Capítulo 22

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Passamos atrás da cachoeira e entramos seguindo um pequeno corredor estreito que se abria mais ao fundo em uma imensa caverna, cujo centro havia um lago enorme com água cristalina e de areia branca. Dependendo de como se olhava a água adquiria alguma cor, como vermelho, verde, rosa, azul e muitas outras, algo que fazia o lago parecer encantado. Nathaniel estava extasiado, seus olhos percorriam todo o local, primeiramente em alerta e depois admirando cada detalhe.

-Feche a boca antes que você engula algum inseto Nate – eu zombo dele entrando um pouco dentro do lago.

Nate fecha a boca, mas continua observando tudo. Eu mergulho e pego um dos cristais coloridos no fundo. Quando apareço na superfície Nate está me observando.

-Pega – eu jogo o cristal para ele que o alcança.

-Um quartzo rosa? - ele me olha com a testa franzida.

-Sim, inúmeros cristais no fundo do lago fazem com que a água cristalina pareça colorida.

-Você sabia que eu iria perguntar isso, não é?

-Sim – eu sorrio – foi a primeira coisa que perguntamos aos meus pais quando entramos aqui pela primeira vez.

Ele assente sorrindo.

-Não vai entrar?

-Claro.

Ele mergulha e nada até o fundo, eu vou ao seu encontro. Nate agarra um punhado de cristais e me mostra, sorrindo como pode com a boca fechada devido a água.

"É lindo não é?" - eu pergunto embaixo d'água.

Nate me olha assustado e tenta me responder abrindo a boca, algo que o faz engasgar e nos movemos de volta a superfície. Ele tosse um pouco e depois me olha.

-Como você fez isso?

Eu dou de ombros.

-A água não me incomoda, meu corpo não precisa de ar para eu sobreviver, então meio que consigo respirar em qualquer lugar.

-Legal – ele sorri admirado – mas eu consegui te escutar, como?

"Eu posso falar telepaticamente também, acho que só estou acostumada a mexer a boca para pronunciar as palavras" - falo sem mexer minha boca, dando de ombros novamente.

-Você sempre me surpreende Jay – ele dá um grande sorriso para mim, que eu retribuo.

Eu mergulho novamente e nado um pouco, Nate me segue.

Ele estava encantado com os cristais no fundo do lago, toda hora mergulhava e me mostrava um cristal diferente. Eu havia nadado um pouco, mas agora estava deitada em uma grande pedra na beira do lago. Ele estava tão feliz, sua felicidade chegava a ser contagiante. Nathaniel sempre era tão sério, rígido e educado, e hoje eu estava vendo-o com outros olhos, ele era como uma criança que ficava feliz com pouco, era tímido de fazer com que seu rosto e orelhas ficassem vermelhas quando corava, era educado e cavalheiro como sempre, me deixando passar na frente, segurando minha mão para me ajudar a passar em alguns lugares, sempre de olho em mim e ao nosso redor.

-Jay – eu não havia percebido que ele estava apoiado na beirada da pedra me chamando.

-Oi Nate – eu sorri me recuperando do susto.

-Está tudo bem?

-Sim, por que?

-Você estava séria.

-Me desculpe Nate, eu estava viajando aqui – dei uma risada para quebrar o gelo.

Ele subiu na pedra que eu estava e eu me levantei me sentando ao seu lado.

-Obrigado Jay – ele falou encarando o céu pela abertura no teto da caverna.

-Pelo o que?

-Por ter me mostrado esse lugar, por me fazer companhia, por tudo.

Ele agora olhava para mim com um sorriso.

-Você não tem que me agradecer Nate, eu gosto da sua companhia – sorrio para ele que cora.

Ficamos deitados ali por nem sei quanto tempo, apreciando o céu pela abertura.

-Jay, posso te fazer uma pergunta?

-Claro – eu me virei para ele, pois estávamos deitados de barriga para cima.

-Me diga se eu tiver me intrometendo.

Eu assenti.

-Você e Alec sempre estiveram juntos?

Eu pensei um instante antes de responder.

-Depende de como você está me perguntando. Meus pais e Amim adotaram Alec quando éramos muito pequenos, e sempre tivemos uma conexão muito forte, como de irmãos, fomos criados como irmãos praticamente. Desde que me lembro Alec estava comigo, mas eu não o via amorosamente, mas como um irmão. Só nos envolvemos amorosamente um pouco antes de eu te conhecer.

-Entendo – ele ficou calado e parecia pensar.

-Nate, pode me perguntar o que quiser.

-Sim, eu só estava pensando, não tenho uma vida social como você já deve ter percebido, então não sei muito sobre as criaturas, digo, quem se relaciona com quem e, essas coisas.

Olho intrigada para ele que percebe.

-Eu só não tenho tempo para me socializar. Minha espécie já é bem quieta, e como eu fui treinado desde pequeno já que meus pais morreram cedo eu não fui acostumado a fazer coisas que não envolvessem as atividades de um guerreiro. E agora que você está me apresentando para muitas coisas novas eu fico curioso.

-Você nunca namorou? - as palavras saíram sem que eu as permitisse.

Ele riu com minha reação.

-Você também pode me perguntar o que quiser Jay. E não, eu nunca namorei ou tive alguma relação com outra criatura.

Certo, agora eu estava realmente em choque.

-Como uma criatura como você pode nunca ter namorado? Ao menos que você seja como Alec que cada dia estava com uma fêmea diferente. Não que eu esteja te julgando, longe de mim fazer isso, na verdade acho que temos que aproveitar antes de construir um relacionamento.

-Não sou como Alec. O que você quer dizer com "uma criatura como eu"?

-Você sabe, lindo, gostoso, famoso, forte, educado, corajoso, com uma posição alta sendo o Guerreiro Prateado, essas coisas.

Nathaniel estava vermelho, completamente corado, ele desviou o olhar por um tempo e depois voltou, como se estivesse determinado.

-Acho que você não entendeu Jay. Eu nunca tive uma vida social, sempre foi só treinamento, missões e reuniões com os outros guerreiros e guerreiras. Me diverti um pouco nessas reuniões e aprendi a beber, mas nunca estive realmente com uma fêmea além de alguns beijos.

Um minuto de silêncio se passou e eu balancei a cabeça incrédula em uma tentativa falha de organizar meus pensamentos. Fechei a boca pois percebi que olhava embasbacada para ele. Eu só podia ter entendido errado.

-Acho que entendi errado Nate, você quis dizer que nunca teve uma namorada certo?

-Também, mas não foi isso que eu quis dizer, apesar de ser verdade.

Eu fiquei paralisada olhando para ele, e quando ele percebeu que eu não estava raciocinando direito ele foi bem direto.

-Eu nunca fiz sexo.

-O QUÊ? 

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