Capítulo Vinte e Um

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Ethan junta-se à mulher e aos filhos na sala de espera. Passou o dia na fábrica, na Marinha Grande, e veio para Lisboa assim que a Inês lhe ligou a contar do acidente.

O gestor da Grey House, empresa de fabrico de vidro, suspira se alívio ao ver a família sã e salva.

"Mas porquê é que a minha mulher está vestida se Fada-madrinha?", ocorre-lhe brevemente.

Teria tempo para lhe perguntar, agora o que era importante é que todos estavam bem.

- Alguma novidade? - pergunta ele, enquanto os abraça.

Nenhuma. Mia, Maria, Alice e Simão estavam ali há horas, desde que saíram do local do acidente, à espera de notícias da moça da moto. A heroína do dia.

- Boa noite, Salvador. - diz Mia, com um tom de censura na voz.

Salvador, que tinha vindo com o pai, está estranhamente silencioso. É notório o seu arrependimento pela proeza dessa tarde.

Afinal, Mia tinha-o incumbido de votar de táxi com os irmãos mais novos, no final dos treinos, e ele preferiu sair do Colégio com uma moça das aulas de dança, que lhe pferefdu boleia.

- Desculpe mãe. Nunca me passou pela cabeça que os manos fossem a pé. Eu não ia chegar tarde. - justifica-se.

- Depois falamos sobre o que cada um podia ter feito melhor. - diz Mia, que não queria que os filhos se sentissem ainda mais culpados, num momento delicado como aquele.

No fundo, ela sabe que o acidente foi uma conjugação de irresponsabilidade, acaso é sorte. Salvador foi o primeiro a desencadear a sucessão de eventos, ao ignorar o pedido da mãe. Mas ele também não podia prever o desfecho da escolha que fez.

Até porque foi Alice quem decidiu voltar a pé, para evitar o monóxido de carbono que o táxi lançaria para a atmosfera. E foi Simão o primeiro a precipitar-se para apanhar o celular, no meio da estrada, porque não queria parar de jogar.

Mas fora Mia quem decidira que, naquele dia, a empregada Rosa fazia mais falta a ajudar com os preparativos da festa do que ir buscar os meninos aos treinos.

Quem tinha culpa, ao certo, pelo que acontecera? Todos e ninguém. Como em quase tudo na vida.

O melhor era esquecerem as culpas e olharem para a frente.

Uma médica aproxima-se. Por coincidência é amiga de Mia e ela aproveita para obter informações privilegiadas.

- Então, como é que ela está? - pergunta Mia, impaciente.

Várias escoriações, uma fratura no braço e um traumatismo craniano era, para já, o diagnóstico.

Para , porque Ana permanecia em observação, ainda inconsciente. Mia detinha todas as informações que a amiga lhe dava com especial atenção.

Ana, era o nome do anjo da guarda que tinha salvo os meus filhos.

- Quantos anos tem? - pergunta, curiosa.

- Vinte e um. - diz-lhe a médica, espreitando a ficha de Ana.

- Podia ser minha filha. - constata Mia. - E ela está sozinha ou ja tem algum familiar com ela?

- Ainda não conseguimos localizar ninguém da família. A morada que encontramos pertence a uma senhora idosa, com quem ela vive, mas não é familiar. Já lhe ligamos, deve vir a caminho...

First Love (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora