Capítulo Cento e Trinta e Nove

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No dia da tão aguardada ida à floresta, Juju parece uma verdadeira astronauta, no seu fato especial, completamente fechado da cabeça aos pés.

Mas está tristonha com a necessidade de toda aquela logística para uma simples saída de casa.

- Preparada para a grande viagem? - pergunta Jack, tentando a animar.

- Vai ser uma viagem fantástica. - promete Ana.

De mãos dadas, com a princesa astronauta, Anastásia e Jack trocam um olhar silencioso. Estão os dois nervosos, pois nada lhes garante que aquela surpresa vá ter o efeito que eles pretendem. Juju está num estado emocional tão complicado, que a reação dele, essa, sim, será a verdadeira surpresa daquela viagem.

Assim que Júlia sai do carro e percebe que está em plena floresta, a sua expressão altera-se. A curiosidade e o encantamento fazem com que ela queria explorar cada pedra, cada tronco de árvore, cada pedaço de musgo... Aquele sítio parece realmente mágico, como lhe disse Ana.

Mas a surpresa maior chega instantes depois, quando ela se depara com um verdadeiro acampamento de fadas, na clareira da Floresta. Dias fadas em tamanho real, com veatidos esvoaçantes, passas e madeira e coroas e flores na cabeça, dão-lhes as boas-vindas.

Juju nem quer acreditar naquilo!

As fadas que ela tanto gosta, que até então eram personagens das suas histórias e dos vídeos que a mãe lhe mostrava, estão ali mesmo à sua frente.

- Elas existem! - exclama, deslumbradam.

Ana confirma com a cabeça, comovida pela reação. Jack incentiva Juju a juntar-se às fadas, naquele acampamento.

Nas horas seguintes, aprende a fazer ninhos de pássaros, apanha pedras e pedaços de madeira, para construir abrigos na floresta, bebe água diretamente de uma nascente... Faz tudo aquilo que as suas amigas fadas a ensinam a fazer.

- Já viu a felicidade dela? - pergunta Ana a Jack.

Ana e Jack estão sentados lado a lado, a observar Júlia. É a primeira vez que a vêem tão feliz, desde a morte dos pais.

- Nós não se lembraria de nada melhor. - diz ele.

- Obrigada por embarcar comigo nesta loucura, Jack. Nem todos os médicos o faziam.

- Espero que já não me olhe apenas como um médico. - aproveita ele, para flertar com ela.

- Claro que não. Para mim, você já um amigo.

Jack não disfarça a ponta de desilusão. E Ana percebe.

- Você não quer ser meu amigo?

- Quero. Mas acho que já me apetecia ser um pouco mais que isso...

A confissão do pediatra, deixa Ana sem saber o que responder. Era raro alguém ou alguma coisa fazer com que ela ficasse sem palavras, mas era exatamente assim que ela estava agora.

Um estrondo desvia a atenção deles. Juju está no chão e os dois correm para lá.

- Júlia! - grita Ana, aflita.

Ela tropeçou numa pedra, mas esta bem. Fisicamente, pelo menos... Porque emocionalmente aquela queda é mais do que isso.

- Eu quero a minha mamãe. - pede ela, entre soluções.

O súbito pronto de Juju aflige Ana, que se abaixa imediatamente junto dela, reconfortando-a nos seus braços.

- Deixe-a chorar. - aconselha Jack. - Faz-lhe bem.

A dor que faz Juju chorar não é a da queda mas sim uma dor mais antiga. Ela chora, finalmente, pelos pais.

First Love (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora