CAP. 39 - O BEBÊ DIABO

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(Narrado em 3ª pessoa)


– Conversar?! Então agora você quer conversar? – Letícia perguntou sarcástica.

– Isso está fedendo a cilada. – Cody resmungou baixo, mas foi alto o suficiente para que alguns escutassem.

– Desculpe querida, não estamos abertos a negociações. – Holland cruzou os braços.

– Não vim negociar, eu vim conversar e explicar a história toda por trás de tudo isso. – Audrey se sentou no sofá.

– E ainda é folgada. – Shelley revirou os olhos.

– Se quer conversar, vamos conversar. – Letícia se sentou um pouco afastada de Audrey, olhou para os outros e percebeu os olhares de reprovação. – Que? Todo mundo merece o benefício da dúvida.

– No caso ela não. – Dylan falou incrédulo. Letícia olhou para Audrey e viu sinceridade no olhar da garota, o que só confirmou as suspeitas de Letícia. Ela também estava sendo chantageada para fazer tudo aquilo.

– No caso ela sim. – Olhou para todos ali. E com o olhar, pediu para que todos se retirassem da sala.

– Eu não estou acreditando nisso. – Shelley respirou fundo e saiu da sala e foi seguida pelo restante, menos Dylan.

– Vá, qualquer coisa eu grito.

– Não, eu não vou. – Cruzou os braços. – Eu vou ficar.

– Dylan, vem logo! – Tyler o chamou.

– Não, já disse... – Foi puxado por Tyler. – Tá bem, mas só porque você é mais forte.

E então restaram apenas Letícia e Audrey na sala juntamente com um silêncio. Audrey não sabia por onde começar a história e muito menos se deveria contar a verdade, a verdade por trás daquilo tudo.

– Você veio me contar alguma coisa, então conte. – Letícia quebrou o silêncio. – Caso contrário, saia da minha casa.

– Não, calma. – Respirou fundo. – Eu vou contar, só não sei por onde começar.

– Sabe, que tal você começar do início? Já é um bom começo. – Falou irônica.

– Tá, tudo começou em 1975... – Começou a história mas foi interrompida.

– Há 45?! Você não era nem nascida!

– Eu sei, mas meu avô era. – Se ajeitou no sofá e pôs uma almofada sobre suas pernas. – Você já ouviu falar sobre o bebê diabo que nasceu no Brasil em 1975?

– Sim, é uma lenda urbana brasileira.

– Não é tão lenda assim. – Letícia a olhou confusa, então continuou. – Meu avô, Jacob Carter, na época era um jovem jornalista e ficou sabendo dessa notícia, largou minha avó e meu pai que na época tinha 1 ano de idade e então viajou para o Brasil para fazer uma matéria sobre o bebê diabo. Ele fez a matéria, mas foi tão sombria que ele está internado num hospício até hoje, alegando que o bebê diabo ainda o atormenta.

– Assustador, mas o que isso tem a ver com tudo o que tá acontecendo?

– Vou chegar nessa parte. – Audrey abriu a sua bolsa e retirou de lá vários papéis. – São os jornais da época, algumas das matérias que meu avô fez antes de ficar louco. – Entregou os jornais para Letícia, que começou a folheá-los com curiosidade. – Recomendo a não analisar as imagens, são tão reais que me causam arrepios na espinha.

– Já que falou, atiçou ainda mais a minha curiosidade. – Disse e parou sobre uma das páginas que continham uma foto de um bebê. – Isso é...

– Sim, é o bebê diabo. – Completou Audrey.

– Mas é tão real... – Letícia aproximou a foto de seu rosto para ver mais de perto, mas teve o jornal puxado de suas mãos.

– Tá doida garota, falei para não analisar as fotos. – Audrey falou um pouco alto. – Eu achei esses jornais no porão de casa, então fui pesquisar sobre e olha o que eu achei. – Entregou outro jornal a Letícia, que logo leu.

– Isso é impossível. – Olhou assustada para Audrey, voltando a atenção para o jornal. – O bebe diabo é filho de Marcia Lorene Brown e... Gary Ridgway... – Continuava perplexa.

– Sim, e tem mais... – Puxou de dentro de sua bolsa, um notebook.

– Se eu entrar dentro da sua bolsa, eu saio em Nárnia? – Letícia ironizou.

– Talvez. – Audrey riu. Ligou o notebook e abriu uma das pastas que estavam na área de trabalho. – Essas são algumas matérias que eu achei na internet, olha só... – Virou o notebook para que Letícia pudesse ver. – O bebe diabo nasceu em 11 de maio de 1975, o mesmo dia que...

– O mesmo dia em que nosso chefe, Matthew, nasceu! – Pegou o notebook das mãos de Audrey e começou a ler mais. – Mas eu sempre pensei que ele tinha nascido aqui mesmo...

– Não, os pais dele estavam de férias no Brasil quando Marcia começou a sentir dores de parto. – Explicou. – Quando Matthew fez 5 anos, em 1980, foi quando Gary Ridgway começou a cometer os crimes e virou um serial killer, coincidência né? - Sorriu sarcástica. – Eu pesquisei por mais e descobrir ainda que as duas saliências na testa do bebê.

– Os chifres... – Letícia falou.

– Isso, e o prolongamento do cóccix...

– O rabo...

– Isso. – Respirou fundo. – Eram apenas uma má formação e foi resolvido com uma cirurgia. – Letícia ficou estática, olhando para o nada. – Não me diga que ficou louca também e que teremos que lhe internar no hospício como o meu avô. – Falou um pouco preocupada e passou a mão em frente ao rosto de Letícia. – Não fica assim, eu ainda nem contei tudo.

– Ainda tem mais?! Isso não é possível! Demônios não existem, quer dizer, existem, mas um diabo encarnado em uma pessoa?! Isso é demais, estou me sentindo na série Lúcifer! – Letícia se levantou do sofá e colocou o notebook sobre o sofá. – Matthew não é o diabo, isso não é possível!

– Eu também não quis acreditar nisso, mas eu descobrir isso e como sou burra, fui perguntar. – Se levantou também.

– Você foi perguntar se era verdade?! – Audrey assentiu. – Dylan me chama de idiota, isso porque não te conhece! – Cruzou os braços olhando para a enorme janela que permitia a visão de todo o Upper East Side, lembrou de algo e olhou para Audrey novamente. – Por isso você me avisou sobre pedir demissão do emprego, você já sabia de tudo isso!

– Sim, eu já sabia. 

– Então estavam te chantageando para que fizesse tudo o que ele quisesse.

– Eles, eles estavam...

– Daniel também?!

– O cara é o filho do diabo, tu queria que ele fosse bonzinho?!

– Essa família cada vez me assusta mais. – Letícia olhou para Audrey e suspirou. – Aonde foi que eu fui me meter...

– Sabe por que eu tenho tanta certeza do que eu digo e acredito que todas essas matérias escritas por meu avô são reais? – Perguntou e Letícia negou. – Porque lembra que eu disse que meu avô ainda diz que o diabo o atormenta todos os dias? – Letícia assentiu. – Eu fui até o hospício e pedir para ver os registros de visitantes e advinha quem visita meu avô todos os dias? – O coração de Letícia disparou de tal forma que parecia que a qualquer momento ia sair pela boca.

– Matthew!

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