Capítulo 21

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- Acho que terminei a lista de ingredientes para o tônico

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- Acho que terminei a lista de ingredientes para o tônico.

Shanri estava sentada no chão do meu quarto, com livros espalhados ao seu arredor. Ficamos discutindo quais outras ervas poderíamos acrescentar ao tônico, sem estraga-lo.

- Me deixa ver a lista.

Passei os olhos pelos ingredientes escritos no papiro, a letra de Shanri era extremamente rebuscada, parecia mais uma obra de arte do que letras em si.

- Está faltando alguma coisa Shanri.

Ela vem para perto de mim e espia a lista por cima do meu ombro, seus olhos estão atentos a tudo que está escrito.

- Tudo que encontramos nos livros está aí, não esqueci de colocar nada Lia.

- Eu sei, mas sinto que estamos deixando de fora o ingrediente principal.

- E o que seria?

- Eu não sei, mas algo me diz que esse tônico não é tão simples como demonstra ser.

Shanri fica pensativa com minhas palavras.

- Alguns tônicos têm misturas complexas, outros são feitos a base de antídotos, outros são venenos, alguns requerem que os ingredientes sejam colhidos em períodos específicos, outros precisam da fonte da doença....

- É ISSO!

Ela me olha intrigada.

- É isso o que?

- Cadê o livro que pegamos na sala de poções.

Começo a remexer nos papéis e livros espalhados no chão, até achar o que eu quero. Folheio as páginas com cuidado para não as rasgar, pois são extremamente velhas.

- Aqui! Essa passagem, "o Stromigo só poderá ser curado totalmente se o tônico tiver a causa principal. ", a causa principal, é isso que está faltando!

Eu falava animada enquanto Shanri me olhava ainda confusa.

- Precisamos das plantas noturnas, elas são a causa principal da doença.

- Endoidou Lia! Se colocarmos as plantas noturnas iremos matar a pessoa.

- Não, se não a colocarmos, o tônico não terá efeito, precisaremos descobrir como transformar o veneno em cura e qual encantamento faz isso, já que a doença também é de fundo mágico.

- Não sei Lia....

- Confie em mim Shanri, sei que não sou a mais qualificada das ninfas, mas eu tenho certeza que é isso que precisamos.

A ninfa de cabelos rosas fica me encarando durante alguns minutos, vejo em seu rosto que ela está dividida em aceitar minha proposta e no medo de falhar. Eu compartilhei com Shanri o que Wala me disse na noite passada, que essa tarefa era um teste eliminatório.

- Shanri não sei explicar como, mas sinto que precisamos dessa flor, confie em mim.

Ela suspira, olha novamente para a lista e para o que está escrito no livro.

- Ok Lia, seguiremos seu instinto – Fico tão animada que acabo soltando um gritinho de empolgação – Mas não fique tão animada – Meu entusiasmo diminui com essas palavras, lá vinha complicação.

- Porque não?

- Porque essa planta é rara e bem difícil de conseguir, não sei se a mestra nos deixará ir aonde elas nascem.

- Porque Ansal não deixaria irmos buscar essa planta.

Shanri faz uma cara de surpresa com a informalidade que falo o nome de minha tia, me dou conta do meu erro somente depois que o pronuncio. Todas as aprendizes a chamam de mestra, na frente das outras eu sigo o protocolo, mas dessa vez esqueci.

Finjo que não noto o meu deslize e fico esperando por uma resposta de Shanri, essa por sua vez, prefere não comentar nada e seguir o raciocínio que estava tendo.

- Porque essa planta só é possível colhe-la quando a lua está no auge da noite, além disso ela cresce em lugares específicos.

- Que lugares podemos encontra-la?

- Não sei ao certo, escutei boatos que ela cresce em águas profundas e que fica protegida por um guardião.

Eu não estava gostando nada dessa história, uma planta tão venenosa e protegida por alguma criatura que não sabíamos o que era, algo me dizia que não seria nada fácil pegar esse ingrediente.

- Shanri, onde existem lugares assim por aqui.

A ninfa ficou pensando um pouco antes de me responder.

- O único lugar que têm essas características são os domínios das Náiades. – Sua voz falha ao pronunciar tal lugar.

- Então é para lá que iremos.

- Não podemos ir despreparada assim Lia, já esqueceu das histórias sobre aquele lugar.

Eu não conhecia as histórias ninficas, mas pelo tom de voz de Shanri, coisa boa é que não era. Precisava saber mais sobre onde me meteria, mas não podia transparecer que não sabia.

- São apenas histórias Shanri.

- Não são, essas ninfas são traiçoeiras Lia, até mesmo com suas semelhantes, elas gostam de afogar e seduzir quem entra em seu território, além do mais, criaturas místicas vivem lá.

- Elas não vão nos fazer mal, somos parte das selecionadas, elas não seriam loucas de nos matar – pelo menos eu esperava que não – quanto as criaturas, precisamos lidar somente com o guardião, vamos Shanri, se não pegarmos essa flor seremos expulsas da seleção.

Essa minha última fala, era o incentivo que ela parecia precisar para concordar comigo. Precisaríamos de um mapa, para sabermos como chegar no território das náiades e eu também queria tentar descobrir que criaturas enfrentaríamos pela frente.

- Vou até a biblioteca pegar um mapa e tentar descobrir mais informações sobre o lugar que vamos, vá até a cozinha e pegue suprimentos para a nossa viagem.

- E quanto a nossa autorização e nosso toque de recolher Lia?

- Iremos burlar algumas regras, mas será por uma boa causa.

- Está louca! Se descobrirem seremos expulsas!

Sua voz ficou extremamente aguda com o desespero de ser pega fazendo algo fora da lei.

- Ok, eu irei pedir uma autorização para a mestra.

Ela pareceu relaxar, agora eu precisava pensar em como convencer Ansal de me deixar ir para essa jornada.

Rainha Sombria - A Ordem da Rosa #2 Onde histórias criam vida. Descubra agora