Capítulo 20

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Saí estabanada do quarto do garoto, carregando os chinelos na mão procurando Todoroki que a minutos atrás, me deixou totalmente aflita por ter mexido de tal forma consigo.

Por ser alguém que eu gostava tanto, e tinha um laço maior, eu começo a comprovar minha teoria de que os sentimentos mexem mais comigo.

No primeiro corredor, não o encontrei. Desci as escadas, mesmo estando descalça caçando sua figura esbelta rodando pela casa. O achei em frente a seu dormitório, com a mão massageando a testa, enquanto a outra segurava a porta.

Meio ansiosa, apressei o passo ficando de frente pra ele que me olhava confuso, esperando uma resposta do porque estava ali.

Antes de responder qualquer coisa, me perdi nos olhos estrelados buscando um diálogo bom o suficiente para explicar que "eu sei que está tá chateado" quando me encontrou no quarto do seu amigo.

A agitação de minutos atrás, tinha sumido.

Todoroki bufou pela falta da explicação, empurrando a porta pra entrar. No impulso - eu tenho que repensar minhas atitudes antes de concretizar - segurei seu pulso o fazendo me olhar.

-Eu posso entrar? - ditei, mais envergonhada do que esperançosa vendo a feição sempre tão desafiosa, relaxar um pouco.

Ai meu Deus, tá acontecendo, ele fez uma expressão diferente!

O quase ruivo relaxou, encostando no batente me encarando um pouco antes de rir com a boca fechada e abrir caminho pra mim, que receosa por sua atitude esquisita, passei por debaixo de seu braço admirando o quarto no estilo japonês.

Caramba, é o reflexo do que ele aparenta ser.

A porta atrás de mim bateu, nos deixando a sós no quarto escuro, juntos a balburdia de sentimentos secretos e os dele, contidos de maneira severa. Deu cinco passos leves em direção ao abajur pequeno e o acendeu, preenchendo quarto com a iluminação amarela aconchegante, permitindo-me analisar agora suas vestimentas.

Trajado numa falsa inocência, Shoto tinha um camisa preta soltinha e uma bermuda fina de tecido frágil. Me olhava, melhor dizendo, analisava dos pés a cabeça enquanto eu esperava que terminasse seu trabalho, procurando uma ipseidade pra diferenciá-lo de um daqueles deuses gregos das histórias.

-Noble? - Chamou rouco, diminuindo a distância entre nós, agora estando poucos centímetros na minha frente. Repentinamente me senti febril, tendo a visão formosa de Shoto, tão despojado e infenso a como costumava ser ao redor dos outros. Esfregava uma coxa na outra, buscando um alívio que não veio enaltecendo a visão do músculo bem trabalhado exposto pela camiseta de manga curta, Rezando a todos os deuses existentes pra que pensasse ser nervosismo. - Pediu pra entrar mas não fala nada. O que aconteceu?

-Eu… - tomei fôlego, me controlando pra não pular no garoto que tinha a sombrancelha arqueada e semblante calmo - Eu estava com o Midoryia, você passou e de todas as pessoas do mundo, você é a última que quero que pense que a gente tá' num relacionamento.

Shoto persistiu com o olhar vidrado em mim, concentrado nos meus movimentos e então, bufou, me olhando cansado.

-Não foi por isso que veio, Noble.

-Não? - perguntei.

-Não. - Shoto riu de meu momento idiota, cruzando os braços.

Ainda bem que ele riu porque nem eu mesma acreditei no que disse. 

Em meu maldito hábito que surge junto ao meu enervamento, fiquei brincando com os dedos, pensando no que falar visto que minha tática de diálogo deu errado.

A única saída daquela situação, foi sentar na cama baixinha, evitando o contato visual que com toda a certeza, me desmontaria por completo na primeira encarada.

-Quando te vi na porta - comecei - Você parecia incomodado. Estive curiosa do porque ficou assim.

- Já te disseram que você é muito curiosa?

- Desculpe. É que... Você tava transbordando aflição e eu... Queria te ver.

Todoroki respirou fundo, pela décima vez nos últimos minutos, sentando a minha frente na cama, sem intenção de acelerar meus batimentos, mas o fazendo.

- Eu estou transbordando aflição?

- S-Sim.

Sou eu quem estou!

-Me diz a razão pra isso.

Droga, o garoto mexia comigo sem esforço aparente me encarava, esperando que eu saísse de meus devaneios e abrisse a boca pra soltar qualquer bobeira estúpida, mas totalmente real.

Me conhecia bem o suficiente pra saber que quando desprevenida, as palavras saem sem permissão e, a maior parte das vezes - querendo ou não - elas dizem exatamente o que penso e posso acabar por ser um pouco insensível.

-Eu estive com o Izuku e você não parecia tão contente.

-E o que te impede de estar com ele, sendo que nem demonstrei esse sentimento?

Temo eu, que no segundo que a ideia passou pela minha cabeça eu tinha mandando os resquícios do meu juízo - esse que eu sempre pensei ser tão íntegro - pra longe do meu cérebro. 

Andando por cima dos joelho, engatinhei firmando uma posição próxima ao garoto. Peguei sua mão, nada delicada em razão dos treinos excessivos levanto até o meu peito, descansando ali mantendo os olhos nos seus.

- Eu posso sentir, Shoto

Ah, eu sou uma tapada apaixonada.

Formamos um cena admirável, onde a mocinha finalmente começa a dizer o que sempre quis, desde o começo do filme, ao garoto burro e na maioria das vezes, que foi um otário. Esses filmes que eu odeio, porém agora, começo a entender a euforia do personagem. 

- Como pode sentir, Noble? - sussurrou rouco. Olhos nublados e cansados, confusão desencadeada nas veias fluído como um rio.

O silêncio confortável pairou, preparando a melodia bonita que tovaria no momento certo durante nosso mais íntimo ato. Seu âmago, tão confuso e quase esperançoso querendo me dizer algo. Não uma só coisa, mas tantas e, a única que eu prestava atenção, a maior voz que parecia gritar tinha sua presença inabalável.

Um pedido silêncioso que eu conhecia bem. 

"Por favor, não vá."

Saí daquele transe piscando os olhos algumas vezes, sem a intenção de sair daquele sentimento esquisito e aconchegante porque só eu sei como eu queria ficar a deriva em sua intensidade, mas notando que  garoto abaixar a cabeça, desnorteado e indefeso.

Com a voz não muito rouca, arrastando o corpo mais pra dentro daquele calor, sussurro próximo de seu ouvido, ainda segurando sua mão em cima do meu coração exaltado

-Não se preocupe. Eu não vou embora até mandar que eu vá.

Eu Posso Sentir, Shoto  ( Todoroki X OC )Onde histórias criam vida. Descubra agora