Capítulo 23

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P.O.V. Chris: 

Eu tenho que contar para minha mãe sobre o celular, mas eu não tenho coragem. 

Acordei e ainda eram cinco e dez da manhã. Tentei voltar a dormir, mas não funcionou. Desativei o despertador para não tocar quando for sete horas.

Desço as escadas e ligo a televisão num volume bem baixo. Vou ver uma série. Depois de uns quinze minutos recebo uma mensagem da Melissa.

-Mensagem on-

- Está acordado? 

Oi, estou sim.-

- Estou sem sono. Você está fazendo o quê?

Vendo série. Estou sem sono também. Acordei e nem sei o porquê.-

- Eu estava parada, olhando para o teto. Então pensei em falar com você.

Acho que estou ansioso demais para os jogos de dezembro.-

- Fica tranquilo. Você tem treinado muito, tenho certeza que vai se sair bem.

Valeu. Você vai para escola hoje?-

- Vou, infelizmente.

Hoje é sexta e bateu uma preguiça. Eu não vou. -

- Vai matar aula? Já está na última semana de novembro e daqui a pouco começam as provas. Quero só ver você na hora de fazer elas.

Um dia não faz mal. Você vai faltar também? -

- Agora me deu vontade de não ir também. Você é mal elemento, sabia?

Você quer sair? Não sei, para qualquer lugar?-

- Vamos anda na rua à toa. Não tem nada de bom para fazer na rua no outono. 

Pode ser duas horas? Eu passo na sua casa.-

- Pode ser.

-Mensagem off-

Fiquei fazendo nada o dia todo até que deu a hora de me arrumar. Está frio, pois estamos no outono, então coloquei uma roupa quente.

Termino de me arrumar e vou até a porta da Melissa. Chamo-a. Ela abre a porta e solta um sorriso. Eu sempre me esqueço de tudo quando ela faz isso.

P.O.V. Melissa:

Acordo sem sono nenhum e ainda é cedo demais. Mando uma mensagem para o Chris e combinamos de andar à toa na rua. Deu o horário, me arrumei e ouvi ele chamando. Abro a porta e a expressão dele ao me ver é engraçada.

- Viu um fantasma? - pergunto

Digo e fecho a porta quando ao passar por ela.

- Seu sorriso é lindo, sabia?

- Eu sei.

Jogo o cabelo para trás e ele ri. Vamos para a calçada e andamos sem rumo. Chegamos próximos à um lago.

- Já andou nele quando fica congelado? - ele pergunta

- Não. Você já? 

- Várias vezes.

- Você é maluco. O gelo pode quebrar.

- Não quebra, ele sempre congela muito.

Ouvimos uma música tocando de longe, como se estivesse acontecendo uma festa.

- Está ouvindo isso? - pergunto

- Estou. É uma festa, com certeza.

- Será? A música é calma demais pra ser uma festa.

- Quer ir ver? - ele sugere

Eu concordo com a cabeça e nós seguimos o som. Chegamos em frente a uma casa que está com umas luzes coloridas e uns balões.

- Eu disse. É uma festa. - Chris

Há um banco ali perto e eu me sento. 

- Cansei. - digo

- Já? Mal andamos.

- Calma, é só um pouco.

Eu tenho asma e esqueci de inalar minha bombinha hoje. Então é melhor eu não fazer muito esforço para dar tempo de chegar em casa.

O Chris disse que ia espiar a festa. Eu só concordei e ri. Fico sentada no banco, cantando a música que tocava no local e mexendo no celular.

Depois de alguns minutos, vejo ele parado na minha frente em pé, um pouco atônito, digamos assim.

- O que foi? - pergunto

Ele apenas permanece parado.

- Você vai babar.

- Você canta muito bem, Melissa.

- Pare de palhaçada.

Ele senta ao meu lado no banco.

- Não, é sério! Não é palhaçada. Você canta muito bem! Por que não canta na escola com sua letra? Vai ganhar com certeza.

- Eu não me importo com aquele show idiota.

- Agora eu entendo que o Ivan gostava de te ver cantar.

Não menciona esse nome, por favor. Pela primeira vez em vários dias eu não estava pensando nele a todo momento.

- Precisava mesmo que falar dele? - pergunto

- Desculpa, mas ele tinha razão.

- E? 

- Acho que deveria fazer isso por ele.

Eu respiro fundo e fico pensando por um tempo, até que concordo.

Ficamos sentados de frente para aquela casa que havia uma festa e Chris começou a cantar também.

- Depois você fala de mim. - digo

- O quê? - nem um pouco desatento

- Você também canta bem.

- Hm.

- É sério.

Ele ri.

- Está fazendo isso para eu não me sentir rebaixado perto da sua voz, não é? Que você tem talentos e eu não.

- Não, eu estou falando a verdade. Já sabe, não é?

- O quê?

- Você vai cantar comigo no show de talentos.

- Eu? Não! De jeito nenhum. Vou estragar sua apresentação.

- Se você não cantar, eu não canto. Já disse que tenho vergonha.

- Mas você não disse que cantaria sozinha?

- Pelo Kenny, mas agora eu não preciso mais fazer isso sozinha.

- Ah, não Melissa.

- Vamos, por favor. - insisto

- Desculpa, eu não posso.

Ele se levanta.

- Por quê? - pergunto

- Só... não posso, está bem?

Ele acaba indo embora. Não sei o que deu nele. Se ele tem uma voz bonita, qual o problema? Enfim, preciso da minha bombinha e vou voltar pra casa.

(...)

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The Girl He Made Fun Of [CONCLUÍDA - EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora