Trust - Beauany | 2° Temporada.

027

ANY

— Luke, não tem mais o que eu explicar, de verdade.

Digo, um pouco sem paciência para o meu veterano. Já passamos desse ponto há quase um mês atrás e não entendo ele ainda ter dúvidas sobre isso. Eu não sou ignorante a ponto de achar que todo mundo deve saber as coisas, mas Luke não tinha dificuldades quando eu explicava, sempre foi fácil.

Ou de repente eu ando tão estressada desde sexta-feira, que esteja descontando nele. Pode ser isso também, não sei.

Desde quando o clima ficou estranho lá no boliche entre eu e Josh, eu ando assim. Acho que ninguém notou, consegui fingir que estava me divertindo e ele também, só não sei se a parte dele foi fingimento ou se ele realmente estava. Parecia que estava. Longe de mim. Sem nem olhar para mim.

Hoje já era quarta-feira, quase uma semana do ocorrido e ainda não nos falamos. Se Sabina notou o que estava acontecendo, não falou nada. Ela tem se distraído bastante aqui, disse até que se arrependeu de não ter feito a pesquisa e se inscrito para Oxford. Sei que é bobagem porque o sonho dela era a Yale e ela conseguiu, só está pensando nisso por tudo o que está acontecendo recentemente em sua vida. É normal reconsiderar. É normal olhar por novos caminhos, é normal pensar sempre no "e se...".

— Any, eu sinto muito, mas não entra na minha cabeça.

Luke diz, cutucando a mesa com a ponta da caneta e sujando ela um pouco.

Tiro a caneta de sua mão e respiro fundo. Não estou sendo justa com ele, sei disso, Luke não tem culpa de eu ser uma vadia mal humorada.

Vadia não, vai.

É só um modo de falar.

— Eu sei, desculpe. Não é você, sou eu.

Luke solta uma risada.

— Achei que nunca ouviria essa frase na minha vida. Está terminando comigo? Depois de tudo o que vivemos?

Ele faz um drama e eu reviro os olhos.

— Vamos parar por aqui? Na semana que vem, prometo que não estarei assim.

Luke assente e começa a guardar suas coisas.

— Temos apenas um mês antes das férias do meio do ano.

Ele diz, enquanto guarda seu livro dentro da mochila.

— Sim, as vezes acho que passou rápido demais e as vezes sinto que durou uma eternidade.

— Pra mim durou uma eternidade.

Ele diz e pisca para mim, antes de se dirigir para a porta e sair da biblioteca, me jogando um tchauzinho pelo vidro.

Respiro fundo e começo a guardar meu material.

Estou triste e irritada comigo mesmo. Eu ficava assim no ensino médio e odiava esse sentimento, odiava me sentir uma filha da mãe amargurada, mas, depois de sexta-feira, era assim que eu me sentia.

Pra que, em nome do amor, eu fui falar aquilo com Josh? Por que eu fui dizer aquelas coisas que não era nem um pouco verdade? Por que fui magoa-lo assim, depois de termos vários momentos bons como amigos? Que tipo de amiga faz isso?

Nenhuma. Nenhuma amiga fazia isso e era por esse motivo que eu estava triste comigo mesma. Josh não merecia aquelas palavras.

— Você e eu, fraternidade Kappa daqui a pouco, não aceito não como resposta.

Ethan me diz, quando saio da biblioteca e o encontro do lado de fora conversando com um cara.

Ethan.