Capítulo 33

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Natasha.

— Isso é impossível... — Murmurei, fixando os olhos no chão do carro, sentindo lágrimas molhando minhas bochechas. Não consegui mais conter.

Nunca conheci minha mãe, segundo meu pai, minha concepção havia sido devido à uma "barriga de aluguel". A mulher contratada para gerar eu e meu irmão com os genes dele assinou um contrato de sigilo, passando toda nossa guarda para ele. Apesar das oscilações que eu tinha em minha memória, esse fato era bem claro para mim.

— Todo mundo sempre quis te proteger, princesa. Eu não sou assim. E como há probabilidade de não sobrevivermos a hoje, farei o favor de te contar toda verdade suja escondida por trás dessa história. — Revelou, e em seguida os direcionou seus olhos novamente para o retrovisor novamente. Thomas era persistente, ainda estava lá e não iria desistir tão fácil.

A estrada em que estávamos em alta velocidade era deserta e com muitas curvas, Elec contornava todas elas com precisão. O frio na minha barriga não havia cessado, algo me dizia que aquilo tudo não iria acabar bem, e após o comentário desse homem, consegui ter a total certeza que tudo não iria acabar bem.

Aproveitando sua distração, puxei o cinto vagarosamente, contornando ele sob o meu corpo. Por um golpe de sorte, meus movimentos foram tão sutis que Elec nem percebeu.

— Pode começar, nada mais me surpreende, eu quero saber de tudo. — Pronunciei com determinação, apesar das lágrimas ainda molharem minhas bochechas.

— Eu sei que você acredita em uma história de barriga de aluguel. — Debochou. — Na verdade, não é bem assim. Seu pai nem sempre foi o homem sério que é hoje em dia Natasha, antigamente ele se envolveu com gente bem errada, e uma dessas pessoas erradas foi Abigail Nicols, sua mãe.

Elec fez uma pausa, pois as pistas se dividiam em duas partes e ele havia de optar por uma. O carro deslizou pelo asfalto, adentrando pela sua direita, fazendo um barulho insuportável devido a derrapagem do pneu na curva em alta velocidade. Prosseguimos por uma região cheia de árvores e eu me perguntava internamente se ainda estávamos em Brighton, mas desconfiava que pelo tanto que já percorremos, já saímos de Brighton faz tempo.

— Sua mãe era a típica oportunista. James sempre foi de uma família rica, e a Abigail viu nele uma oportunidade de ascensão... — Prosseguiu, — Abigail sempre foi uma drogada, e o único atributo que tem é a beleza. James saiu com ela uma vez e pronto! Nasceu você e seu irmão. James fez ela assinar uns papéis assim que vocês nasceram, passando toda guarda para ele, e depois subornou ela para ficar longe de toda família Somerset, e isso ela aceitou fácilmente, claro. Recebeu uma boa quantia em dinheiro para desaparecer do mapa. — Explicou.

— Pelo visto não desapareceu totalmente do mapa já que deu às caras novamente... — Sussurrei. O som das minhas palavras saíram quase que inaudíveis, mas Elec escutou mesmo assim.

— Por um tempo sim, mas a mulher conseguiu gastar tudo em drogas, festas, apostas... Ela voltou atrás de seu pai querendo mais dinheiro, mas invés de fazer os desejos de sua mãe, seu pai ameaçou ela... Falou para Abigail que se ela não desaparecesse, ele iria dar um jeito nela com as próprias mãos. — Riu. — Afinal, seu pai não é muito diferente de mim, né?!

— Não compare meu pai a você! — Gritei em protesto.

Elec me olhou com raiva, pude ver uma de suas suas mãos escorregando para debaixo de seu banco, enquanto a outra se mantinha fixa no volante. Logo pude ver o reflexo de uma faca iluminando o teto e Elec ardilosamente pressionou a mesma em minha cintura.

— Natasha... Acho que você está esquecendo sua posição aqui. — Me observou com um sorriso sádico nos lábios

— Tudo bem, desculpa. — Recuei. Minhas mãos tremiam, e meu corpo inteiro estava desestabilizado por aquela situação. Ele recuou sua mão com a faca, guardando a mesma debaixo de suas pernas.

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