Capítulo Noventa e Oito

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No hospital de Mônaco, Maria, Christian e Leila podem finalmente ver Mia. Ela tinha despertado do coma nessa manhã, o que lhes dava alguma esperança, mas o médico deixou bem claro que a situação era muito delicada.

- Dói muito, mamãe? - pergunta Maria, tocando-lhe suavemente na mão.

- Agora que você está aqui, dói menos.

Mia tem o dom de relativizar as coisas más. Nesse aspeto é muito parecida com Ana. Talvez tenha sido por isso que a escolheu como Babá dos meninos. Aquela que conseguiria, na sua ausência, lidar com os problemas dos filhos da mesma forma que ela.

- Eu a amo tanto, mãe.

O abraço entre mãe e filha deixa Christian com lágrimas nos olhos. Leila pode ser um pedaço de defeitos, mas gosta genuinamente da irmã mais velha, e naquele momento só deseja que ela fique boa e depressa.

- Preciso de te pedir algumas coisa, filha. - começou por dizer Mia, num fio de voz. - Juju me chama de Fada-madrinha, por isso eu quero dar aos meus filhos um superpoder, para vos ajudar na minha ausência.

Estão todos muito emocionados. Aquele momento soa a despedida, e ninguém se sente preparado. Só Mia sabe que não terá muito tempo para dizer o que precisa.

- O Simão fica com o superpoder da Justiça. Aconteca o que acontecer, ele não pode deixar que ninguém seja injusto com ele. Nem ele com ninguém.

- Eu digo-lhe. - promete Maria, entre soluções.

- A Alice precisa do superpoder da tolerância. Diga-lhe tal e qual como eu te estou a dizer agora: se ela quer ser compreendida, tem que compreender. Só assim é que vai conseguir mudar o mundo.

Apesar da dificuldade em falar, Mia se esforça por dizer tudo o que quer.

- E o Salvador?

- Fica com o superpoder da confiança. Para nunca se esquecer de dar confiança aos outrosm

- Eu bem preciso dessa confiança. - diz Maria, com a voz trêmula.

- Você, filha, fica com o superpoder do exemplo. Lembre-se de que tudo o que fizer será um exemplo para os seus irmãos. E as suas atitudes devem ser aquelas que quer que eles tenham também.

- Vou tentar, mamãe.

- A Juju épequenina, mas já tem o poder de transformar toda a gente à sua volta. Procurem apenas que ela não o perca. Se vocês cinco juntarem os vossos superpoderes e se ajudarem, vão conseguir ser fortes e superar o que aconteceu.

Maria confirma com um aceno, já que não consegue pronunciar uma palavra, por conta do choro. Christian se aproxima, preocupado com o esforço que Mia está a fazer para conseguir falar.

- Se calhar é melhor você desncasar um pouco...

Mas Maria se recusa em largar a mão da mãe.

- Não, tio. Eu não quero sair daqui.

- Christian... - chama Mia, com as forças que ainda lhe restam. - Toma conta dos meus filhos. Você e Ana são as únicas pessoas em quem eu confio essa tarefa.

- Mia, você não pode desistir. - pede ele.

- Por favor, prometa-me. Eu sei que estou a pedir muito. Mas por eles, pelo seu irmão, prometa-me que toma conta deles, com Ana.

- Prometo.

Aquela resposta é tudo o que Mia precisa para partir em paz. Está tranqüila, finalmente. E o seu sorriso, sereno é a última imagem que Maria guarda da mãe.

Vcs não tem noção como eu estou! Eu li esta história melhores de vezes, mas sempre me emociono muito nesta parte... 😭💔

First Love (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora