Capítulo 14

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Midoryia se perdeu em gaguejos antes de conseguir formar qualquer frase. Sentia minha dor de cabeça voltando só pela necessidade de uma explicação que eu não queria dar.

- E-E Que Individualidade?

Ouvi o vento soprar lá fora, pensando em uma alternativa de lhe mostrar o que fazia sem assustá-lo tanto. Vasculhei os cantos do quarto para encontrar algo que pudesse ajudar a lhe mostrar esse poder, antes puxar a cadeira giratória e me sentar em frente ao rapaz, chegando a conclusão que uma pequena ilusão seria a melhor coisa.

- Se lembra no começo do ano quando eu me apresentei? - Ele balançou a cabeça freneticamente - Se lembra que eu falei da individualidade da minha mãe? - Novamente balançou a cabeça feito um cachorrinho de cabeça mole - Então é isso.

- E o que ela faz? Se me recordo bem, você disse que se chamava Feelings, mas nunca ouvi sobre algo assim.

- Posso manipular os sentimentos e emoções na intensidade que desejar. Como por exemplo, posso te mostrar seus maiores medos Deku, criar uma ilusão a partir disso e o resto você já sabe. Droga falando assim parece um filme de terror. Aqui, vou te mostrar.

Foquei toda a minha concentração no garoto de cabelos esverdeados invadindo seus sentidos com a individualidade. Levantei minha mão até milímetros da boca, soprando uma fumaça ilusória em seu rosto, que como um efeito placebo o fez tossir.

- Nada disso é real, não se preocupe. Só estou manipulando seus sentimentos.

- Mas eu posso ver! Quase sentir!

- Vê como seus sentimentos são fortes? Eu apenas os manipulo. - Izuku tinha aquela feição de quem fazia os inúmeros cauculos aleatórios. Me deixava bem nervosa na verdade.

- Que incrível... E como funciona? Você entra na cabeça das pessoas e pega informações?

- Mais ou menos. Geralmente só quando eu quero e eu juro, não sou tão desocupada a ponto de vasculhar os sentimentos de todos.

- O que quer dizer com geralmente?

Ah, ele tocou na ferida. Ficava nervosa por chegar nessa parte, não era o bastante ele saber sobre essa individualidade enxerida.

- Bem... - Suspirei, o olhando nos olhos. - Se uma pessoa mantém sentimentos muito fortes por algo ou alguém, é involuntário e os flashes aparecem de repente.

- Então você é como Shinsou? - sua narina dilatou em entusiasmo quando perguntou assustado, contudo não precisava saber da raiva que eu estava sentindo desse idiota.

- Não, não. Shinsou é um parasita psíquico. Eu só faço ilusões com seus próprios sentimentos, Shinsou já os altera realmente. Eu posso criar outros que mexam com você, não distrocê-los.

- Entendo... Mas bem, isso é algo muito bom pra falar a verdade! Nunca teria problemas em saber se alguém está mentindo, pode virar o jogo ao seu favor pegando informações do oponente pra usar em uma luta. Até ajudar a polícia com informações exclusivas do... - as palavras jorraram, só me restava olhar o garoto que se deu conta e ficou vermelho dos pés a cabeça - me perdoe.

- Tudo bem, é engraçado até. - ri fraco - Isso é verdade, Deku, consigo fazer todas essas coisas eu só não... Não queria que as pessoas se afastassem de mim por conta dela.

- Mas Noble, porque fariam isso com você?

Meu sorriso sumiu lentamente, até ser apenas uma linha torta e desajeitada. Penso ter feito uma careta inibida, pois o garoto ficou preocupado depois da pergunta.

- Porque acabo roubando informações sem querer. Eu juro! Sem querer, nunca invadiria a privacidade de alguém de tal forma, principalmente de meus amigos!

Exclamei esperando o raciocínio rápido acontecer e em seguida o olhar culposo pela intromissão. Diferente disso, a voz baixinha chamou meu nome, morrendo em seguida.

O que faria? Se entendeu a situação, agora ele sabia das dimensões do meu conhecimento.

- Calma aí... O quanto você sabe de mim?

Com meus olhos cheios dágua de novo em menos de uma hora, o aperto meio doloroso entalou na minha garganta, minha cabeça pulsou antes que proferisse as palavras dolorosas.

- Sei muito, Midoryia. E sinto muito por isso, sabe?

Sentei ao seu lado na cama, contemplando meus momentos de paz antes da briga. O sentimento dentro de mim era uma solidão distorcida, exatamente mesma sensação de estar extremamente febril.

- Ah, certo. Imprevisto, isso é de fato imprevisto já que deveria ser um segredo imenso. Noble, obrigado por não dizer a ninguém. Eu também vou guardar seu segredo e te ajudar se possível.

Deus, se isso é intervenção divina, eu sou eternamente grata.

- Sem gritos? Sem apontar o dedo na minha cara ou rancor?

- Ninguém aqui vai fazer isso contigo. Pelo que conheço dos nossos amigos, eles serão muito compreensivos se quiser contá-los. Posso te ajudar com isso também.

- Não, de jeito nenhum eles não podem saber. Imagina se Yao-momo descobre que eu sei que ela gosta do Shoto e ainda sim me faço de desentendida? - soltei esfregando as mãos na cara, torcendo o nariz a medida que percebi meu erro . - VOCÊ NÃO PRECISAVA SABER DISSO! Quanta burrice...

Izuku apenas riu nevoso coçando a nuca, quase fechando os olhos por conta das bochechas gordinha que os empurravam pra cima.

- T-Tudo bem, eu finjo que nunca soube. - Encenou o sinal de um zíper trancando lhe a boca.

- Obrigada... de novo.

- Sempre que precisar, Nob. - Corou ao me chamar pelo apelido. - Vou pro meu quarto acabar o trabalho ou não o termino hoje. Amanhã, me explica melhor a coisa da quirk e montamos qualquer esquema pra te ajudar a respeito disso. Até?

- Até, Izuku.

O futuro herói número um andou para fora do quarto, o silêncio e a pacífica atmosfera era a prova de ter feito a escolha certa e antes que passasse pelo batente da porta, eu o chamei.

- Izuku. - Ele se virou, esferas brilhantes e vivas no mais ouro tom verde focou em mim - Você devia investir na Ochaco.

Eu Posso Sentir, Shoto  ( Todoroki X OC )Onde histórias criam vida. Descubra agora