Capítulo 6

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Thomas.

Não era para ela ter escutado o que eu estava fazendo com Tereza. Novamente, eu errei. No final, continuo sendo o mesmo estúpido de sempre. Uma pessoa sem solução. Não importa quantos recomeços eu tenha, um tolo sempre será um tolo. Por mais que Tereza tenha insistido em me acompanhar até a minha residência, eu deveria ter impedido. Inclusive, deveria ter recusado todas as suas investidas. Não poderia ter feito isso debaixo do mesmo teto em que Hope estava, mas mal sabe ela, que em cada fração de segundo daquele momento com Tereza, eu pensava nela.

Sabia que estava fazendo errado em deixá-la sair, afinal, sua vida corre perigo. As pessoas que sequestraram Hope antes não poderiam saber de jeito nenhum que ela estava viva, mas como iria mantê-la trancada aqui? Coloquei um homem de minha confiança para protegê-la enquanto eu não pudesse estar por perto, e me manter informado de todas suas atividades.

Meus pensamento foram interrompidos pelo toque de um celular. Naquele momento, eu que não sou de rezar, rezei para não ser Tereza. Mas não, não era Tereza, era alguém pior; Joshua.

— Oi, Joshua. — Pronunciei, sem ânimo. — O que foi?

— Cara... — Ele estava embriagado, e isso não era nenhuma surpresa. Desde a suposta morte de Natasha, Joshua dificilmente ficava sóbrio.

— Eu encontrei o noivo da minha irmã aqui no Club North Laines.

— Quem? — Gritei, desacreditado.

— Elec, ex-noivo da Natasha.

No mesmo momento uma tensão apoderou-se do meu corpo inteiro. Eu odiava Elec. Na verdade, não tinha nenhum motivo para gostar dele. Um rapaz de vinte e cinco anos, egocêntrico, oportunista, e com uma família perigosa. Descobri isso depois que, junto com o pai da Natasha, após o seu desaparecimento, começamos a pesquisar sobre o esquema de corrupção que Elec Breyne e sua família estavam envolvidos. Mas era tarde demais para fazer algo. Estávamos agindo na surdina para obter mais informações e descobrir se eles tinham alguma relação com o rapto.

Mas claro, Joshua não saberia disso. Manter ele longe desses fatos era a maneira que encontramos de garantir a discrição, já que discrição não era uma coisa que Joshua provia.

— O que você fez com Elec? — Eu questionei, já esperando uma resposta impulsiva.

— O que você acha? — Emitiu uma risada mole por conta do álcool. — Bati nesse desgraçado. Ah Thomas, eu tenho certeza que ele foi o responsável pelo desaparecimento da minha irmã...

— Droga! — Murmurei. — Aonde você está agora, Joshua?"

— Estou no club. Ele está me procurando. Quando encontrá-lo, vou matá-lo...— Vociferou, ainda com a voz mole.

— Porra, Joshua! Não faça nada. Estou indo para aí. — Pronunciei rapidamente, desligando o telefone em seguida.

Caminhei em direção à garagem que ficava no subsolo, peguei o primeiro carro que eu vi aonde haviam dezenas. Tratava-se de uma BMW I8, e sem que ao menos tivesse tempo de colocar o cinto, fui em direção ao Club Noth Laines. Por sorte, Joshua não foi para muito longe. Eram mais ou menos 2,48km de distância, já que eu morava em Hove, e o clube concentravá-se nas proximidades. Seguindo a Western Road conseguiria concluir o destino com agilidade.

Chegando ao local, os seguranças logo me reconheceram, e consecutivamente me deram passagem. Não demorou muito para que eu avistasse Elec e Joshua, um de frente para o outro, discutindo.

— Não fiz nada com a putinha da sua irmã, mas deveria ter feito. Natasha não valia nada, e só você não enxergava isso. — Elec disse, apontando o dedo para Joshua. Somente de escutá-lo dizer aquilo minha vontade era de socá-lo até que ele ficasse sem nenhum dente na boca. Já fiz isso uma vez, em outras circunstâncias, e posso afirmar que era muito satisfatório.

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