CAP. 6 - SOLTEIRÃO NARCISISTA

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23 DE JUNHO DE 2019

– Como assim não? – Julya me olhou.

– Julya, eu não vim pra cá pra ficar na casa dos outros, eu posso até ficar aqui nos meus primeiros dias, mas logo eu caço meu rumo.

– Mas por que?

– A resposta é bem simples, voltei para cá em busca de uma independência, quero ter o meu próprio cantinho, sabe.... – O carro parou e nós duas descemos.

– Entendo, mas eu quero te ajudar... – Sorriu.

– Você vai me ajudar bastante me dando apoio moral. – Rimos.

– A mãe vai amar te ver aqui. – Me ajudou com as malas e eu a segui.

Ok, ela realmente é irmã de uma celebridade internacional. Eu estava ansiosa para reencontrar com eles e poder abraça-los.

– Será que Tia Lisa ainda lembra de mim? – Perguntei receosa.

– Talvez, você tinha 9 anos quando foi embora daqui, apesar de ainda estar com um rostinho de bebê, você mudou bastante.

Entramos na casa e fiquei boquiaberta com aquele lugar, Julya anuncia nossa presença e logo uma Senhora veio até nós. Lisa, ela também não havia mudado quase nada desde a última vez que a vi.

– Querida, não sabia que teríamos hóspedes na casa. – Disse olhando para mim. Ficou olhando para mim como se tentasse lembrar de algo.

– Não a reconhece mãe? – Perguntou e Lisa negou com a cabeça.

– Tia Lisa, certeza que não lembra da sua garotinha? – Sorri para ela e logo ela tratou de abrir um sorrisão que tive medo que rasgasse sua boca.

– Meu Deus do Céu, é você mesmo? – Se aproximou de mim e tocou em meu rosto. – Como você está linda, Letícia! – Me abraçou e eu a abracei de volta.

– Muita coisa muda em 16 anos, não é mesmo? – Ela me soltou.

– Como vai a família? Sua mãe? Seu pai? Sua irmã? Você? Tem tantas perguntas que quero lhe perguntar. – Falou um pouco rápido. – Eu sinto tanta falta de vocês.

– Ela chorou por um bom tempo depois que perdemos o contato com vocês. – Julya falou.

– Pelo visto a Senhora e a mãe são realmente almas gêmeas. – Brinquei. – Porque a mãe também chorou e sente até hoje.

– Vamos, primeiro lhe mostrarei onde você ficará, depois que você estiver devidamente hospedada, vamos colocar o papo em dia. – Julya me puxou para longe da mãe.

Ela me guiou pelos corredores da casa e cada canto era tão lindo e eu prestava atenção em cada detalhe, em cada quadro pendurado nas paredes e um deles me chamou bastante atenção.

– Mentira que isso aqui tá pendurado. – Apontei para o pequeno quadro e Julya riu.

– A mãe para todo dia em frente a esse quadro e faz a seguinte pergunta: será que vocês estão bem? – Falou.

Era um desenho que eu havia feito quando era criança antes de ir embora.

– Então esse desenho manteve as memórias de vocês por nós?

– Sim, tecnicamente, e o que manteve as suas memórias intactas? – Julya me olhou curiosa.

– Dis be my channel. – Dito isso, ela caiu na gargalhada e começou a andar e eu a segui.

– Dylan é realmente uma peça rara. – Falou abrindo uma das portas, entrei e fiquei deslumbrada com a decoração daquele quarto.

Ela me apresentou cada parte do local e saiu para que eu pudesse arrumar minhas coisas. Coloquei uma de minhas malas sobre a cama e comecei a arrumar minhas roupas no guarda-roupa. Aos poucos o quarto ia ficando com o meu jeitinho. Retirei também um porta-retrato com a foto da minha família toda reunida e sorri ao relembrar como era ter uma família unida e sem problemas diversos.

No quarto havia um banheiro então resolvi tomar um banho antes de voltar lá para baixo. Peguei uma toalha e fui ao banheiro, tomei um banho um pouco demorado até, escovei os dentes e prendi meu cabelo. Abri a porta do banheiro e tomei um susto.

– Puta Merda!

Pus a mão no coração e respirei fundo. Como não havia percebido aquele quadro enorme em frente a porta do banheiro?

– Dyl, não me diga que você é um solteirão narcisista?!

Ri. Havia uma pintura enorme do Dylan pendurado na parede, juro que não tinha percebido antes. Me vesti e saí do quarto, a medida em que descia as escadas, o cheiro da comida ia ficando mais forte.

– Já está na hora da janta? Nem percebi que já estava a noite. – falei chegando na cozinha e vendo Tio Patrick lá também.

– Lisa, você estava certa, ela realmente se tornou uma linda mulher. – Falou sorrindo ao me ver.

– Obrigada tio. – Me sentei na cadeira apoiando meus braços na mesa. – Aliás, Dyl é um solteirão narcisista? – Perguntei e eles me olharam assustados.

– Como assim? – Julia perguntou.

– Não me leve a mal, é uma gíria brasileira para se referir a pessoas com quadros enormes de pinturas delas mesmas, por que tem um quadro do Dyl na porta do meu banheiro? Não vou consegui tomar banho com ele me olhando. – Fiz todos rirem.

– É só fechar a porta. – Patrick falou e eu balancei a cabeça negativamente.

– Mas quando eu abrir a porta, ele ainda vai estar lá me olhando. – Ri.

– Dylan disse que era para inspirar as minhas amigas que vinham aqui, se é que me entende. – Julia sorriu maliciosa.

– Entendo, mas isso só me inspira a vomitar. – Brinquei. ­– Dyl é um feioso.

– Você ainda chama ele da mesma forma que o chamava quando era criança. – Tia Lisa sorriu e eu concordei com a cabeça.

E assim se passou a noite, contei tudo o que nos aconteceu ao decorrer desses anos longe, muitas coisas mudaram por aqui também. Mudaram mesmo. Mudanças drásticas. Nunca pensei que seria amiga de infância de um dos atores mais bem pagos dos últimos tempos. Por falar nisso, Dylan está no meio de umas gravações para seu próximo filme, segundo tia Lisa, só voltará para casa no final do ano.

Eu estava longe, mas de certa forma eu estavabem pertinho deles, mas não se compara ao fato de realmente estar aqui comeles, poder abraça-los e matar a saudade que durava 16 anos. 

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