four

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miles ;;

Eu estava novamente em mais uma consulta com o meu querido e chato psicólogo. O que eu acho totalmente desnecessário, eu estou bem comigo mesmo e não vejo necessidade de dizer a minha vida para alguém que só finge se importar e que está cagando pra mim.

Pensei várias vezes algumas formas de acabar com esse velho. Porém, não vale o meu esforço, uma hora ele se cansa de mim e me manda ir a merda.

― Alguma novidade que aconteceu nesta semana e que gostaria de compartilhar comigo, Miles?

Ele perguntou ao me olhar de forma penetrante. Ele tinha uma postura boa ao ficar sentado e era bem educado e calmo, já eu, estava deitado no sofá com as pernas de qualquer jeito e olhando para o teto branco com minhas mãos sobre meu peitoral. Coberto pelo meu sueter favorito.

― Sinceramente, se importa? Eu não quero estar aqui e podemos apenas fingir que estamos conversando? E depois, você diga a minha mãe que eu estou bem e que não preciso mais dessa palhaçada.

Digo sem tirar meus olhos do teto.

― Eu me importo com a sua saúde mental, Miles. ― ele respirou fundo. ― Até por que, nós dois sabemos que você sabe que você não é saudável por dentro dessa sua mente fechada. Você é suicida.

― Obrigada pelos elogios doutor. Isso melhorou muito o meu dia, de verdade.

Sorrio de forma irônica. Comecei a bater minhas mãos sobre meu peitoral como se o mesmo fosse um pandeiro. Achei um ritmo legal e fiquei cantarolando em meus pensamentos e balançando minha cabeça. Sinto o olhar de preocupação do doutor Wiliam.

― Você é muito misterioso. Por que não consegue se abrir para mim? Qual é o seu segredo? Seus medos? Seu amor? Seus amigos?

― Pra que tantas perguntas? Você já sabe todas as respostas delas. Eu sou sozinho! Eu não tenho medo, eu não tenho amor, eu tenho meus segredos e por isso eles se chamam segredos. Só cabe a mim saber.

Digo ao me exaltar e me sentar no sofá de qualquer forma. Assim, olhando fixamente nos olhos do doutor e sentir ele meio desconfortável com o meu tom alto de voz. Ele coçou sua nuca e parecia pensativo.

― Você não tem alguém? Uma pessoa com que se importe? Alguém que talvez fosse mudar você?

Respiro fundo e revirei meus olhos. Olhei para ele com um certo deboche e começo a rasgar mais ainda a minha calça jeans. Ela já tinha um enorme buraco sobre meus joelhos. Faço isso com o nervosismo.

― Para falar a verdade, há uma garota estranha. Ultimamente estamos conversando, mas ela é fechada e bem deprimente. Não vou perder meu tempo com ela.

Dou de ombros e eu realmente não me importava com a (s.n). Mas as vezes me pergunto se ela sofre nas mãos do pai todo o dia.

― Okay, um progresso.

― Correção, perda de tempo.

Digo simples.

― O que você sente quando está com ela?

― Como sentir algo se eu só falo com ela faz dois dias? Claro, eu sempre observei ela. Porém, falar foi só agora. Ela não sabe conversar.

daddy issues | MILES FAIRCHILD  Onde histórias criam vida. Descubra agora