capítulo 4

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Limpei o suor da testa vendo meu quarto finalmente bem arrumado. as luzes que comprei pra enfeitar ficaram perfeitas e, a varanda que eu tinha me dava uma boa visão e iluminação caso quisesse algo mais natural.

A noite já tinha caído e lá de baixo, podia sentir os sentimentos dos alunos que estavam no refeitório. Era um clima agradável de se conviver.

Decidi me juntar a eles e quem sabe não me enturmar um pouco. Nunca fui tão boa nisso e acredito que a carranca entediada que herdei do meu pai tenha sido um ponto crucial para que meu ciclo social não fosse tão extenso.

Mas eu era um amor! Posso dizer, ela não refletia nem um pouco de minha personalidade e era surpreendente na verdade. Como diria minha mãe, essa " cara de pum " foi somente culpa dos genes do meu pai.

Gozado pensar assim, não nos parecíamos tanto afinal.

Desci para a sala encontrando boa parte da turma interagindo entre si, mas tomei um pouco da atenção e dos olhares curiosos quando me aproximei. Rapidamente, as meninas tão acolhedoras se aproximaram com sorrisos estampados de canto a canto e me puxaram até um sofá verde alga em um canto reservado.

- Noble, sua blusa e tão fofa, gosta de gatos? - Uraraka falou exibindo as bochechas rosadas.

- Ehh, gosto mas foi coincidência. Meu pai gosta bastante na verdade.

- Sério? Aizawa não tem cara de amante de felinos. - Jirou ingressou na conversa, sentada no braço do sofá.

Assenti procurando o garoto que vi hoje cedo em meio a bagunça de pensamentos naquela sala e agradeci mentalmente pelas meninas terem se interessado em um assunto qualquer, ocupadas demais para se preocupar com meus olhares.

O achei de pé ao lado do Midoryia, ainda com a cara de tédio e postura dura de soldado. Me arrisquei a sentí-lo  usando minha individualidade e, não fiquei surpresa ao perceber que ainda prendia na cabeça a tensão constante de hoje cedo e provavelmente todos os dias.

Respirei fundo, sentindo a onda de energia deixar meus poros e se infiltrar na imaginação frágil do garoto.

Devagar, os músculos deixaram de se contrair, e seu olhar parou de pesar tanto. Lentamente seu peito desceu parecendo largar um peso depois de tanto tempo.

Deve estar um pouco sonolento. Carregar sentimentos assim por tanto tempo é cansativo.

Nossos olhos se encontraram, no susto desativei a individualidade e ele piscou, coçando a nuca como quem tivesse levando um tabefe.

Mas não deixou de me encarar.

Voltei a tagarelar com as garotas na esperança de que se esquecesse de mim, mas eu podia sentir que me observava, e ficamos assim até que fosse tarde e os alunos começarem a ir para seus quartos.

Acompanhei a onda de pessoas e me enfiei entre Mina e Tsuyu que tinhas os quartos perto do meu. Ainda sim, o que eu descobri se chamar Todoroki me encarava fielmente, me dando uma sensação alarmante de que estava sendo perseguida. Mesmo que não estivesse.

Cheguei a meu quarto assim, arrependida pelo ato impulsivo e repensando o momento que ele percebeu algo errado.

Teria notado a individualidade?

Eu nem sabia qual era a dele.

E se também fosse um parasita?

Eu odeio esse termo, mas era o que somos!

Bufei, desistindo da ideia e me enfiando nas cobertas da minha cama, pronta para o amanhã que nem sabia o que me prometia.

Eu Posso Sentir, Shoto  ( Todoroki X OC )Onde histórias criam vida. Descubra agora