thirty five

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Sentia falta de Nova York mais do que conseguia admitir. O movimento, os turistas, o clima. Meu apartamento continuava intacto quando cheguei depois de quase oito meses sem vir para a América. Os últimos dois meses foram um pouco corridos para mim, em relação ao trabalho. No fim, ficarei como colunista da Vogue América e Vogue Paris. Um peso em tanto na minha carreira, mas eu devo admitir que estava realizada profissionalmente.

- Hey, babe. Já cheguei.

- Como foi de viagem?

- Tudo certo, só estou com um pouco de dor de cabeça. - abri a minha agenda olhando os compromissos que teria no dia.

- De novo? - A voz de Harry ficou em um tom preocupado.

- É, provavelmente o fuso. - dei ombros mesmo que ele não pudesse ver. - Eu tenho que ir, tenho uma reunião em meia hora.

- Se cuida, linda. Amo você.

- Até.

Deduzi que um banho rápido iria tirar toda a nhaca do vôo longo e o cansaço que o fuso horário estava me proporcionando. A cada minuto que passava, minha cabeça latejava mais e mais, então, antes de sair tomei peguei o adivil da cartela quase vazia e tomei rapidamente torcendo para que a dor passasse antes de eu chegar na Vogue.

.

- Então, fechamos com esse para a próxima edição. - Ana olhava as opções que estavam postas em sua frente cuidadosamente. - É, é isso aí, pessoal. - ela olhou para todos ao redor da mesa e fechou a sua agenda, assim, concluindo a reunião. Todos se levantaram para sair incluindo eu. - Elizabeth! Uma palavrinha?

- Claro! - acenei para Jessica que estava saindo e voltei ao meu lugar. Logo depois que nos deixaram a sós, Ana abriu um largo sorriso.

- Como está, querida? Sentimos sua falta aqui.

- Ah, estou bem. - sorri. - Eu também sinto, mas pretendo vir com mais frequência.

- E como foi a lua de mel? - ela apoiou seu queixo em sua mão como se esperasse os sórdidos detalhes. - Vamos, me conte tudo!

- Ah, foi incrível. - ri um pouco envergonhada. - Harry alugou uma ilha particular nas Maldivas, foi literalmente, o paraíso. - suspirei lembrando e já sentindo saudades.

- Você acertou em cheio, não é? - ela sorriu. - Sorte a sua, garota.

- Realmente, sorte a minha.

- Então, queria combinar com você a nossa agenda do próximo semestre.

- Claro...

.

Encarei o teto branco do meu quarto. Não conseguia dormir. Nas últimas semanas eu simplesmente não conseguia dormir mais do que duas horas. Eu estava exausta.

Eu tentava ao máximo não mostrar ao Harry sobre esse pequeno problema, por mais que ele já tenha me pegado acordada diversas vezes durante a noite. Ele era muito preocupado comigo, e as vezes eu me sentia sufocada, por mais que as intenções dele fossem boas. Desde que voltamos da lua de mel, sinto que ficamos um pouco distantes. Talvez fosse normal, afinal, não seria lua de mel para sempre, não é?

Mas eu sentia que o fato de ser casada com um cantor famoso prestes a entrar em turnê mundial, ser colunista não de uma, mas de duas revistas mais prestigiadas do mundo e ainda ter uma filha de um ano e meio, estava me esgotando. Eu sentia que era muito para eu lidar. Então começou as enxaquecas do inferno, as noites mal dormidas e a exaustão.

Não notei que havia passado tanto tempo até sentir a claridade do sol bater no meu rosto. Já havia amanhecido. Hoje eu teria mais algumas reuniões da revista e uma com a Gucci. Mal havia começado meu dia, e eu já me sentia esgotada.

Depois de me arrumar e tomar café, segui para a primeira reunião. Era apenas sobre o próximo catálogo, e as modelos, nada que fosse muito relevante. A outra, também era a seleção de modelos e marcas. Já na Gucci, eles queriam fazer um novo contrato comigo, meu contrato havia acabado fazia um tempo, então eles estavam atrás de mim para renovar. Eu sabia que não conseguiria dar conta de mais uma coisa, mas mesmo assim, eu aceitei, afinal... Quem diz não para Gucci, certo?

O dia, por mais cheio que tivesse sido, se arrastou, e um suspirou de alivio saiu de mim quando entrei em casa. Me arrastei para tomar um banho quente e longo a procura de alivio para a maldita dor de cabeça. Me aconcheguei em um conjunto de moletom e me dirigi a sala me esticando no sofá. Fechei os olhos rezando para que o sono viesse só um pouco. Nada.

Um barulho na porta fez eu abrir os olhos devagar, tão devagar pois eles pareciam que pesavam toneladas. A porta da entrada foi aberta e um Harry sorridente apareceu no meu campo de visão.

- O que está fazendo aqui? - levantei confusa.

- Eu queria fazer uma surpresa. - ele ainda sorria. - Bom... Surpresa!

- Harry! - seu sorriso se desfez automaticamente diante a minha expressão. - Eu volto depois de amanhã, custava me esperar?

- Eu só... desculpa, amor. Eu pensei que você...

- Pois pensou errado. - o cortei.

- Qual o seu problema? - perguntou largando sua mala de ombro no chão.

- Qual o meu problema? - ri incrédula. - Qual o seu problema! Você não me deixa em paz. - meu tom de voz aumentou e ele deu um passo para trás. - Eu só preciso da porra de um tempo, e você está sempre em cima de mim.

- O que aconteceu com você? - ele disse baixo como se não acreditasse nas minhas palavras. - Nas últimas semanas você se afastou completamente de mim, da Marie Anne, sua filha! Desde que voltamos da ilha você ficou completamente irreconhecível, Elizabeth. E eu tentei relevar, eu juro que tentei, pensei que fosse uma fase, algo que você estivesse passando. - ele gesticulou. - Mas só piora. Você mal conversa comigo, mal dá atenção para a sua filha. Moramos na mesma casa e sabe o que ela me disse? Que sente a sua falta! - os olhos dele ficaram vermelhos e cheios de lágrimas. - Ela sente a porra da falta da mãe dela que mesmo estando ali parece a porra de um fantasma!

- Mas eu estou ali! - gritei irritada. - Eu estou sempre ali.

- Eu não sei o que está acontecendo com você, eu não conheço mais você. E se você acha que eu estou muito em cima... Bom, surpresa, Elizabeth, somos casados agora, é meu dever cuidar de você.

- Eu não quero que você cuide de mim. - cuspi as palavras ficando irritada a cada palavra que saia da boca dele.

- Você não sabe o que está falando. - ele balançou a cabeça negativamente pegando a sua mala de volta.

- Fica. - eu disse indo até a porta. - Eu saio.

- Elizabeth...

- Eu preciso de ar. - peguei as chaves e bati a porta o deixando sozinho.

Desci sentindo minha cabeça quase entrar em combustão. Fechei os olhos respirando fundo. Eu só queria um momento de paz. Só paz e silêncio.

Mas ao me deparar com a onda de paparazzi na entrada do prédio, tudo foi por água abaixo. Decidi, mesmo assim enfrentar os fotógrafos. Caminhei lentamente enquanto ia sendo bombardeada de perguntas e flashes. Eu não enxergava nada, eu não escutava nada.

Eu simplesmente... apaguei.


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Apenas avisando que........ Estamos no finzinho de The Baby! E se preparem!

Até o próximo! ❤️

THE BABY - H.S PTOnde histórias criam vida. Descubra agora