Capítulo 55

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O tempo em que estou com Zamir aprendi muitas coisas, que a sociedade élfica tem tanto machos como fêmeas, que eles podem procriar, mas que conceber um herdeiro é extremamente difícil, por isso muitas vezes procriavam com humanos, mas ter um relac...

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O tempo em que estou com Zamir aprendi muitas coisas, que a sociedade élfica tem tanto machos como fêmeas, que eles podem procriar, mas que conceber um herdeiro é extremamente difícil, por isso muitas vezes procriavam com humanos, mas ter um relacionamento com um não era bem visto.

As fêmeas elas tinham dificuldade para engravidar, por isso, normalmente se as famílias tivessem um filho era muito, a maioria não tinha crianças. Descobri que o reino é regido por um único rei, mas que seu território é dividido em três partes, onde duas eram controladas cada uma por um filho e a terceira era administrada pelos dois igualmente.

Sim, o rei tinha conseguido ter três herdeiros, dois machos e uma fêmea, a princesa era a mais velha dos três, os príncipes eram gêmeos. Zamir me contou que o reino entrou em festa quando soube que o rei teria mais de um herdeiro.

Quando os gêmeos nasceram, a felicidade do rei era tamanha que ele fez um festival de nascimento durar um mês inteiro, em toda a parte do território élfico. Descobri que a esposa do rei faleceu duas décadas depois que os príncipes nasceram, dizem que ela não aguentou a morte de seu menininho.

Um dos príncipes se suicidou, cravou uma adaga em sua garganta e morreu na hora, até hoje ninguém sabe o motivo, a rainha ficou muito triste após a morte de seu filho, não saía mais do quarto, não comia e aos poucos foi definhando até que veio a falecer.

Zamir me contou que desde a morte da rainha o rei não é mais o mesmo, antes ele era justo e bondoso, mas que depois disso ficou diferente, começou a tomar decisões questionáveis, como a que fez ao me encaminhar para a Torre.

Descobri que a Torre era vista com maus olhos, que os elfos que ali viviam eram odiados pela maior parcela da população élfica, mas que ainda tinham alguns apoiadores.

Durante a grande guerra eles foram cruciais, mas as atrocidades que faziam eram tamanhas, que o rei decretou que nunca mais fossem usadas. Ele não quis mata-los, afinal, a maioria desses elfos lutaram por ele na guerra e sobe suas ordens, contudo, o rei jamais imaginou que eles fizessem o que faziam, não até ver com seus próprios olhos as consequências.

Consegui obter mais algumas informações valiosas de como dominar o fogo, as guardei muito bem em minha memória para experimentar depois que estivesse longe de olhos curiosos.

Zamir nunca mais falou sobre a esposa que perdeu, não quis pressioná-lo, era um assunto doloroso para ele pude perceber isso, e destes assuntos que nos machucam eu entendia bem.

Estava em devaneio, sentada no parapeito do barco, escutando a água passar a nossa volta e o vento soprar em meu rosto. Nunca mais tirei a faixa que Kael me deu do rosto, apesar dela não fazer mais efeito, me confortava tê-la comigo.

Um raio de sol aquece a minha pele, o por do sol se aproximava mais uma vez, viro meu rosto em direção a luz quente. Minha memória vai para longe, para minha aldeia que a muito tempo eu não pensava sobre.

A imagem de Ron me vem a cabeça, dele na colina comigo assistindo ao por do sol, um sorriso brota em meus lábios. Meu coração se acelera ao pensar em meu amigo, será que Ani conseguiu acha-lo e será que era realmente ele, essas perguntas pairam em minha mente a muito tempo.

Na minha fuga de Dakar pensei tê-lo visto muito brevemente, mas não tive certeza, pois ele estava de armadura, com barba no rosto, além de estar mais velho.

"Ron, que saudades de você. "

- Sonhando acordada com o príncipe encantado ninfinha.

Rio da piada de Zamir.

- Apenas sonhando.

Desço do parapeito do navio e vou para próximo de Zamir, a essa altura já conseguia me mover no barco sem esbarrar nas coisas, ou bater com a cara em alguma madeira.

- Por mais quanto tempo ficaremos navegando?

- Essa será a nossa última noite, acabamos de cruzar a fronteira do reino élfico, já estamos em terras neutras, pode enviar a mensagem a sua amiga.

- Aqui parece mais calmo do que quando estava na floresta, digo antes de ser capturada.

- Sim, estamos perto do lago cristal, os humanos não chegaram tão longe.

Uma ideia me ocorreu ao lembrar do que Ansal disse.

- Zamir, siga em direção ao lago.

- O que? Porque?

- Acredite, você vai preferir encontrar a minha tia num território neutro do que no meio da floresta.

- Sua tia? Você tinha me dito que era uma amiga.

- E isso faz diferença?

Ele ficou calado.

- O lago é um território neutro para nossos povos, lá ela não te matará e nem você a ela, é perfeito para nos encontrarmos, além do mais, é bem mais fácil eu enviar essa localização, do que dizer para ela me encontrar perto de uma árvore, virando a esquina do bosque.

O elfo riu.

- Ok, mas isso fará com que tenhamos dois dias de caminhada depois que saltarmos do barco.

- Não tem problema, tenho certeza que não irá fugir.

- Olha só, e por que tem tanta certeza assim.

Lhe dou um sorriso predatório.

- Porque orelhudo, você pode ser muitas coisas e uma delas é que você sempre cumpre suas missões até o final, não ache que não percebi que me sondou a viagem toda para obter respostas que não dei a Kael, e você não perderá a oportunidade de tê-las não é mesmo.

Reparo que o elfo não fala nada, o que faz meu sorriso se alargar mais, vou para dentro da cabine e pego um pedaço de pergaminho que Zamir trouxe em sua bolsa e a pena com tinta, volto para o convés e o chamo. O elfo não demora muito a se aproximar de mim.

- O que foi?

- Preciso que você escreva a mensagem para poder enviar para a minha tia. – Estendo o papel e a pena para ele.

- E o que devo escrever?

Precisaria ser esperta no que escreveria para Ansal, pois assim como no reino élfico, a minha mensagem também poderia ser interceptada por uma das guardas no reino ninfico.

Apoio uma de minhas mãos no meu queixo e fico pensando no que escrever, como mandar uma mensagem falando que estou bem, mas estou acompanhada de um elfo e não é qualquer elfo.

- Daqui a pouco vou ver a fumaça sair pelos seus ouvidos de tanto que pensa.

- Engraçadinho – Faço uma careta para ele.

Uma ideia me surge, espero que ela entenda a mensagem.

- Já sei o que quero que escreva.

"O lago Cristal é realmente belo, sinto falta da última vez que fomos lá, gostaria que você pudesse nos encontrar nele. Estamos bem, espero que você também.

ASS: Hélia"

Rainha Sombria - A Ordem da Rosa #2 Onde histórias criam vida. Descubra agora