Capítulo 35

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Natasha.

Meu corpo inteiro doía, pequenos cacos de vidro estilhaçavam pela minha pele, eu estava presa ao cinto de segurança e o airbag havia me protegido. Passei uma mão levemente pela minha barriga enquanto abria meus olhos com dificuldade. O clarão logo me provocou fortes dores de cabeça, mas ignorei totalmente aquilo, precisava saber aonde Thomas estava.

A cena, ao abrir meus olhos, era catastrófica. O carro em que eu estava aos pedaços, os vidros totalmente quebrados, e a porta completamente amassada.

Olhei para o lado lentamente, com medo de encontrar Elec. Vivo ou morto, eu não queria vê-lo, e não vi. Elec não estava ali. Não sei bem dizer se isso me causava alívio ou desespero, mas creio que os dois ao mesmo tempo.

Tirei o cinto de segurança da minha cintura e abri a porta do carro. A fumaça atingiu meu nariz, me provocando uma tosse involuntária e fazendo que meus olhos lacrimejassem.

Droga!

Pude avistar um corpo jogado a pista e um calafrio percorreu pelo meu corpo. Ao me aproximar, em passos lentos, pude ver que era Elec, morto. Por incrível que pareça, ele morreu sorrindo, com aquele sorriso demoníaco que só ele conseguia ter. Havia uma perfuração no meio da sua barriga, e seu rosto foi bem danificado por conta dos cacos de vidros. Não consegui encará-lo por muito tempo, então simplesmente sai correndo em direção ao carro de Thomas, que também estava destroçado na estrada, um pouco mais afrente do carro em que eu estava, já que capotamos para trás.

Lágrimas caiam em meu rosto, meu coração acelerava a cada passo em que eu dava, até que cheguei perto de seu carro. O vidro não estava totalmente quebrado igual ao do carro de Elec, mas estava rachado, e como o vidro continha filme de controle solar, não consegui visualizar Thomas. Tentei abrir a porta do carro, mas estava trancado. Um desespero percorreu cada canto de meu corpo, em uma carga de adrenalina, e com a mão direita cerrei meu punho, dando um soco no vidro que estava rachado, quebrando ele todo, quase que totalmente, e também, machucando minha mão. Enfim, consegui visualizar Thomas, ele estava com os olhos fechados, até parecia estar em um sono profundo.

Deslizei minhas mãos pela parte de dentro do carro, utilizando a janela que eu havia quebrado, e destravei a porta por dentro, conseguindo assim, abri-la por fora. Quando consegui ter contato com Thomas, pude observar os mesmos cortes que haviam em meu rosto, no seu rosto. O teto de seu carro havia sido totalmente esmagado, junto com o vidro da frente, provavelmente no momento em que o carro do Elec capotou em cima do seu carro. Thomas deve ter sofrido um impacto forte com isso, e por mais que sua respiração estivesse lenta, era um milagre ele estar vivo.

Acariciei seu rosto lentamente, com lágrimas molhando minhas bochechas, provocando ardência dos machucados recém ocasionados em minha pele.

Até onde você veio por mim, Thomas? — Murmurei.

— Natasha... — Thomas pronunciou, com voz de choro. Achei que ele estivesse falando comigo, mas pude ver que ele prosseguia desacordado. Uma lágrima desceu de seus olhos, e eu a limpei com meus dedos. — Não...

— Meu amor, eu estou com você. — Eu sussurrei, enquanto um soluço saia de meus lábios.

Ele emitiu alguns gemidos, e em seguida, ficou totalmente mudo. Encostei nossos lábios, enquanto entrelaçava minhas mãos em seus cabelos e deixava o choro me levar.

O meu coração estava apertado e por um momento me faltou ar. O pânico, a aflição e o medo não me deixavam sair de perto dele, mas eu precisava lutar contra meus sentimentos internos. Eu precisava lutar pela vida de Thomas.

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