Leiam até que a barrinha não desça mais!
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- Da primeira vez que eu a vi, não encontrei nenhuma característica que chamasse atenção.
Não imaginei o quanto a pessoa mediana de feição cansada - igualmente afável e essa conclusão veio mais tarde - poderia significar para mim meses depois.
A garota de postura calma e olheiras poucos marcadas, ainda sim evidentes como bolsinhas pesadas embaixo dos cílios pretos, eram só mais uma característica que fazia parte da composição engraçada da menina.
Saber que era filha do Aizawa então, não foi surpresa. Fiquei sentado no meu lugar vendo a multidão de alunos se ouriçarem para arrancar qualquer casquinha da novidade fresquinha que chegou um pouco atrasada no ano.
Tinha manias esquisitas. Passava a noite cantando, dançando com os braços esticados e cintura balançando de um lado pro outro, praticamente voando entre o universo paralelo que vivia escondido nas ondas de chocolate e canela.
Era maluca.
Constatei na primeira impressão que tive.
Apenas um mês desde a chegada encontrei-a sentada na janela segurando o que parecia um buquê de flores arrancadas do jardim durante a calada. Puxava pétala por pétala da rosa que ficou pelada, despedaçada numa poça de tons carmesim. Me apaixonar por ela foi como ver estas pétalas coloridas serem levadas no por do Sol, quando o primeiro raio da manhã cortou o lugar.
Naquela data, horas mais tarde quando a mesma tonalidade chegava dos céus, eu descobri que gostava até demais de ficar perto da menina maluca que andava por aí sem nada nos pés, trazendo sabe-se lá de onde uma alegria que contagiava até o mais cruel dos professores. A efetividade que todos sabíamos deixar o homem mais aliviado quando a pequena Aizawa estava por perto, sorrindo para a aura energética que chegava de manhã na classe deixando um beijo na bochecha barbuda do professor antes de se acomodar na carteira dez.
Na vez que não consegui mais tirá-la da cabeça - foi difícil perceber a causa - me senti um pouco estúpido quando precisou escrever uma carta dizendo que não era doença. A realização veio forte, abatendo minhas dúvidas sobre qualquer agitação vinda do coração.
A pele delicada tinha aspecto de sonho, me colocava nas nuvens quando tocava meu rosto e beijava com gosto cada medo exposto, construindo a integridade da nossa relação. Dedilhava meu peito dizendo querer sentir o batimento abaixo dos dedos por vezes indelicados.
E de noite recitava uma poesia que escrevia entediada, dedicava as palavras bonitas e bem colocadas ao meu jeito bondoso de ser expressivo sem precisar de muito.
Noble me beijava e corria pela grama verde com os sapatos rabiscados na mão (Aqueles que ela sempre usava quando queria e todos avisavam do quão imundos estavam. Não importava, ela jamais os limparia.)
Me permitia ver as estripulias que ela tinha e a personalidade amante mostrada só pra quem prometia valer a pena.
Eu não entendia o que tinha de tão precioso em mim para que merecesse seu estilo afetuoso e nem a manha libidinosa quando acordava de madrugada querendo atenção. Puxava meus cabelos, chamava meu nome, e quando os pássaros cantavam deixava só a aparência angelical fingida de quem não tinha escorrido a boca habilidosa por todo meu corpo.
Quero dizer, parecia um anjo de cabelos bagunçados e maçãs coradas sentada no balcão da cozinha. Revirando os olhos - ainda vou falar sobre estes pois merecem algo específico só pela maestria contida - sempre que ouvia o sermão desgostoso da voz rouca e matinal de Lida a mandando embora dali.
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Eu Posso Sentir, Shoto ( Todoroki X OC )
FanfictionSer uma super-heroina como o pai nunca foi algo que desejou profundamente. Até descobrir o sentimento de esperança que brotava no peito, depois de um incidente em um assalto, cuja reagiu e consequentemente salvou uma senhora. Noble, filha do herói...