013

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ANY

Parecia que, quanto mais atrasada você estava, mais tudo cooperava para dar errado. Eu imaginava o controlador do universo comendo uma pipoca e se divertindo enquanto observava as coisas acontecerem com quem ousava se atrasar para algo.

Hoje, a sorteada era eu!

A merda do despertador simplesmente desistiu de tocar e eu me encontrava, nesse exato momento, pulando igual um Saci Pererê em minha calça jeans para fazer ela passar por minhas coxas, enquanto segurava um fatia de torrada com boca.

Uma cena nada bonita de se ver, meus caros.

A porta do quarto se abre bem na hora em que tropeço em uma pequena caixa, indo direto com as costas no chão. Detalhe: eu ainda não tinha posto completamente a calça.

O cenário basicamente era: uma Any Gabrielly com a calça pela metade, estirada no chão, com um pão na boca, porque é óbvio que não larguei o osso, e uma Joalin rindo de se acabar, se escorando no batente da porta e a deixando aberta, dando a visão completa de minha morte para quem passasse pelo corredor.

— Inferno, Joalin. Me ajuda aqui!

Peço desesperada, a calça estava apertada e não tinha condições de eu levantar sozinha.

— Any...você...

E mais uma crise de riso.

Eu jurei para mim mesmo que assim que eu conseguisse levantar, ia esganar essa loira oxigenada. 

— Já acabou de rir? Pode me ajudar agora ou tá difícil?

A filha da mãe, sai da porta e ainda a deixa aberta. Umas meninas do dormitório que passavam, olham para dentro do quarto com curiosidade e ficam surpresa com a cena. Era de se esperar. Uma menina com as calças pelas coxas no chão, pagando um pouco de calcinha e uma ex amiga (sim, tirarei Joalin do meu círculo de amizade o mais rápido possível) rindo ao invés de ajudar a garota necessitada, que no caso era eu.

Uma das meninas, a mais ousada pelo visto, se aproxima e para na porta, antes de adentrar um pouco o quarto.

— Hm...tudo bem por aqui? Precisam de ajuda?

Ela! Ela seria a minha mais nova amiga.

— Merda! — Joalin se apressa para fechar a porta — Obrigada gata, está tudo sobre controle.

Só se for na cabeça de vento dela!

Joalin se despede e se vira para mim com um sorrisinho.

— Se você voltar a rir eu juro que nunca mais falo contigo!

Ameaço.

Ela passa a mão pela boca, como se estivesse fechando um zíper e vem ao meu socorro, finalmente!

— O que aconteceu, mulher?

Quando estou de pé, tiro as calças como se me queimasse. Eu vou doar essa merda! Que ódio! Ela dava em mim há uns dois meses atrás, o que será que aconteceu? Minhas corridas matinais não estavam fazendo efeito?

Meu subconsciente responde por mim.

O que adianta correr por uma hora e comer o resto do dia como se não houvesse amanhã?

Odiava quando ele aparecia assim, sem ser chamado. 

Abro meu armário e tiro de lá uma outra calça. O tempo em Oxford estava um pouco frio, o que impossibilitava vestir outra coisa.

Joalin se joga na cama de Sina.

— O que faz acordada a essa hora e ainda por cima aqui?

— Eu não dormi, na verdade.

Trust - Beauany | 2° Temporada. Onde histórias criam vida. Descubra agora