CAP. 33 - É TUDO REAL E DOLOROSO

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01 DE FEVEREIRO DE 2020.

(DYLAN O'BRIEN narrando)

– E quem disse que viemos sozinhos? – Falei apoiando minhas mãos sobre a mesa e o encarando nos olhos. Seus olhos estavam fixados no meu, mas não demorou muito para que desviasse o olhar, abrisse uma gaveta e tirasse de lá um walk talk.

– Venham até a minha sala! Agora! – Falou mas não obteve resposta alguma. – Alguém! Respondam. – Começou a ficar agoniado.

– Retira 20mil da mesa, Dylan. – Escutei a voz de Tyler sair do walk talk. Matthew murmurou algo mas que eu consegui escutar.

– É pegar ou largar, Matthew, fim de jogo para você. – Retirei 20mil da mesa e entreguei a Holland para que guardasse de novo dentro da bolsa.

– O jogo ainda nem começou. – Falou e saiu de trás de sua mesa, correndo até a porta. Mas quando a abriu, deu de cara com Tyler e Shelley.

– Desculpe, acho que o jogo realmente acabou para você. – Tyler falou sorrindo. – Onde ela está?

– Eu ainda não sei, eu juro! – Falou dando passos para trás, se afastando de Tyler.

– Ainda? – Tyler se aproximava.

– Eu sei quem a pegou, mas não sei para onde a levou. – Andou tanto para trás que bateu com as costas na parede. Até mesmo eu que não tenho nenhum sentido sobrenatural conseguia sentir o nervosismo dele.

– Quem a pegou? – Perguntei mesmo já tendo uma ideia de quem poderia ter sido.

– Audrey. – Falou me olhando.

– Quem mais? – Tyler perguntou.

– Eu não sei... – Fechou os olhos quando Tyler se aproximou perigosamente dele.

– Quem mais?... – Perguntou pela segunda vez, mas dessa vez foi dito pausadamente e com um tom mais forte.

– Daniel, Daniel. – Falou quase que num grito e eu passei as mãos no cabelo, deixando bem claro a minha frustração.

– Para onde seu filho levou ela? – Me aproximei dele, a essa altura eu já estava perdendo a cabeça. – PARA ONDE ELE LEVOU ELA? – Gritei e fiquei na frente daquele ser desprezível.

– Eu não sei! – Falou baixo.

– NÃO MENTE PARA MIM! – Dei socos na parede bem perto de seu rosto.

– Dylan! – Tyler agarrou em meu braço tentando me puxar para longe dele mas eu me soltei de suas mãos e olhei no fundo dos olhos sombrios e sem vida de Matthew.

– Só mais uma vez... – Respirei fundo. – Para onde ele levou ela?

– Eu já disse que não sei, você é surdo?! – Falou.

– E você tem um nariz quebrado... – Sorri de lado e ele me olhou confuso. Dei um soco em seu rosto que o fez cair no chão e eu grunhi de dor.

– Dylan, já chega! – Tyler se meteu em minha frente. – Ele não sabe, ele realmente não sabe. – Falou com as mãos em meu ombro mas eu me remexi fazendo com que tirasse suas mãos dali.

– Se alguma coisa... – Olhei para Matthew e apontei o dedo em sua cara. Parei de falar pois só de pensar naquela possibilidade, meu coração doía. – Se alguma coisa acontecer a ela... Eu juro... Eu juro por Deus que eu te mato!

Saí a passos apressados, passando entre Cody e Sprayberry que estavam na porta junto com Sharman. Andei tão rápido que em questão de segundos eu já estava em frente à casa daquele homem. Levantei minha cabeça e olhei para o céu. Conhece aquele ditado que diz que quando uma saudade não cabe no peito, ela transborda pelos olhos? No meu caso agora é uma mistura de sentimentos. Angustia, preocupação, tristeza e... Saudades.

– Não perdi as esperanças de te encontrar...

(LETÍCIA narrando)

Tome cuidado em quem você confia, nem todos que sorriem para você são verdadeiros, olha onde eu vim parar, eu confiei em quem não devia e desconfiei de quem sempre me avisou que algo poderia acontecer. Ainda não caiu a ficha de tudo o que está acontecendo, da onde eu estou. Aliás, onde eu estou? Me sentei na cama rapidamente, coloquei a mão na testa e gemi baixo sentindo uma tontura. 

Olhei ao redor e não reconheci nada, o lugar era iluminado por quatro lâmpadas, uma em cada canto do quarto deixando-o com uma aparência mais sombria. Eu imploro para que tudo seja um sonho. Mas não, não é um sonho. É tudo real e doloroso. Para que levar a vida tão a sério, se a vida é uma alucinante aventura da qual jamais sairemos vivos e o meu maior medo nesse momento é que eu morra nessa aventura. Depois que a tontura passou, me pus de pé e andei até a porta daquele quarto, tentei abrir mas estava trancada.

– Merda!

Bati fortemente na porta e me virei de costas para ela, analisando cada canto daquele lugar à procura de alguma saída. Tinha uma pequena janela mas era muito alta para que eu pudesse escalar. Escutei a tranca da porta e me virei bruscamente para olhar a pessoa que estava prestes a entrar.

– Uou, você acordou. – Falou entrando com uma bandeja em mãos.

– Audrey? O que você...

– Desculpe, gatinha. – Sorriu e deixou a bandeja sobre a mesa que havia ali. – Você é tão ingênua, sempre confia em pessoas erradas.

– Estou percebendo isso, se bem que eu nunca confiei em você. – Cruzei os braços. – Mas obrigada por me lembrar. – Notei que ela havia deixado a porta meio aberta e talvez essa seja a minha chance. É agora ou nunca. Corri até a porta mas dei de cara com o peitoral de alguém. Olhei para cima e vi Daniel. Nunca tinha reparado que ele é tão alto.

– Nada de fugir daqui querida. – Falou e deu passos para frente, me fazendo dar passos para trás.

– Vocês dois? É sério isso produção? – Soltei uma risada. – Cadê as câmeras?

– Não há câmeras e isso é realmente sério. – Audrey falou se aproximando de Daniel e o abraçou.

– Pode nos dar licença? – Daniel a olhou.

– Claro meu amor.. – Audrey sorriu e deu um selinho em Daniel, saindo em seguida. Amor?

– Mas que puta. – Falei baixo mas com certeza Daniel ouviu já que começou a gargalhar.

– Olha, ela xinga. – Se aproximou de mim e eu continuei me afastando até sentir a parede em minhas costas. – Você sabe quem eu sou e a linhagem de minha família...

– Sei, todos vocês são desgraçados. Você e seu pai merecem ir para a cadeia e apodrecer como o seu avô. – Falei olhando dentro de seus olhos e não demorou para que eu sentisse uma dor em minha bochecha. Um tapa. Coloquei a mão sobre minha bochecha e o olhei incrédula. 

– Você desperta o pior em mim, Letícia!

(...) 

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