O Irmão Da Minha Melhor Amiga

Molly

Me despeço de Amanda e confiro as horas no relógio do meu telefone,ainda são 4:40, espero mesmo que ele ainda não tenha ido para o aeroporto.

Talvez dê tempo de conversarmos e tudo fique bem,pelo menos não vamos ficar nos sentindo assim,porque ele não me pareceu tão feliz quando o vi hoje mais cedo e é exatamente como eu me sinto também.

Assim que chego ao nosso prédio vou direto ao elevador, nem passo em casa para ver se a Chantal chegou e vou direto a casa da Julie. Respiro fundo,giro a maçaneta e a porta está destrancada, a Julie não mete na cabeça que um dia pode ser assaltada por isso. Eu fecho a porta atrás de mim não encontrando ninguém nem na sala e nem na cozinha,há um silêncio aqui que até tenho medo de pensar o que eu estou pensando, que ele já foi. 

Mas se não me engano a Julie disse que iria levar ele até o aeroporto,então por que ela deixaria a porta aberta? Corro até as escadas chamando por seu nome, vejo ela sair do seu quarto com um telefone na mão,sorri surpresa com a minha presença e diz:

__Eu estava mesmo indo te ligar.

Eu pergunto:

__Por que? O que aconteceu?

Ela dá aquele sorrisinho de sempre quando precisa me pedir alguma coisa, eu já fico esperando e digo:

__O que é dessa vez?

Seus olhos se iluminam quando ela pergunta:

__Você pode levar o Chris até o aeroporto pra mim?

Meu coração até acelera agora por ter certeza de que ele ainda não foi, tento disfarçar isso e pergunto:

__Ele ainda não foi?

Ela diz:

__Não, ele está me esperando lá embaixo e deve estar bem irritado comigo já. 

Eu questiono:

 __Tá,mas por que você mesma não vai?

Meu subconsciente diz pra mim: Cala a boca Molly! Essa é sua oportunidade! 

Mas como eu já perguntei, então espero uma resposta. Julie diz:

__O Brennan comeu um lanche estragado ontem e não está passando muito bem, tenho que ir lá dar uma força.

Eu digo:

__Tudo bem, eu vou.

Julie me abraça e me diz pra descer logo ou o Chris vai vir atrás dela. Eu saio de sua casa e sigo em direção ao elevador,meu coração está batendo rápido,não sei se ele vai gostar disso,de me ver e saber que eu é que vou levá-lo. Até parece um deja vú meio estranho e ao contrário,acabo rindo de nervoso ao pensar nisso. Mas essa é minha última oportunidade,tenho que dar um jeito de não me travar e dizer tudo o que eu realmente quero.

Chego ao estacionamento do prédio,vejo o carro da Julie estacionado perto do meu,  sigo até lá. Chris está no banco do carona com os fones de ouvido e de olhos fechados, aproveito para olhar para ele por uns instantes,quero gravar cada segundo perto dele antes que ele vá pra longe de mim.

Eu bato no vidro,ele abre os olhos e olha para mim surpreso,não o culpo. Ele abaixa o vidro e eu digo:

__Julie teve um pequeno contratempo e me pediu pra te levar,tudo bem?

Ele apenas balança a cabeça afirmativamente e eu pergunto outra vez:

__Tudo bem se eu dirigir ou você quer fazer isso?

Ele apenas me olha e diz:

__Não, você pode fazer isso, tudo bem por mim. 

Acho que ele também não acredita que estamos fazendo isso de novo,o mesmo trajeto, da mesma forma e com um grau bem parecido de amizade que a gente tinha quando nos conhecemos aquela manhã. Porém agora ele não está bêbado,eu o conheço bem melhor e ainda o acho tão lindo ou mais do que achei a primeira vez que o vi.

Outra coisa bem diferente do nosso primeiro trajeto é o silêncio aqui dentro desse carro. Onde estão todas as palavras que eu prometi pra mim mesma que iria dizer? Fica difícil conversar quando ele nem olha pra mim e simplesmente parece estar concentrado no caminho a frente,mesmo que seja eu que deveria estar agindo assim, porque eu é que estou dirigindo. Se eu sei que ele estaria tão preocupado com a nossa rota, teria deixado ele mesmo dirigir. Seu silêncio me irrita e eu respiro fundo, tento me acalmar e pergunto:

__Estamos muito atrasados?

Ele volta de onde parece ser  outro mundo e diz:

__Ah não, estamos em tempo.

Então ele volta a olhar pra frente. Já quase avisto o aeroporto daqui,não acredito que tudo vai acabar assim mesmo. Minutos depois e já estou estacionando o carro no estacionamento do aeroporto. Eu respiro fundo e digo:

__Chegamos. 

Ele sorri de uma forma meio sem graça e me olha por uns segundos antes de abrir a porta e sair. Ele vem até meu lado e me pede as chaves para abrir o porta-malas,meu coração vai ficando cada vez mais apertado. Ele retira as malas e vem me devolver as chaves. Eu não aguento mais isso. Ele vem até a porta outra vez para entrar no carro  e pegar sua mochila no banco de trás. Ele se senta,pega sua mochila e diz:

__Bom, é isso aí.

É isso aí? Eu nem acredito que a gente vá se despedir assim,mas parece que vamos. Sei que não estou sorrindo,mas ele sorri pra mim. Ele já se prepara pra sair do carro quando eu digo:

__Eu... Não quero que você vá.