Capítulo 19

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Natasha.

Percebendo que eu estava trêmula, e que meu corpo estava inevitavelmente desestabilizado diante daquela piscina, Thomas tirou a jaqueta de couro que usava e colocou sob meus ombros.

— Aconteceu algo? — Ele sussurrou em meu ouvido.

— Água em excesso acaba me desestabilizando. — Respondi, e ele ficou em silêncio, voltando sua atenção para Dylan e seu pai que estavam ao lado.

Me arrependi pela frase pronunciada, pois abriam alas para inúmeras interpretações, e uma delas seria: "Essa garota não deve tomar banho"

— Papai, hoje você vai nos levar no parque de diversão, né? — Oliver choramingou, olhando para Dylan com os olhos brilhando.

— Não, filho. Seu vovô que vai. — Dylan olhou em súplica para Victor.

— Na verdade, vovô está dodói. — Victor alegou. — Thomas e a namorada que vão levá-los até lá.

Meu sorriso foi automático ao ouvir o apelido que Victor havia me colocado. Ele era um senhor desbocado, sem-vergonha, mas até que às vezes era gentil.

— Não sabia dessa. — Thomas balançou a cabeça negativamente.

— Faz uma para Deus ver, irmão. — Dylan incitou.

Sinceramente, a ideia de ir com as crianças no parque de diversões me alegrava. Não era apenas pelo fato de estar com elas, mas também porque eu nunca havia ido até um parque de diversões.

[...]

Quando escureceu, mesmo com todo cansaço pós viagem, chegamos ao parque e as crianças saíram correndo para observar os diversos brinquedos que haviam no local. Oliver e Olivia, apesar de brigarem, eram muito grudados um no outro, e nesse tempo todo andavam de mãos dadas.

— A gente não pode deixar eles irem para muito longe. — Alertei, preocupada. — Quando vejo crianças sozinhas em parques, logo me vem uma imagem de alguém levando eles, e geralmente é um palhaço. Odeio palhaços.

— Como surgiu esse medo? Crianças tem medo de palhaços. Você deveria enfrentar seus medos. Todos os medos. — Thomas sorriu. Ele estava com as mãos no bolso e os cabelos impecavelmente arrepiados.

— Está se referindo à piscina, né? — Eu questionei, curiosa.

— Sim. Às vezes temos que encarar nossos medos, por mais difíceis que sejam, ou eles podem se transformar em algo pior. — Abaixou a cabeça. — Experiência própria.

— Quais eram seus medos e o que eles se tornaram?

— Eu tinha medo de sentimentos, e eles se transformaram em perda.

Antes que eu pudesse fazer mais algum tipo de questionamento, uma mão pequena puxou a barra do meu vestido. Era Olivia.

— Vocês são namorados? — Ela questionou, nos olhando com curiosidade.

— Não. Só amigos. — Thomas respondeu.

— Já pensaram em ser namorados? — Dessa vez, Oliver quem questionava. Ele estava do outro lado, segurando a calça de Thomas.

— Não. — O homem ao meu lado respondia tudo complacente, mas mal sabia ele que suas respostas estavam me afetando.

— Mas vocês se gostam como namorados? — A garotinha tornou a questionar. Por um breve momento houve um silêncio, mas Thomas logo quebrou.

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