(Narrado em 3ª pessoa)
– Conversar?! Então agora você quer conversar? – Letícia perguntou sarcástica.
– Isso está fedendo a cilada. – Cody resmungou baixo, mas foi alto o suficiente para que alguns escutassem.
– Desculpe querida, não estamos abertos a negociações. – Holland cruzou os braços.
– Não vim negociar, eu vim conversar e explicar a história toda por trás de tudo isso. – Audrey se sentou no sofá.
– E ainda é folgada. – Shelley revirou os olhos.
– Se quer conversar, vamos conversar. – Letícia se sentou um pouco afastada de Audrey, olhou para os outros e percebeu os olhares de reprovação. – Que? Todo mundo merece o benefício da dúvida.
– No caso ela não. – Dylan falou incrédulo. Letícia olhou para Audrey e viu sinceridade no olhar da garota, o que só confirmou as suspeitas de Letícia. Ela também estava sendo chantageada para fazer tudo aquilo.
– No caso ela sim. – Olhou para todos ali. E com o olhar, pediu para que todos se retirassem da sala.
– Eu não estou acreditando nisso. – Shelley respirou fundo e saiu da sala e foi seguida pelo restante, menos Dylan.
– Vá, qualquer coisa eu grito.
– Não, eu não vou. – Cruzou os braços. – Eu vou ficar.
– Dylan, vem logo! – Tyler o chamou.
– Não, já disse... – Foi puxado por Tyler. – Tá bem, mas só porque você é mais forte.
E então restaram apenas Letícia e Audrey na sala juntamente com um silêncio. Audrey não sabia por onde começar a história e muito menos se deveria contar a verdade, a verdade por trás daquilo tudo.
– Você veio me contar alguma coisa, então conte. – Letícia quebrou o silêncio. – Caso contrário, saia da minha casa.
– Não, calma. – Respirou fundo. – Eu vou contar, só não sei por onde começar.
– Sabe, que tal você começar do início? Já é um bom começo. – Falou irônica.
– Tá, tudo começou em 1975... – Começou a história mas foi interrompida.
– Há 45?! Você não era nem nascida!
– Eu sei, mas meu avô era. – Se ajeitou no sofá e pôs uma almofada sobre suas pernas. – Você já ouviu falar sobre o bebê diabo que nasceu no Brasil em 1975?
– Sim, é uma lenda urbana brasileira.
– Não é tão lenda assim. – Letícia a olhou confusa, então continuou. – Meu avô, Jacob Carter, na época era um jovem jornalista e ficou sabendo dessa notícia, largou minha avó e meu pai que na época tinha 1 ano de idade e então viajou para o Brasil para fazer uma matéria sobre o bebê diabo. Ele fez a matéria, mas foi tão sombria que ele está internado num hospício até hoje, alegando que o bebê diabo ainda o atormenta.
– Assustador, mas o que isso tem a ver com tudo o que tá acontecendo?
– Vou chegar nessa parte. – Audrey abriu a sua bolsa e retirou de lá vários papéis. – São os jornais da época, algumas das matérias que meu avô fez antes de ficar louco. – Entregou os jornais para Letícia, que começou a folheá-los com curiosidade. – Recomendo a não analisar as imagens, são tão reais que me causam arrepios na espinha.
– Já que falou, atiçou ainda mais a minha curiosidade. – Disse e parou sobre uma das páginas que continham uma foto de um bebê. – Isso é...
– Sim, é o bebê diabo. – Completou Audrey.
– Mas é tão real... – Letícia aproximou a foto de seu rosto para ver mais de perto, mas teve o jornal puxado de suas mãos.
– Tá doida garota, falei para não analisar as fotos. – Audrey falou um pouco alto. – Eu achei esses jornais no porão de casa, então fui pesquisar sobre e olha o que eu achei. – Entregou outro jornal a Letícia, que logo leu.
– Isso é impossível. – Olhou assustada para Audrey, voltando a atenção para o jornal. – O bebe diabo é filho de Marcia Lorene Brown e... Gary Ridgway... – Continuava perplexa.
– Sim, e tem mais... – Puxou de dentro de sua bolsa, um notebook.
– Se eu entrar dentro da sua bolsa, eu saio em Nárnia? – Letícia ironizou.
– Talvez. – Audrey riu. Ligou o notebook e abriu uma das pastas que estavam na área de trabalho. – Essas são algumas matérias que eu achei na internet, olha só... – Virou o notebook para que Letícia pudesse ver. – O bebe diabo nasceu em 11 de maio de 1975, o mesmo dia que...
– O mesmo dia em que nosso chefe, Matthew, nasceu! – Pegou o notebook das mãos de Audrey e começou a ler mais. – Mas eu sempre pensei que ele tinha nascido aqui mesmo...
– Não, os pais dele estavam de férias no Brasil quando Marcia começou a sentir dores de parto. – Explicou. – Quando Matthew fez 5 anos, em 1980, foi quando Gary Ridgway começou a cometer os crimes e virou um serial killer, coincidência né? - Sorriu sarcástica. – Eu pesquisei por mais e descobrir ainda que as duas saliências na testa do bebê.
– Os chifres... – Letícia falou.
– Isso, e o prolongamento do cóccix...
– O rabo...
– Isso. – Respirou fundo. – Eram apenas uma má formação e foi resolvido com uma cirurgia. – Letícia ficou estática, olhando para o nada. – Não me diga que ficou louca também e que teremos que lhe internar no hospício como o meu avô. – Falou um pouco preocupada e passou a mão em frente ao rosto de Letícia. – Não fica assim, eu ainda nem contei tudo.
– Ainda tem mais?! Isso não é possível! Demônios não existem, quer dizer, existem, mas um diabo encarnado em uma pessoa?! Isso é demais, estou me sentindo na série Lúcifer! – Letícia se levantou do sofá e colocou o notebook sobre o sofá. – Matthew não é o diabo, isso não é possível!
– Eu também não quis acreditar nisso, mas eu descobrir isso e como sou burra, fui perguntar. – Se levantou também.
– Você foi perguntar se era verdade?! – Audrey assentiu. – Dylan me chama de idiota, isso porque não te conhece! – Cruzou os braços olhando para a enorme janela que permitia a visão de todo o Upper East Side, lembrou de algo e olhou para Audrey novamente. – Por isso você me avisou sobre pedir demissão do emprego, você já sabia de tudo isso!
– Sim, eu já sabia.
– Então estavam te chantageando para que fizesse tudo o que ele quisesse.
– Eles, eles estavam...
– Daniel também?!
– O cara é o filho do diabo, tu queria que ele fosse bonzinho?!
– Essa família cada vez me assusta mais. – Letícia olhou para Audrey e suspirou. – Aonde foi que eu fui me meter...
– Sabe por que eu tenho tanta certeza do que eu digo e acredito que todas essas matérias escritas por meu avô são reais? – Perguntou e Letícia negou. – Porque lembra que eu disse que meu avô ainda diz que o diabo o atormenta todos os dias? – Letícia assentiu. – Eu fui até o hospício e pedir para ver os registros de visitantes e advinha quem visita meu avô todos os dias? – O coração de Letícia disparou de tal forma que parecia que a qualquer momento ia sair pela boca.
– Matthew!
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| Como Nos Filmes |
FanficVocê acredita em um mundo paralelo ao que vivemos? Acredita que possa existir um mundo como nos filmes? Imagine que, por obra do destino, sua família tens de voltar ao país natal (Brasil), abandonando assim tudo e todos em Nova Iorque, incluindo o s...