Capítulo 5

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Hope.

De todas opções, resolvi me torturar. Fiquei no meu quarto escutando tudo o que ele fazia com aquela mulher. Escutei todas às vezes que ela pedia mais, e todas às vezes que ele consentia aos seus pedidos. As palavras de Thomas dizendo que eu não fazia o tipo de mulher que ele passava a noite ressoavam em meus ouvidos, e ele me apresentando como funcionária conseguia abrir um buraco ainda mais profundo em meu coração. Os motivos para equele sentimento eu não conseguia entender. Eu não deveria me importar por alguém que não conheço direito. Lamentar não iria me ajudar.

Levantei da cama e tomei um longo banho com água aquecida. Ignorei os gemidos do quarto ao lado. Ignorei a vontade de ser aquela mulher. Não, eu não quero ser ela. Ou melhor, ninguém precisava saber que eu gostaria de ser ela. Dessa vez, eu não me sentia mal por conta da religião e dos princípios que me passaram, e sim por conta de um nó apertado que se formava em minha garganta.

Balancei a cabeça negativamente, dispensando meus pensamentos. Entrei no imenso closet que ainda conseguia me deixar impressionada com a quantidade roupas, optei pela mais confortável, um vestido rodado e florido, e prendi meu cabelo em um laço. Era incrível ter uma gama de roupas para usar. No convento minhas vestimentas eram bem restritas e limitadas.

Ao descer as escadas encontrei Emma tirando o pó de alguns móveis, e quando me viu, logo me encarou com uma expressão preocupada.

— Como a senhorita está? — Ela questionou, preocupada.

— Bem. Obrigada por perguntar. — Respondi brevemente.

— Nunca perguntamos por educação, mas o que há entre você e o senhor Thomas — Me olhou confusa.

— Ódio. — Pronunciei com um sorriso irônico, o que provocou um riso em Emma. De fato, não sabia responder à aquela pegunta. Eu não sei o que somos, mas se fosse para definir em uma palavra o que sou para ele, diria; prisioneira.

Logo escutei saltos finos descendo ascadas, e constatei que era a última pessoa do mundo que eu desejaria ver. Tereza estava com os cabelos bagunçados, roupas desalinhadas, e dessa vez, sem nenhum tipo de maquiagem. Tentei esconder meus sentimentos, e o ciúmes aflorado que nascia em meu coração. Não sabia nem o motivo daquele sentimento estar ali dentro, não pretendia demonstrá-lo. Me sentia tola somente por ficar daquela forma, então expressar o quanto havia ficado abalada não estava em cogitação.

Na esperança de controlar os sentimentos de tristeza e ciúmes, despertei o espírito vingativo que havia dentro de mim. Uma ideia perspicaz havia aflorado em minha mente, e não havia como ignorá-la. Observei a pomada que Margaret estava usando para a queimadura que fez em sua mão enquanto preparava meu bolo favorito. Ela estava em cima da mesa de centro da sala de estar. Era um sinal divino, e no convento eu aprendi que sinais divinos não podem ser ignorados. Com a pomada em mãos, prossegui:

— Tereza, querida. Viu Thomas por aí? Preciso falar com ele. Urgente! — Pronunciei em voz alta, me direcionando à Tereza, que ficou indignada com a minha informalidade.

— Ele está se arrumando. Do que de trata? — Olhou para a pomada com curiosidade.

— Ah, não sei se poderia dizer. É tão íntimo... — Abaixei a cabeça, despertando ainda mais a curiosidade de Tereza.

— Querida, eu tenho mais intimidade com Thomas do que você. Pode dizer. — Pronunciou, soberba.

— Nosso querido Thomas contraiu uma DST, mas não é nada grave, acho que no mínimo três anos de tratamento. Fico feliz de ter tido relações sexuais com ele, o coitado está com a auto-estima tão baixa por conta disso.— Abaixei a cabeça, tentando demonstrar tristeza, e agradecendo mentalmente às freiras do convento que me diziam que DST era uma forma de castigo para quem mantinha relação sexual antes do matrimônio. Madre Cecil sempre às repreendia quando escutava que estavam tagarelando sobre esse tipo de assunto, e me explicava que aquilo não era um castigo.

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