Thomas.
Meu coração estava disparado e minha cabeça confusa demais para falar algo, ao mesmo tempo que queria ficar ao seu lado, dar apoio e estar presente independente de tudo, no fundo, o medo dela descobrir tudo me dominava por completo. Por mais que Natasha seja forte, não sei como ela reagiria ao saber de seu passado obscuro.
— Se quiser, antes de chegarmos na casa de Quianna podemos parar em algum lugar para comer sua superestimada torta de maçã. — Pronunciei, enquanto dirigia, tentando descontrair.
— Não é surperestimada, ela é deliciosa. — Respondeu, revirando os olhos. — E eu estou meia indisposta.
— Você recusando torta de maçã? Está com febre? — Eu soltei um riso baixo, olhando para o seu rosto despreocupado enquanto mantinha as mãos no volante. Natasha conseguia manter a fisionomia descontraída mesmo em momentos quase impossíveis como esse.
Chegando ao apartamento de Quianna, nos deparamos com uma longa escadaria para percorrer, pois os elevadores estavam em manutenção.
— Que droga. Quianna mora no sexto andar. — Bufei, colocando as mão na cintura, encarando a escadaria.
— Você é muito molenga, senhor Carter. Vamos colocar essas coxas grossas para correr. — Natasha respondeu saltitante, se pendurando no primeiro guidão de escada em que avistou.
— Você vai cair. — Alertei, preocupado.
— Até parece que sou mole assim. — Respondeu, pulando do apoio da escada e subindo os primeiros degraus correndo.
Seu entusiasmo em subir aquelas escadas era impressionante, enquanto eu subia normalmente logo atrás dela, Natasha representava como se estivesse em uma maratona, e ainda me falava palavras de incentivos. Eu sei, aquela ruiva tinha um humor cáustico e mordaz sem igual, tudo aquilo era com a finalidade de rir da situação que nos encontrávamos, e isso ela conseguia fazer perfeitamente. Com ela tudo se tornava mais leve.
— Vamos, senhor Carter! — Incentivou. — Você consegue, você é forte!
— O que você está tentando fazer, Natasha? — Perguntei entre risos, me arrastando pelos degraus que faltavam.
— Coach. — Respondeu, jogando os cabelos para trás, fazendo com que eu soltasse uma gargalhada em seguida.
Assim que Natasha acabou de subir a última fileira de escada, parou por um breve momento, colocando as mãos no meio da testa, aturdida. Acelerei os passos e segurei seus ombros por trás, encarando seu rosto com preocupação.
— Tudo bem, meu amor? — Eu questionei, cismativo.
— Claro. Acho que fui muito rápido. — Afirmou apressadamente, se recompondo. — Qual apartamento da Quianna?
— Cinquenta e um. — Afirmei, me direcionando até a porta dando duas batidas, Natasha me acompanhou.
Sem ao menos avisarmos que iriamos comparecer, estávamos lá. O apartamento poderia estar vazio, mas resolvemos correr o risco de não ter ninguém, risco o qual foi anulado após ouvirmos risos e vozes vindo de dentro do apartamente. Havia mais de uma pesssoa lá dentro e aquilo me preocupava, pois Quianna nunca andou com boas companhias, como por exemplo, Brad e Elec.
A porta se abriu devagar, atrás dela estava a última pessoa que esperava encontrar, e com certeza, em uma situação que eu jamais iria esquecer. Joshua, meu cunhado, irmão gêmeo da minha namorada, somente com uma sunga com estampa de onça e cabelos despenteados. Ao invés de se mostrar constrangido com a situação, mostrou comoção, agarrando nós dois ao mesmo tempo em um abraço fraterno.
— Joshua... — Natasha tentava respirar em meio ao abraço apertado. — O que faz aqui?
— Eu e Quianna estamos... nos conhecendo melhor. — Afirmou, desfazendo o abraço. — Entrem, a casa não é minha, mas fiquem a vontade.
Joshua se virou de costas, ao mesmo tempo que avançávamos os passos logo atrás, pude reparar que na parte de trás da sua sunga havia duas patas de onça, uma em cada traseira, e contive riso para que não percebessem, mas claro, Natasha reparou que eu estava rindo.
— Não ria do meu irmão. — Ela cutucou meu braço, me dando uma bronca. Levantei os braços lentamente, como se estivesse pedindo desculpas pelo feito.
Assim que entramos na cozinha, avistamos Quianna com um robe amarelo, tomando um café expresso, sentada na bancada da cozinha. A mulher ao nos ver arregalou os olhos,e quase cuspiu toda bebida que havia colocado em sua boca para fora. Ela ficou paralisada ao rever a garota ao meu lado. Era mais do que compreensível sua reação, já que a última vez que viu a Natasha havia sido em circunstâncias de vida ou morte, há anos atrás.
Encarei o rosto de Natasha, e a mesma estava tímida, sem saber o que fazer ou como reagir, senti sua mão sendo entrelaçada com as minhas, e assim que nossos olhares se cruzaram percebi suas linhas oculares estavam transbordando, querendo a qualquer momento esvair a primeira lágrima. Sem pensar duas vezes, envolvi minhas mãos na sua cintura, e sem me importar ao menos se estávamos sendo observados ou não, despejei um beijo em seus lábios. Um beijo de ternura e cumplicidade, envolvendo seu corpo, e ao mesmo tempo, fornecendo o máximo de segurança possível para que ela passasse por aquele momento. Enquanto seus lábios macios davam espaço para os meus, minha língua adentrava em sua boca, explorando cada parte. Minhas mãos suavemente alisavam seus cabelos, descendo pelas suas costas e contornando até seu quadril. Logo fomos interrompidos por um tosse incessante, e logo percebi que o barulho era Joshua, com um olhar enciumado para nós. Quianna, por sua vez, estava com um sorriso no rosto, contente por finalmente termos tomado uma atitude.
— Escute, Natasha. — Encarei sua face, falando baixo para que só nós dois escutassemos nossa conversa. — Independente do que você escute aqui hoje, seja forte, porque eu preciso de você.
— Eu também preciso de você, Thomas. — Ela sorriu.
— Vou deixar vocês duas sozinhas, acredito que tenham muita coisa para resolver. — Eu disse em voz alta para que todos do cozinha escutassem. — Joshua, pode me acompanhar até outro ambiente da casa?
— Só se você for me dar um beijo desses também? — Ele zombou.
— Você é parecido com a sua irmã, mas não exagera. — Respondi, acompanhando o loiro até a sala.
O esforço que eu estava fazendo para dar esse espaço para Natasha era considerável, queria ficar ao seu lado e protegê-la de tudo o que ela iria ouvir naquele momento. Ela iria saber da violência, dos meus erros e do nosso bebê. Independente de qual fosse sua reação, eu só poderia respeitar.
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HOPE
RomanceHope é uma jovem cujo desconhece sua origem, nome e idade. Não se lembra de nenhum fato referente a sua vida desde que foi encontrada na costa oceânica de Brighton, na Inglaterra, extremamente machucada. Depois de um tempo confinada em um convento...