Capítulo 30

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Oi gente💙 desculpem a demora em postar, e me desculpem se o cap não agrada... Tô meio enrolada aqui na minha vida pessoal, pode ser que demore um pouco pra sair. De qualquer forma já comecei a escrever o próximo. Fiquem com esse! Amo vcs.

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-Ah! As palavras me irritam, não as encontro quando quero. gostaria de ser mais eloquente.

-Você é a pessoa mais eloquente que eu conheço, Noble.

-Sim, mas bem… 

Alisei meus cabelos ondulados tentando livrar-me da pura frustração que me atormentava ao tentar esclarecer meus próprios pensamentos para Shoto. Permanecíamos sentados na beira do prédio, encantados com o tom arroxeado que tomava o céu incrédulo à nossa sintonia indescritível.

-Se não as encontro me frustro, eu acho insuficientes pra expressar minha admiração por alguém ou momento, e quero, desejo, prezo profundamente para que eu consiga descrever sentimentos tão intensos. 

Constatei emburrada, nem percebendo quando formei o biquinho manhoso que meu namorado sempre apontava ser feito quando estava nesse estado. A risada voltada de rouquidão - sempre assim pela escassez ao ser utilizada cortou meus ouvidos, contagiado meus sentidos facilmente. Senti os dedos rígidos afundarem milimetricamente na minha cintura no passo que a risada se tornava mais baixa.

O abraço dele era caloroso, praticamente romântico. Encaixava em mim perfeitamente, a voz calmante cabia exatamente no formato que tinha desenhado nos meus tímpanos, flutuando com maestria até adentrar os ouvidos e inundar minha psique com a hipnose intrínseca que tinha sobre mim.

Nunca soube se ele sabia disso, e permaneço acreditando que ele preferia me deixar boiando em meus próprios pensamentos sobre sua plenitude ao me tocar sem encostar realmente nas minhas curvas.

Utilizar a individualidade para descobrir seria sem graça.

Até aquele momento ninguém tinha aparecido realmente. Nem mesmo Deku com a ansiedade alojada nos ombros, chegando com o sorriso tímidos e incontente no rosto.

Estávamos eu e Shoto aproveitando a calmaria tempestuosa que eu pensava me cercar. Não conseguia ver nuvens carregadas e prontas pra me afogar dentre as ondas fortes do mar raivoso quando estávamos juntos.

Era isso que ocorria andares abaixo.

Me neguei a sequer pensar em descer. Ficaria ali em cima envolta nos braços dele até que fosse irremediável minha aparição quase fantasmagórica no pandemônio criado pelo ciúme de Yaoyorozu. Mas como minha falta de sorte era implacável, ouvi os passos apressados subindo as escadas que ficavam atrás de nós e logo meu pai aparecer abalado com o semblante chocado.

-Noble. - agachou ao meu lado, removendo o abraço quentinho do Todoroki, me virando para si . Aizawa alisou meus cabelos puxando-os para baixo querendo buscar sinais de aflição no meu rosto cansado. - Quer que eu apague a individualidade?

Toquei sua mão como quem dizia "Está tudo bem" deixando o sorriso terno tomar minha boca. Logo sua aflição começou a dissipar, depois dando atenção ao garoto lhe enviado um aceno amigável.

-Estão aqui há muito tempo, deveriam descer. Seus colegas ficaram preocupados.

-Não quero vê-los agora pai. Acho que sou incapaz disso. Aquele descontrole de algum tempo atrás foi só um sintoma do que já vinha a ser imaginado. Preciso de tempo.

-Eu imagino. - suspirou pela talvez décima vez no dia sentando ao nosso lado, me fazendo ficar agora entre as duas pessoas que mais amava na vida.

A situação inflexível que nos encontrávamos foi necessária. Depois de um choque tão grande como o que recebi, principalmente sabendo das consequências que prescrevi à minha chamada ruína por guardar esse segredo era justo o meu estado catatônico.

