Thomas.
Era uma tarde qualquer, não daquelas tardes iluminadas, mas sim daquelas tardes sombrias, acalentadas pelo frio. Os meus pés afundavam na areia fria esbranquiçada, e o som de fundo era preenchido pelo mar violento. Eu estava tremendo, uma sensação estranha embrulhava meu estômago. A solidão me dominava naquele momento, e novamente senti aquela sensação de vazio.
Comecei a correr para tentar achar algum sinal de vida naquele lugar deserto, mas não conseguia encontrar. Minha respiração estava ofegante e meu desespero crescia. Não fazia a mínima ideia aonde eu estava e como fui parar naquele lugar.
Assustado, dei três passos para trás, tentando observar o cenário aonde em que me encontrava, pois precisava reconhecer minha localização, mas logo senti meus pés tocarem algo macio e gelado, virei bruscamente para ver do que se tratava, e para meu choque, encontrei Natasha coberta por areia molhada e sangue seco. Seus olhos estavam abertos, seus cabelos umidos, seu corpo sem vida e gelado.
A sensação que eu tinha era de sufocamento, como se a dor e o pânico fossem capazes de me engolir. Agarrei seu pequeno corpo em meus braços na esperança dela se aquecer e voltar a vida... Voltar para mim. Meu choro, à essa altura, já era alto. Os soluços saiam desenfreados da minha boca.
— Ela merece descanso depois de tanto sofrimento. — Um sussurro arrepiante atrás do meu corpo tomou posse dos meus ouvidos, mas quando me virei não vi nada.
— Quem está aí? — Meu grito era ensurdecedor e minha voz amargurada. Em resposta à minha dor, o céu começou a ficar escuro e barulhos de trovões já podiam ser ouvidos.
— Ela nunca será sua, Thomas. — Pestanejou uma outra voz, mas dessa vez, eu reconhecia muito bem quem era; Elec. Sua imagem estava nítida, bem à minha frente, e sua aparência estava sombria, mais do que eu já havia visto muitas vezes. — Ela é minha. Além da vida.
Retirou uma faca de seu bolso esquerdo e lentamente direcionou ela para o próprio pescoço, passando lentamente por sua pele branca, mantendo um sorriso sádico enquanto fazia isso. Logo, seu sangue começou a escorrer pela roupa clara que usava, e ao ver aquilo, senti meu corpo contrair em espasmos.
Minha vista ficou inteiramente iluminada por uma claridade que surgiu de repente, e percebo que esse tempo todo não havia saído da minha cama. Meu corpo estava suado, e eu podia sentir sentir os calafrios que ainda percorriam por mim. Foi o sonho mais real que já tive em toda a minha vida.
As luzes do sol já estreitavam meu quarto e ao meu lado pude sentir um corpo quente adormecido. Natasha nem havia tirado o robe para dormir, e seus cabelos na cor cobre entravam em uma sintonia perfeita com o lençol branco. Seu rosto pacífico e pintado por várias sardas me traziam a plena certeza; ao meu lado descansava um anjo. E era muito bom ver um anjo após ter saído do inferno que havia sido aquele pesadelo.
Suas pernas descobertas me faziam ansiar pela sua nudez. Minha mão agiu por contra própria, deslizando pelas suas coxas macias. Depois da noite de ontem, eu precisava disso, precisava tê-la e consolá-la daquela forma, com o meu amor. Precisava estar dentro dela e toda a parte do meu corpo reagia positivamente já.
Antes que pudesse acordá-la minuciosamente, ouvi um ruído no canto superior esquerdo do quarto, e ao estreitar os olhos para ver quem era, respirei fundo; era Joshua!
— Não sabe bater na porta? — Eu questionei, exaltado.
— Não, adoro deixar as pessoas constrangidas. — Ele sorriu, orgulhoso. — Vim até aqui ver como a minha irmã está, ontem ela não estava muito bem.
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HOPE
RomanceHope é uma jovem cujo desconhece sua origem, nome e idade. Não se lembra de nenhum fato referente a sua vida desde que foi encontrada na costa oceânica de Brighton, na Inglaterra, extremamente machucada. Depois de um tempo confinada em um convento...