma poltrona preta logo a minha frente, mantendo um olhar desconfiado e soberbo em minha direção. Não conseguia entender o que ele pretendia me encarando daquela forma, mas não demorou muito para que dissesse:

— Quais são suas intenções com a minha irmã? — Ele questionou, intrigado.

Estava explicado. Joshua sempre foi muito protetor com Natasha, mas também, sempre torceu para que nós dessemos certo, e inclusive, fazia de tudo para que aquilo acontecesse. Entendo que depois de todas peripécias que ocorreram no decorrer de nossa trajetória é comum ele ficar desconfiado, afinal, já perdeu a irmã uma vez.

— As melhores. Eu amo ela. — Afirmei com convicção.

— Quanto tempo pretende ficar com ela? Afinal, dizem as más línguas que Thomas Carter não é homem que se prende à uma mulher só. — Zombou.

— Não sei Joshua, meu amor não tem prazo de validade, quanto tempo ela quiser. — Respondi, já estressado com a situação.

Joshua amenizou a carranca que estava em seu rosto, emitindo um leve sorriso, e em seguida, se levantando da poltrona na qual estava estava sentado, e se acomodando ao meu lado, ficando tão perto a ponto de me abraçar, o que me fez ficar confuso e desnorteado.

— Eu sei que você ama ela, ou se não... Não teria separado tantas brigas minhas e cuidado para que eu não me metesse em encrenca quando eu estava naquelas situações. — Desatou o abraço. — Eu amo minha irmãzinha, e se ela te ama, eu te amo.

— Obrigado, eu acho. — Eu sorri em sua direção, dando de relance uma olhada na sua cueca de onça novamente. — Então você e Quianna, hein?

Era o casal mais aleatório que eu poderia imaginar. Um homem bobalhão, impulsivo, tagarelo e meio infantil às vezes, para uma mulher sedutora, chamativa e independente. Olhando de longe, era até mesmo improvável um casal como aqueles, porém, dizem que os opostos muitas vezes não só se atraem, mas se completam.

— É, acho que ela gostou do meu charme. — Passou as mãos pelos cabelos loiros, jogando-os para trás.

— E a cueca de onça? — Segurei o riso novamente.

— Ela disse que queria sexo selvagem. — Sussurrou, como se alguém pudesse nos ouvir.

— Aposto que ela amou. — Zombei.

— Não querendo me gabar, mas quem resiste? — Piscou em minha direção.

Já havia passado uma hora que havia deixado Natasha na cozinha com Quianna. Meu coração estava cada vez mais apertado. Joshua, percebendo minha tensão, havia parado de falar, e nós dois nos encarávamos com receio. Sabíamos o quanto seria difícil para ela.

Sem presságio, Quianna abriu lentamente a porta da sala aonde estávamos, pude perceber seus olhos inchados e seu rosto ainda molhado pelas lágrimas. Ela me olhou tristemente, confirmando que tudo já havia sido feito. Natasha já havia recebido a notícia.

— Thomas, a Nat... — Quianna começou a falar, mas não continuou.

Uma descarga elétrica se apoderou do meu corpo, fazendo com que eu passasse abruptamente por Quianna, indo em direção à cozinha. Meus olhos deslizaram por todo cômodo até que encontraram os seus; aflitos, abatidos e molhados. Seus cabelos estavam desgrenhados, caídos em seus olhos, e seus braços envolviam a caixa que Quianna havia me mostrado aquele dia, e de imediato meu estômago embrulhou.

— Amor... — Dei um passo em sua direção, mas ela deu um passo para trás, como se estivesse com medo. Eu sei, foi só uma ação involuntária, mas aquilo me doeu profundamente.

— Quero ir embora. — Ela pronunciou, quase que em um sussurro, se virando em direção porta de saída, nem se preocupando em se despedir de Joshua ou Quianna. Eu apenas a acompanhei.

[...]

A viagem de volta foi preocupante. Natasha mantinha o silêncio, não ouvia nem sua respiração direito, e seus braços continuavam envolvendo a caixa azul com um grande laço em seu topo. Eu imagino a dor que deveria estar em seu coração, pois o meu estava doendo também, desde que descobri de tudo.

Chegamos na garagem de carros, eu estacionei na primeira vaga que avistei, e invés de descer do carro, olhei para o seu rosto nada suave, olhando para o nada. Natasha também não havia saído do carro, para ser sincero, acho que ela estava navegando em outro mundo. Só espero que não esteja navegando nos acontecimentos que acabado de receber.

— Precisamos conversar? — Eu questionei, apreensivo.

— Não. — Afirmou rapidamente, e em seguida, virou o corpo em direção a porta para sair do carro, mas segurei seu braço.

Puxei seu corpo para os meus braços, envolvendo ela em um abraço acolhedor. Natasha estava precisando daquilo, mesmo que não admitisse. Confesso que não só ela, mas eu também. Suas mãos tentavam me empurrar para longe, mas quanto mais para longe ela tentava me empurrar, mais forte eu segurava ela em meus braços, até que ela cedeu, deitando a cabeça em meu ombro, deixando soluços audíveis saírem de sua boca.

Pude sentir meu ombro ficando molhado com suas lágrimas, e ao mesmo tempo afaguei minhas mãos em seus cabelos, tentando passar o conforto que ela precisava naquele momento. Lágrimas despejavam pelas minhas bochechas, e eu suspirava profundamente, tentando buscar o ar que faltava de meus pulmões naquele momento.

— Meu bebê... Eu estava... — Sussurrou entre soluços.

— Nosso. — Corrigi.

— O Elec chutou... — Pronunciou, e logo pausou sua própria fala, dando continuidade a mais soluços.

— Não, não fala. — Desfiz o abraço para encarar seu rosto e limpar suas lágrimas. — Escuta, eu vou matar esse desgraçado. Te prometo.

— Não quero! Você não vai se colocar em perigo! Ele é louco. — Ela protestou, balançando a cabeça negativamente, ainda com as bochechas molhadas e cenho franzido.

— O que me importa é você. Minha prioridade é você. — Depositei um beijo em sua testa.

— Preciso de um tempo sozinha. — Afirmou, desviando de meus braços e abrindo a porta do carro.

— Você ainda me ama? — Desferi o questionamento com preocupação, esperando pelo pior, enquanto observava sua silhueta.

— Sempre. — Anunciou, me olhando de canto e fornecendo o melhor sorriso que conseguiu no momento, porém, ainda triste.

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