Natasha.
James Somerset, cabelos arrepiados em uma mistura de fios brancos com fios mais escuros, rosto redondo com uma barba bem contornada na mesma tonalidade de seu cabelo. Igual como eu me lembrava.
Sua presença me impactava, e logo uma vontade de chorar me invadiu. Uma mistura de saudades com tristeza, pois no fundo, eu estava triste com ele.
— Minha filha... — Ele caminhou em minha direção, me dando um abraço apertado. — Tudo bem?
— Tudo. — Pronunciei, retibuindo seu abraço por educação.
James, percebendo minha indiferença, me soltou e se virou para Joshua.
— Joshua, já está de saída? — Levantou uma única sobrancelha.
— Na verdade, não. — Respondeu, se acomodando em um sofá que havia próximo, pegando o controle da TV e sintonizando a mesma em um canal de desenhos. Era nítido que a relação deles não eram uma das melhores.
— Vou ter uma conversa com Natasha e Thomas no escritório, nos dê licença. — Alertou, e em seguida, junto ao Thomas, caminharam ao escritório. Olhei para o rosto de Joshua e pude ver sua mágoa, mas ele era orgulhoso demais para assumir que aquilo havia afetado seus sentimentos.
Ao entrar no escritório com aqueles dois homens que exalavam poder, sendo que um era meu namorado e o outro era meu pai, pude ver na expressão facial de ambos que o assunto não era um dos mais fáceis a ser tratado.
Nós três nos acomodamos nas cadeiras confortáveis que haviam no recinto, e logo começamos o temido assunto.
— Sem rodeios... — Thomas pronunciou, encarando meu pai.
— O pai do seu... — James olhou fixamente em meus olhos e corrigiu sua fala. — O senhor Gary Brayne, pai do Elec, veio me relatar que desde o dia do casamento o Elec está muito mal, igual Joshua... enterrado em drogas e bebidas.
— Não compare Joshua com Elec. — Protestei.
— Tudo bem, filha. — Concordou positivamente com a cabeça. — O que quero dizer é que desde o dia do casamento Gary nunca mais havia me procurado para dizer nada, até achei que a família Brayne inteira estava por trás do seu desaparecimento. Depois de tudo, ele só me enviou um papel cancelando todo tipo de acordo que tínhamos, já que todo aquele matrimônio era com o intuito de unir nossos negócios e famílias. Porém, recentemente ele me procurou temeroso, porque além desse desvio que Elec teve depois que você o abandonou no altar, agora ele está desaparecido. Segundo Gary, ele não faz a mínima ideia de onde o filho está, mas teme que possa ser perigoso.
— Ele não pode ser perigoso, ele é perigoso. Ele é um doente dos infernos. — Vociferei e Thomas segurou as minhas mãos na intenção de me acalmar.
— Eu não sabia que ele era assim, Natasha. Achei que ele poderia te fazer feliz. — James justificou.
— Por que você não veio me ver esse tempo todo?— Indaguei, sentindo meus olhos ficando úmidos e um nó na minha garganta se formando ao desferir esse questionamento.
— Eu não estava na Inglaterra, e acima de tudo, tinha que manter o máximo de sigilo da sua sobrevivência. Foi tudo por sua segurança, minha filha. — Alegou convictamente, andando até aonde eu estava e me acolhendo em um abraço. Dessa vez eu não recusei, e o abracei na mesma intensidade. Thomas observava com um sorriso no rosto.
— Eu achei que nunca mais iria te ver, pai. — Pronunciei em um sussurro, apertando mais ainda suas costas para o abraço.
— Eu também achei, minha filha. — A sua voz era de choro. Acredito que para um homem sério como ele deveria ser díficil chorar. — Promete que vai se cuidar?
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HOPE
RomanceHope é uma jovem cujo desconhece sua origem, nome e idade. Não se lembra de nenhum fato referente a sua vida desde que foi encontrada na costa oceânica de Brighton, na Inglaterra, extremamente machucada. Depois de um tempo confinada em um convento...