Respirei fundo e me virei de frente para ele. Ele estava encostado no carro e usava um óculos escuros. Como ele consegue ficar mais lindo do que já é? Caminhei em sua direção.
– O que você está fazendo aqui, Dyl? – Parei em sua frente.
– Só vim lhe buscar no trabalho, não posso? – Sorriu.
– Não era você que não queria que eu aparecesse na mídia? – Cruzei os braços.
– Não queria mesmo, mas você já apareceu tanto que agora não faz mais diferença. – Abriu a porta do carro.
– Só entro aí quando me contar o que está me escondendo. – Ele respirou fundo e tirou os óculos.
– De novo essa história?
– Vocês não me enganam dizendo que é só uma festa surpresa para a Crystal, não me enganam mesmo. – Continuei parada. Ele olhou para cima e me virei para ver o que ele olhava. Era meu chefe que estava nos observando do andar superior aonde era a minha sala. – Conhece ele? – Perguntei.
– Você o conhece?
– Claro, ele é o meu chefe. – Falei e fiquei confusa com a sua reação.
– Entra no carro. – Falou e foi para o lado do motorista.
– Será que você pode parar de fazer isso? – Entrei no carro e o olhei.
– Isso o que? – Perguntou já dando partida no carro.
– Me esconder as coisas. – Coloquei o cinto de segurança. – Você fica todo estranho por causa do Daniel, agora vai ficar assim por causa do meu chefe também?! – Dylan não falava nada. – Dylan caralho, eu estou falando contigo! – Me exaltei.
– Não é nada! Você não vai querer saber. – Ele também aumentou o tom de voz.
– Se eu não quisesse saber não estaria te perguntando!
– E se fosse da sua conta, eu teria te respondido. – Ok, essa doeu.
– Para o carro.
– O que?
– Para a droga do carro! – Tirei o cinto de segurança e ele parou o carro. – Eu vou voltar andando! – Desci do carro e ele desceu também. E como nos filmes, numa cena dramática, começou a chover.
– Letícia espera! – Correu atrás de mim. – Vamos conversar.
– Conversar? Agora você quer conversar? – Parei de andar e o olhei. – Então por que não começa me dizendo o que você me esconde, não só você mas todo mundo. Todo mundo.
– Eu não sei por onde começar...
– Que tal começar do começo? Huh? – Me acalmei. – Me fala o que tanto te preocupa, o que te aflige tanto?
– Me aflige saber que por causa dele alguma coisa muito ruim pode acontecer contigo.
– Por causa de quem? – Ele ficou calado e eu respirei fundo. – Faz o seguinte, só vem atrás de mim se você for me dizer a verdade, caso contrário me deixe ir. – Virei de costas e comecei a andar mas quando tomei uma distância dele, me virei para olha-lo e ele sequer tinha se movido. – Caso eu seja atingida por um raio, quero que fique em sua consciência de que a culpa é sua.
Continuei meu caminho e poucos segundos depois eu vi o carro dele passar por mim em alta velocidade. Pelo amor de Deus Dylan, cuidado. Entrei em uma lanchonete próxima para poder escapar da chuva e me sentei, a garçonete veio me atender e eu aproveitei que estava lá para pedir apenas um suco de maracujá, meu corpo precisava se calmar. Tirei o celular da bolsa e agradeci internamente pela minha bolsa ser a prova d'água. Respondi algumas mensagens e rapidamente a garçonete me trouxe o suco. Tomei enquanto observava o movimento da rua, todo mundo tentava fugir da chuva. Quando terminei o suco, deixei o dinheiro em cima da mesa e saí da lanchonete.
Eu vi a chuva caindo e chorei, sabendo que ninguém me ouviria. As lágrimas saiam tão naturalmente de mim, há tanto presas de propósito, que meu corpo não sabia reagir, ainda estava domado pela ideia de que algo muito maior estava por vir e todos estavam me tratando como uma criança que não sabia se cuidar sozinha. Eu posso até ter o tamanho de uma (brincadeira) mas não sou criança. Quando me dei conta eu já estava em frente ao meu prédio, apertei o botão do elevador e esperei as portas se abrirem. Assim que se abriu, entrei e apertei o botão do meu andar.
– Poxa vida, eu vou dar um trabalhão para a tia da limpeza...
Falei quando percebi o rastro de água que eu estava deixando. Saí do elevador e entrei no meu apartamento e dessa vez eu deixei a minha bolsa no chão já que ela estava ensopada. Corri para o banheiro e tirei aquela roupa molhada, tomei um banho e me vesti com uma roupa quentinha. Voltei para a sala e peguei a minha bolsa, tirei as coisas de dentro colocando sobre o sofá. Levei a bolsa para a lavanderia e pendurei.
– Daqui uma semana você seca.
Falei com a bolsa e saí dali. Voltei para a sala e peguei meu celular, não havia nenhuma mensagem. Nenhuma. Mas eu enviei uma mensagem para Tyler perguntando se ele estava com o Dylan ou se sabia alguma coisa sobre ele. De repente ele me liga.
– Como assim? – Tyler perguntou. – Pensei que ele estava contigo.
– Estava... – Respirei fundo. – A gente meio que brigou e eu voltei para casa andando.
– Nessa chuva? – Perguntou e eu confirmei.
– Estou preocupada, Tyler, ele passou por mim em alta velocidade...
– Calma, a gente vai encontra-lo.
Dito isso, ele pediu que eu descansasse e desligou a ligação. Me deitei no sofá, fechei os olhos e apaguei.
(...)
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| Como Nos Filmes |
FanficVocê acredita em um mundo paralelo ao que vivemos? Acredita que possa existir um mundo como nos filmes? Imagine que, por obra do destino, sua família tens de voltar ao país natal (Brasil), abandonando assim tudo e todos em Nova Iorque, incluindo o s...