O que dizer a alguém nesse momento?

A brisa passou por nós como um refresco em dia quente. Levou meus cabelos e minhas aflições por sua corrente de ar e então decidi que era hora de deixar o medo de lado. Meus olhos marejaram mais uma vez, o sol desaparecera de vez entre os prédios da cidade e então se tornou claro o fim daquele ciclo. Era hora de encarar aquele início de relacionamento com a turma. Cansei de impeditivos nessa jornada. Pode parecer uma atitude brusca, mas depois de quase duas horas organizando meus pensamentos deve ser o tempo de deixar isso pra trás, como as folhas do outono que são carregadas para longe.

Levantei-me do chão numa atitude inesperada, limpado as lágrimas teimosas com as costas da palma vendo os dois homens que amo me seguirem com a determinação que também expressava.

Claro, com alguma hesitação pois não se sabe o que passa na mente de uma pessoa imprevisível como sei ser.

Dedilhei o corrimão prateado quando coloquei o pé no primeiro degrau, contando cada passo a medida que começava a descer e cortar o espaço entre meu pesadelo. Os andares diminuíram, e já enxergava o coletivo de adolescentes na sala.

Tinham um propósito maior do que eu esperava.

Assustada com a multidão inibida a ter uma expressão contente no rosto, olhei para trás vendo meu pai sorrir manso.  Todos pareciam culpados, principalmente a menina de rabo de cavalo e olhos nublados no meio de todos.

Ainda estava descendo a escada quando ela veio correndo me abraçar. Me amassou dentro do remorso tremendo que ela tinha nos braços roliços, e senti que queria me abrigar neles como um pedido de desculpas. Retribuí o abraço deixando minhas lágrimas escorrerem justamente às suas, por um motivo diferente mas igualmente agoniada.

Não culpava Momo.

Não.

Seria hipocrisia minha, experimentei na pele o descontentamento de ser rejeitada, mesmo que não diretamente com palavras completas vindas de Todoroki. Foi impiedoso ver alguém que amava não a retribuir dessa forma.

Ficou claro o motivo da reunião da turma naquele momento. Eles não queria me isolar ou repugnar meus atos, só acolher uma colega que precisava disso, precisava ser descoberta como uma.pessoa nova.

- Me desculpe Noble, eu fui patética. Não mereço seu perdão, ainda mais depois de invadir a sua privacidade e a de Todoroki dessa forma. Eu juro, nunca quis te deixar dessa forma, não imaginava que pudesse ter um sentimento tão forte assim! - a garota se engasgava com as próprias sílabas - Eu juro que nunca quis te machucar!

-Tudo bem Momo. Eu sei disso. - Afastei a mais alta, logo limpando o rostinho inchado da choradeira que deve ter tido. - Seu pedido de desculpas basta.

Após acalmar e assentir Yaoyorozu de que não tínhamos ressentimentos - provando com a individualidade meus pensamentos, deixando-a fascinada com a lepidez da ação - a noite iniciava agitada na Height Aliance, com todos os alunos da classe 1-A reunidos pra assistir um filme.

Decidido que aquela briga não seria saudável para nós, não faltou nenhum aluno no evento de acolhimento que fizeram pra mim.

Um de cada vez veio dizer que tudo bem ter uma característica da qual nos envergonhemos, todos seriam meus amigos e confiavam em mim independente do que eu pudesse ou não fazer.

Shinsou surpreendeu todo mundo quando me abraçou, pedindo desculpas pela adordagem grosseira que fez meses atrás. Nem me lembrava disso, mas o garoto guardava seu constrangimento na cabeça, cogitando me.pedir desculpas recentemente.

Claro, chorei desesperadamente fazendo todos chorarem também, a pedido dos próprios que não queriam mais que eu contesse a energia de carregar emoções tão fortes dentro do meu corpo.

Me senti acolhida como nunca fui.

Eu Posso Sentir, Shoto  ( Todoroki X OC )Onde histórias criam vida. Descubra agora