Capítulo 27

2.7K 247 134
                                    


Natasha.

Já eram dez horas da noite, minha mente ainda estava na mensagem que havia recebido há horas atrás, algo em minha mente me dizia que não era engano, mesmo querendo que fosse. De qualquer forma, eu não pretendia falar para ninguém, e sim, descobrir sozinha. Há um tempo atrás eu achava que todas as pessoas ao meu redor eram uma incógnita, e que a única pessoa que eu poderia confiar era eu mesma. Hoje em dia eu confio em Thomas e em Joshua, mas ainda acho que é algo que eu tenha que fazer sozinha. Eles já se preocuparam demais comigo.

Por algum motivo, tinha conhecimento que a única pessoa que poderia ter passado meu número para alguém era Joshua, Thomas era muito cuidadoso para isso, e meu irmão... Não segurava a língua dentro da boca. Claro, ele nunca fazia nada por mal, mas sempre fazia algo pequeno que gerava uma situação catastrófica.

Duas batidas na porta me despertaram do meu pensamento.

— Pode entrar. — Respondi, sem hesitar.

Atrás da porta estava Thomas, com algumas olheiras nos olhos indicando o sono, ou a falta dele. Ele estava com um shorts e camisa na cor preta. Seus cabelos estavam despenteados e sua feição aparentava preocupação.

Claro que ele estava preocupado, eu havia me trancado todo esse tempo no quarto sem dar satisfação.

— Eu assumo a responsabilidade. — Ele especulou, com uma voz falha.

— Do que? — Eu questionei, curiosa.

— De tudo o que aconteceu, com você... Com nosso filho...

— Por Deus, Thomas! Você também é uma vítima aqui. — Interrompi sua fala, incrédula. Fiz um sinal para que ele sentasse ao meu lado na cama e assim ele o fez.

— Nunca vou me perdoar, era para eu estar com você. — Abaixou a cabeça, cerrando os punhos.

— Era. Mas não é culpa sua, nunca foi. — Deslizei minha mão pelo seu rosto e guiei sua cabeça até o meu ombro, igual ele havia feito comigo mais cedo. Ouvi soluços baixos saindo de sua boca, e senti meu coração se apertando. Ao fechar os olhos senti lágrimas molhando minhas bochechas.

Ficamos em silêncio algum tempo contemplando a presença um do outro, e buscando consolo um no outro. Até a quietude dele me fazia bem. Só de ficar ali, sentindo seu corpo quente, seu cheiro marcante, sua respiração lenta e coração disparado, me trazia calmaria.

— Thomas, consegue trazer Joshua para cá agora? — Eu questionei, curiosa.

— Aconteceu algo? — Me olhou confuso.

— Não... Só queria conversar com ele. — Afirmei.

— Vou ligar para ele. — Afirmou, depositando um beijo demorado na minha testa, e logo em seguida, saindo do quarto.

[...]

Não demorou muito para Joshua abrir a porta do quarto, e cambaleando, se aproximou de mim. Sua camisa social aberta até a metade, uma bermuda até o joelho combinando com mocassins, e para finalizar, a cereja do bolo; óculos de sol. Não conseguia encontrar motivos para ele usar óculos de sol às onze da noite.

Eu estava sentada em minha cama, encarando sua fisionomia, perplexa. Mas, ele nada abalado, me concedeu um abraço apertado, tansparescendo seu seu cheiro de perfume exagerado, acompanhado por um leve âroma de álcool.

— Você bebeu? — Eu questionei, tampando o nariz.

— Pouquinho. — Alegou. — É sexta à noite, maninha. Até Deus perdoa.

HOPEOnde histórias criam vida. Descubra agora