Duas semanas tinham se passado desde o meu reencontro com a minha tia no lago, a jornada até Matmata estava exaustiva, dias dormindo sobre os cascalhos e muitas noites mal dormidas por causa dos turnos de vigilância.
Sim, chegou em determinado ponto da viagem, que tanto Ansal quanto Zamir cederam ao cansaço e me colocaram para fazer vigia também, afinal mesmo não tendo a visão, eu conseguia saber o que estava acontecendo ao nosso arredor.
O clima entre minha tia e o elfo já não era de tanta hostilidade, os dois ainda não se gostavam, mas pelo menos não estavam querendo mais se matar e para eles, isso já era um grande avanço.
Todos os dias quando parávamos para acampar e passar a noite, Zamir e eu treinávamos. Depois de saber como era me conectar com o fogo, invoca-lo novamente não foi complicado, mas manipular o elemento ainda me requeria prática.
O orelhudo me passava exercícios de prática de manipulação, eu estava melhorando aos poucos, ainda não treinava combate com esse elemento, era muito cedo para tal coisa, principalmente que ainda ficava com as mãos queimadas do treino.
Quando eu manipulava o fogo não sentia dor nem queimação, mas isso não o impedia de queimar a minha mão, Zamir disse que era normal, até a minha pele se acostumar com a temperatura.
Sempre depois das minhas seções de treino, Ansal envolvia minhas mãos com uma camada de geada, era extremamente relaxante e ajudava nas queimaduras rotineiras.
Minha tia observava o elfo de perto, nunca o deixava sozinho comigo, principalmente depois que o vinho que ele trouxe acabou, e Zamir voltou a ficar um ranzinza novamente.
Era noite e estávamos sentados ao redor da fogueira, Zamir estava afiando sua espada com uma pedra, minha tia parecia olhar para o nada enquanto encarava a imensidão do oceano.
Eu estava exausta, o treinamento de hoje foi mais complexo que os anteriores, Zamir pediu para eu realizar movimentos de defesa com o fogo, nunca imaginei que me cansaria tanto nesse tipo de treinamento.
O questionei do porque aprender a me defender primeiro do que atacar, o orelhudo disse que atirar fogo por aí era fácil, mas o manipula-lo para impedir ataques era mais difícil, ainda mais, sem eu me queimar no processo. Zamir me avisou que se eu dominasse a defesa, o ataque seria bem mais fácil de aprender.
- Ansal, você trouxe a sua flauta? – Falo com a minha tia, a tirando de seus pensamentos.
Eu já estava deitada, sentindo todos os meus músculos do corpo doerem, mas não conseguia adormecer.
- Sim – Sua voz soou desconfiada – Por que?
- A muito tempo não escuto você a tocando e cantando, pensei que poderia toca-la hoje.
- Não sei se é uma boa ideia fazermos música.
- Estamos no meio do nada, a dias estamos viajando e não encontramos nem uma alma viva por perto, acho que estamos seguros para escutarmos uma canção, além do mais, suas canções me ajudam a dormir e com as dores que estou hoje, realmente elas viriam a calhar muito bem.
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Rainha Sombria - A Ordem da Rosa #2
FantasyLia percorreu um grande caminho para descobrir quem ela é. Contudo, algumas respostas sobre o seu passado, terão consequências que ela não imagina. A jornada dessa guerreira entra agora no mundo mágico da floresta Emlax, reencontros inesperados aco...