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Na praia, mesmo em frente à pizzaria, Ana olhava para o mar, tentando encontrar as respostas para as suas perguntas. Segurava a carta da mãe, que traz sempre consigo, dobrada em quatro, dentro da sua mala. Ela se recorda do dia em que a mãe lhe deu. Maria estava deitada ao lado dela, na cama do hospital.
Flashback on
- Você se lembra de quando era eu a me deitar assim, ao teu lado? - pergunta a mãe.
Ana sorri. Ela se lembrava perfeitamente. Tinha medo de adormecer sozinha, quando era criança, e asa ficava abraçada a ela, até o sono chegar.
Beatriz eatava fraca e parecia sentir dores, fazendo Ana sobressaltar-se.
- Você quer que chega as enfermeiras?
- Não. Apenas quero que você fique aqui comigo.
Ana faz o que a mãe lhe pede e volta a deitar. Abraça a mãe com força. Não consegue conter as lágrimas, que sabe serem de despedida.
- A vida não tem sido muito simpática connosco, mamãe.
- Claro que tem. Nós só não estamos a ver o filme todo. Confie, filha. Confie na vida. Ela premeia sempre os corajosos...
O sorriso de Beatriz fazia com que tudo parecesse mais fácil Mas "confiar" era difícil, e Ana ainda eatava a aprender a fazer isso.
- Quero te dar uma coisa, Ana. Está naquela gaveta.
A carta. Escrita com a letra tremida, enchia duas folhas de linhas. Ana percorreu-as com o olhar.
- Tem a minha história, com o seu pai.
- Eu não tenho pai. - respondeu Ana imediatamente.
Beatriz sorriu. Já tinha ouvido aquela resposta tantas vezes, que nem se atrevia a contestar, tentando a convencer a procurar o pai, ou pelo menos querer saber dele. Um cartaz da atuação dos "Gola Virada" na ladeira de Pia do Urso, acompanhava a carta.
Era tudo o que Bia guardava do homem com quem estivera apenas uma vez, numa noite de verão. Talvez o nome da banda onde ele era vocalista fosse suficiente para o encontrar.
Beatriz tentou fazer isso, apenas uma vez, quando ainda eatava grávida de Anastásia, mas não conseguiu. Mas naquele tempo era mais complicado, pois não havia as tecnologias que hoje em dia existem.
Ela acredita que hoje seja mais fácil, com a ajuda da Internet. Apesar de Ana não ter o mínimo interesse o fazer, Bia agarrava-se a essa esperança; de que um dia Ana pudesse conhecer o pai, para não ficar sozinha neste mundo.
Flashback off
As gargalhadas interrompem os pensamentos dela. Ela percebe que vêm de uma família que joga à bola na praia. Pai, mae e quatro filhos. Parecem divertidos, e Ana fica a observá-los durante um tempo. Como seria se tudo tivesse sido diferente?
Lisboa, 25 de abril de 2012
Querida filha...
Nunca arranjei coragem garante falar do seu pai, porque tive medi de te magoar. Estive sempre à espera do momento certo, que acabou por não chegar. Queria te proteger e evitar que sofresse, como eu sofri, mas hoje arrependo-me de não ter partilhado mais cedo a nossa história, que também é sua.Conheci o seu pau numa noite quente de verão, mas resta a da minha aldeia. Ele era vocalista de uma banda que foi lá atuar, e eu fiquei deslumbrada assim que o vi subir ao palco. Tinha uma voz linda e uns olhos grandes e brilhantes, como os seus.
No final do concerto, fui lhe pedir uma autógrafo e nos perdemos à conversa durante horas... Até ser dia, na verdade.
Parecia que nos conhecíamos desde sempre. Ele me cincidoh para ir ver o nascer do sol e eu aceitei. Aquilo que estava a sentir era mágico e não queria que terminasse.
Acabámos por nós render ao momento, só tínhamos algumas horas até ele partir. Eu estava completamente apaixonada e contava que ele ficasse depois daquela noite, mas quem era eu?
Ele tinha a banda, o concerto, a sua vida. Eu era só uma jovem apaixonada, numa aldeia perdida na Beira litoral. Não o posso culpar, por se ter ido embora. Na verdade, nunca chegou a saber que eu tinha ficado grávida... porque nunca mais nos vimos.
Não tínhamos forma de nos contactar. A única recordação com que fiauei só nosso encontro foi o cartaz da banda dele, que guardei are hoje.
Sei que nunca foi fácil, para você, crescer sem pai. Nem ouvir me dizer, a toda a hora, para ter cuidado com os rapazes que se aproximavam de você. Nunca quis que você passasse por aquilo que eu passei, Anastásia. Foi muito difícil.
Mas também não quero que você deixe de amar, como eu amei o seu pai, naquela noite. Assegure-se apenas do que, apesar de tudo, vale a pena...
Eu estarei sempre com você, filha... Sempre...
Te amo muito,
Mãe
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First Love (CONCLUÍDA)
Fiksi Penggemar"Confia na vida... Ela premeia sempre os corajosos" Era o que a mãe lhe dizia. Foi a pensar nestas palavras que fez com que Anastásia se lançasse contra a um carro, para proteger dois irmãos que estavam na estrada. Foi assim que conheceu Simão e Al...