Natasha.
De alguma forma, eu sabia que minha aparência não era uma das melhores. Pedi licença a todos da mesa e fui para o banheiro, reparando nos olhares compadecidos que recebi ao perceberem como eu estava diante daquilo.
Caminhei pelas mesas, jogando meus longos cabelos para trás, afastando os fios que estavam caídos sob meus olhos. Minha vontade de pular em cima de Thomas e descontar nele toda minha fúria. Nunca uma pessoa havia me despertado tantos sentimentos como ele, e eu me repreendia por permitir que aquele homem fosse capaz de me fazer sentir uma idiota completa.
Entrei no banheiro rápidamente e fui direto para a região das torneiras, enxaguando meu rosto para ver se conseguia mandar o estresse daquele momento embora com a água corrente, mas a tentiva foi totalmente falha, e a única coisa que consegui foi tirar a pouca maquiagem que havia feito com tanto cuidado, fazendo com que as sardas do meu rosto ficassem visíveis.
Respirei fundo, encarando a minha imagem no espelho, recordando que há uns meses atrás quando me olhava pelo espelho do convento e não me reconhecia. Eu ficava horas refletindo na sob meus traços e feições, tentando relembrar quem eu era, de onde eu vinha e qual era minha história. Hoje em dia, por algum motivo, mesmo sabendo de grande parte do que houve, não me sentia completa, e aquela sensação de antes, aquela agonia incessante, continuava a mesma hoje em dia, só que com uma intensidade ainda maior.
Ao sair do banheiro, ainda estava cabisbaixa, com os músculos ainda tensiosados, mas a angustia se tornou surpresa quando senti um braço forte me puxando ferozmente para trás, ocasionando assim, um atrito entre corpos. Ao encarar o rosto da pessoa que estava encubindo tal ato, confirmei minha teoria que elegância e beleza nem sempre vem acompanhada de bom senso.
— Josh? — Eu questionei, surpresa.
— Meu nome fica mais gostoso ainda na sua boca. — Ele respondeu, olhando para os meus lábios com uma expressão sacana.
— Me solta. — Protestei, sentindo que Josh ainda segurava seu corpo próximo ao meu, mas ouvindo meu protesto, logo o homem intrometido tomou distância.
— Quer ir para área privada? — Levantou uma sobrancelha, me olhando com malícia. — Vamos bater um papo.
Olhei brevemente para Josh, isso não estaria em consideração se não houvesse acontecido tudo o que aconteceu. Antes, eu não entraria em uma área privada com ninguém a não ser com Thomas, mas eu estava tão farta de ficar sentada naquela mesa sorrindo para todo mundo, e tão cansada de Thomas sempre fazer o que quisesse com a mulher que quisesse, que pela primeira vez na vida, tomei uma decisão precipitada.
— Só bater um papo. — Afirmei, refutando sua ideia. Ele concordou.
Assim, Josh apoiou as mãos em minhas costas e logo seguimos para o aqueles sofás escuros que ficavam em um canto escondido do estabelecimento. Pude ver que o irmão de Thomas, Dylan, havia nos visto ir para aquele local e olhou a situação com uma expressão desaprovativa, só não entendi se havia sido para Josh ou para mim.
Não encontrei Thomas em nenhum lugar com aquela mulher, então desisti de procurá-lo e logo me aconcheguei em um sofá, sentindo Josh se aconchegando ao meu lado, tão perto que me fez sentir seu cheiro de hortelã misturado com vinho.
— Você cheira vinho. — Afirmei despretensiosamente.
— É? — Ele riu. — Você gosta de vinho?
— Eu tomava com hóstia no convento. É bom. — Pronunciei, e logo pude ouvir uma gargalhada de Josh.
— Seu senso de humor é ótimo.? — Ele levantou a mão, fazendo com que um garçom caminhando até nós. — Por favor, traga uma taça de vinho para essa moça.
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HOPE
RomanceHope é uma jovem cujo desconhece sua origem, nome e idade. Não se lembra de nenhum fato referente a sua vida desde que foi encontrada na costa oceânica de Brighton, na Inglaterra, extremamente machucada. Depois de um tempo confinada em um convento...