Capítulo 8

1K 84 6
                                    

No dia seguinte me levantei cedo, Amim tinha me passado algumas coisas para resolver e Alec já tinha saído para uma reunião com outros Alfas. Cada espécie de criatura tinha seu líder, e Alec era dos Blaidd Asgellog. Alfas eram os líderes de cada grupo dentro de uma espécie, cada região tinha o seu.

A manhã foi tranquila apesar de todas as tarefas que Amim me passou. Eu odiava resolver problemas que envolviam leis, papeladas e tudo mais. Eu gosto quando há alguma luta, quando eu preciso ir para outros mundos resolver alguma coisa, mas infelizmente e ao mesmo tempo felizmente, pois isso era sinal de paz, estava tudo bem nessas últimas semanas.

Terminei mais cedo do que eu imaginava, o pôr do sol se lançava sobre a parede de vidro do meu quarto, era lindo de se ver daqui. Eu caminhei para a varanda para observar melhor.

Minha cabeça começou a doer de repente, eu gritei antes de mergulhar na escuridão.

"Vazio e negro era tudo que eu enxergava, até silhuetas começarem a aparecer. Eu podia ver alguma criatura longe de mim, parecia que ela estava machucando outra que estava amarrada em uma árvore morta. Um grito estridente, sangue, o ar tinha um forte cheiro de ferro, dor, o grito era de dor. A criatura amarrada a árvore gritou mais uma vez, dessa vez era um grito forte, de raiva. Tentei enxergar melhor, mas meus olhos não se focavam.

-IRMÃ!

Outro grito, dessa vez um pedido de ajuda. Gulliver, era meu irmão quem estava amarrado a árvore.

-GULLIVER – eu gritei o mais alto que podia. Agora eu podia ver claramente uma figura escondida sob um manto escuro, de suas mãos saia uma luz que fazia meu irmão gritar. O que está acontecendo? Por que meu irmão não reage?

Eu tentei correr para ajudá-lo, mas eu não saía do lugar, meu corpo não me obedecia, tentei gritar de novo, mas não saiu som algum. Gulliver gritou meu nome."

-Jay acorda, por favor.

Alguém estava me chamando, calor, estava muito quente. Eu gemi tentando abrir meus olhos, eles estavam pesados como se eu não dormisse a dias.

-Amim, ela está acordando.

-Alec?

-Estou aqui Alai, estou aqui com você.

Alguém apertou minha mão. Eu abri meus olhos devagar e Amim estava segurando minha mão enquanto o lobo negro estava quase completamente em cima de mim.

-Calor.. Alec..

-Alec saia de cima dela, ela está com calor – Amim bateu na cabeça de Alec que estava em cima de mim. Ele resmungou mas tirou a cabeça e começou a me cheirar.

-Estou bem Al, estou bem – eu acariciei sua cabeça e dei um beijo no seu focinho, ganhando uma lambida em resposta me fazendo acordar completamente.

-Que diabos Alec – bati no focinho dele.

Ele deu um grande sorriso lupino com a boca aberta e a língua pendurada para um lado. Como eu podia ficar brava quando ele fazia isso. Me desarmava completamente.

-Minha Rainha, o que aconteceu? Nós escutamos um grito e quando chegamos você estava deitada na varanda.

-Eu desmaiei de novo, eu acho – eu esfreguei minha cabeça e meus olhos que ainda doíam.

-Está sentindo dor Minha Rainha?

-Já vai passar Amim, é só uma dor de cabeça e meus olhos que estão pesados.

Amim se levantou e saiu, Alec deitou a cabeça no meu colo chorando.

-Ei grandão, tá tudo bem, já vai passar. Eu estou bem.

Amim voltou com algumas toalhas e uma bacia com água e gelo.

-Deite e coloque isso sobre seus olhos Minha Rainha – Amim me entregou uma toalha dobrada e encharcada.

Como sempre Amim sabia das coisas. Eu suspirei de alívio quando a toalha tocou meus olhos, aquilo realmente estava fazendo efeito.

Senti Alec deitar ao meu lado colocando a cabeça em cima de mim. Esse lobo acha que ele não pesa nada.

-Minha Rainha, você viu algo dessa vez?

Eu não queria preocupá-los, mas eles iam saber se eu mentisse, e isso iria acabar sendo pior.

-Sim. Eu vi meu irmão.

Alec levantou a cabeça e Amim segurou minha mão. Eu contei tudo a eles.

-Amim, você acha que meu irmão está bem?

-Eu não sei Minha Rainha, mas ele está a salvo aqui. Nenhuma criatura pode entrar.

-Odeio ter de esperar para vê-lo.

-Você pode senti-lo Minha Rainha, você sabe que ele está aqui – Amim apertou minha mão e trocou a toalha sobre meus olhos.

-Obrigada Amim.

-Você deve descansar agora Minha Rainha. Eu vou cedo ao mundo dos Argaliotes para ver se encontro algo na biblioteca deles, ou se eles sabem de alguma coisa.

Os Argaliotes eram criaturas completamente inteligentes e poderosas, fracas, mas poderosas. Eles eram enrugados e altos, como um velho. Até mesmo as crianças eram enrugadas. Criaturas que viviam para estudar e aprender, nem mesmo as crianças gostavam muito de brincar, elas passavam o tempo fazendo experiências, estudando e lendo. Eu nunca entendi, mas era da natureza deles, e era melhor não se envolver com eles, pois eram ranzinzas e rancorosos.

Amim beijou minha mão e o senti saindo do quarto. Fiquei mais um tempo deitada até a dor sumir. Me levantei espreguiçando e fui levar as toalhas para a lavanderia. Alec me seguiu praticamente escorado em mim como se eu pudesse ter um treco de repente.

-Alec se afasta um pouco, eu não vou ter um treco e cair dura do nada. Isso nem é possível para mim.

Eu o empurrei o fazendo reclamar. Alguns passos depois e ele já estava escorado em mim de novo. Resolvi deixar para lá, dava para perceber sua preocupação, ele estava tenso.

-Alec vou tomar um banho.

Caminhei para o banheiro quando percebi que Alec estava vindo comigo.

-Onde você acha que vai?

Ele abaixou a cabeça resmungando.

-Alec eu não corro perigo no banheiro, não vou me afogar. Vai tomar seu banho também enquanto isso.

Eu o empurrei para fora do quarto e fechei a porta.

-E não é para ficar de guarda na porta Alec.

Gritei para ele que resmungou do outro lado e o escutei trotar para longe.

-Eu vou morrer sufocada com esse cachorro, isso sim.

Eu estava colocando meu pijama quando escutei Alec bater na porta do quarto.

-Pode entrar Alec, já vou sair – gritei do closet.

Meu LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora