Trust - Beauany | 2° Temporada.

007

ANY

Eu estava vendo Josh mais vezes do que eu gostaria. Por termos curso diferente, quando descobri que ele voltou, achei que veria ele uma vez ou outra e olhe lá. Estava realmente contanto com isso, mas, infelizmente, temos uma amiga em comum e ele magicamente sempre aparece nos lugares em que estou.

Semana passada ele disse que colocaria meu nome na lista para a palestra de Elon Musk. Fiquei muito animada porque o cara é um deus da engenharia e, querendo admitir ou não, Engenharia e Arquitetura andam lado a lado. Era claro que eu ia querer ouvir esse homem falar, não recusaria nem ferrando. Porém, olhando seus olhos quando aceitei, me arrependi um pouco. Não posso ficar perto dele. Não quero ficar perto dele. Dois anos me consultando e falando mal de Josh para minha querida psicologa, ajudaram-me a controlar a raiva e a mágoa que eu sentia do meu ex namorado. Entretanto, elas ainda estavam dentro de mim. Quando eu o olhava, eu revivia aquele último dia muitas vezes e toda decepção vinha como uma onda grande em meu coração.

No mesmo dia que ele me convidou para a palestra, eu vi sua amiga Tori. Mas, parando para pensar agora, não sei se são mais amigos. Não a vi com eles uma vez sequer, até lá na lanchonete, ela não estava sentada com a gente. Minha curiosidade estava a mil para perguntar, porém isso não era da minha conta.

— Você está distraída, baby. Está pensando em que?

Ethan me pergunta enquanto faz carinho em meu cabelo. Estávamos no meu dormitório, era sexta a noite e Sina tinha saído junto com Joalin e Krys. Eles tinham até me chamado, mas fazia tempo que eu não ficava a sós com Ethan, então abdiquei da saída de hoje para ver filmes com meu amigo.

— Estou pensando na vida, baby.

Usei o apelido que ele me deu de propósito. Ethan riu e sua risada foi um bálsamo para o meu coração. Eu gostava tanto dele, Ethan era gentil e cuidadoso. Cuidadoso até demais. Se todas as garotas que faziam fila para ter um pouco dele, enxergassem o que ele realmente é, eu não ficaria com raiva delas. Mas, elas não enxergam. Só conseguem ver seu corpo e seu status. Acho que foi por isso que eu e ele nos demos bem. Eu o enxerguei de verdade e daria tudo para gostar dele como ele gosta de mim.

— Atrapalhei sua noite com seus amigos, não é?

Ele pergunta, me olhando.

— Achei que você fosse meu amigo.

Digo enquanto pego a pipoca e coloco na boca.

Ele suspira.

— Eu sou.

Olho para ele.

— Então você não atrapalhou a noite com meus amigos.

Pisco e volto meu olhar para a televisão. Estávamos vendo uma série antiga que eu não fazia ideia do nome.

— Como está sua irmã?

Agora é minha vez de suspirar. Sinto saudades de Sabina, muitas saudades. Os meses em que ela estava em casa, nas férias, antes de ir para Yale, foram os melhores de nossas vidas. Conversamos tudo que tínhamos deixado por debaixo dos panos. Contei a ela o que ouvi de papai, ela chorou e disse que não sabia o motivo dele ter se afastado de mim. Ela me contou que, toda vez que se encontrava com ele, papai perguntava de mim. Perguntava como eu estava, se eu estava bem e feliz. Ela me assegurou que ele me amava sim, só não podia lidar com isso.

Eu tentei entender, mas não deu muito certo. Combinamos então que deixaríamos esse assunto para lá, até que eu conversasse isso com alguma profissional. E foi o que eu fiz, alguns meses depois. Conversei tudo com minha doutora. Acho que nunca falei tanto sobre minha vida para alguém. Lembro que foi muita luta ela me fazer falar, mas, depois que conseguiu, não parei mais.