Capítulo 26

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Natasha.

Subi as escadas aceleradamente, sem ao menos falar com Emma ou Margaret. A caixa que Quianna havia me dado estava em meus braços, e meu coração doía como nunca havia antes. Nunca me senti tão desolada, nem mesmo quando eu não tinha lar, ou quando não conhecia minha família. Não sei se um dia essa dor iria seria capaz de cessar.

Chegando ao meu quarto, joguei meu corpo na cama, e deixei finalmente que todo aquele choro que estava acumulado no fundo da minha garganta e preso no fundo dos meus olhos desabassem. Pela primeira vez na vida, senti medo. Deslizando as mãos pelo meu abdomen, sabendo o que eu havia perdido e que jamais recuperaria.

Fechei os olhos e balancei a cabeça negativamente, dispensando pensamentos sobre isso. Eu sabia que diante daquilo, a minha única opção era ser forte.

Abri a caixa que Quianna havia me fornecido, fora aqueles itens, ela também havia me dado, separadamente, um diário. Quianna disse que era meu diário particular, e que estava em sua posse pelo simples motivo que Elec andava mexendo nas minhas coisas, então, como era um item comprometedor e pessoal eu dei para que escondesse.

Era inegável a confiança que eu tinha em Quianna antigamente, afinal, ninguém confia um diário nas mãos de uma pessoa que possa te prejudicar, ou até mesmo que possa ler sem o seu consentimento. De duas alternativas, uma; eu estava confiando errado, ou ela realmente era honesta.

Meu diário era na cor rosa, com algumas plumas, e literalmente, muitas páginas. Todas escritas. Seria interessante saber meus pensamentos e alguns acontecimentos que meu retorno de consciência não me trouxe.

A primeira página do meu diário era de quase oito anos atrás, na época eu deveria ter somente treze anos. Minhas letras eram infantis e garranchudas, ocupavam mais ou menos duas linhas pela dimensão.

"Página 01,

Querido diário, hoje eu beijei pela primeira vez, foi um menino chamado Brad, mas ele beijava mal demais! Não quero nunca mais beijar alguém na minha vida."

Não contive o sorriso ao ler o que eu havia escrito, meus olhos já haviam findado o choro, e agora eu lia tudo com empolgação.

"Página 02,

Um menino me pediu em namoro, amigo de Brad. Ele é muuuuuuuuuuuuuito chato, mas é muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito bonito também! Perceberam que o "u" do bonito foi mais longo do que o "u" do chato?
Então, acho que já sabem, a resposta foi sim.
O único problema que estou tendo é com o nome dele, às vezes chamo de Alec, Alex, Elec. Não sei, tanto faz."

O meu sorriso que antes estava em meu rosto havia desaparecido. Elec. Então foi assim que toda tortura começou.

"Página 03,

Descobri que o pai do meu namorado e meu pai são amigos, pode até parecer bom, mas eu odiei. Eles amaram a ideia da gente namorar, fala sério... Estão planejando até o casamento!
Eu me enganei com Elec! Lembra que eu disse que era chato? Estava enganada! É insuportável! Virou amigo do meu irmão e não sai da minha casa.
Odeio viver em uma casa cheia de homens.
Sinto falta de uma mãe."

"Página 04,

Quianna e Brad começaram a namorar,
eu não falei para ela que ele beija mal, seria uma péssima amiga se não contasse? O Elec beija muito melhor, mas eu beijei ele uma ou duas vezes, porque a maioria do tempo ele fica com Joshua jogando video game. Namorar é uma droga, e ter irmão também é uma droga."

Suspirei com o nome de Elec aparecendo frequentemente em meu diário. Desde cedo estava sob a influência dele, e consequentemente, da minha família, que naquela época fazia questão que eu ficasse com ele.

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