Abri os olhos devagar, sentindo a respiração cortada e, uma claridade irritante cobrir a vista.
Atordoada pelo sono mal comprido - interrompido por um sonho molhado - não entendi quando vi não estar deitada em minha cama, e nem ter sido o despertador gritante que me tirou daquela realidade.
Merda, merda, merda, merda!
Devagar, pra não chamar a atenção de ninguém que pudesse estar por perto, ergui a cabeça vendo o dono dos olhos heterocromáticos, esses bem abertos e focados em mim, exibindo uma feição de divertimento com o braço servindo de travesseiro.
- Desculpe. Eu acordei contigo chamando meu nome e puxando minha blusa, preferi te deixar acordar por conta própria mas… você não me deixou ir.
A palavra vergonha, não se adequava a o tipo de constrangimento que me tomava, fervilhando minha mente fazendo todas as células que ainda estavam acordando, se arrepiarem e queimarem.
Batalhava na minha mente, escolher entre enfiar a cara ainda mais no travesseiro ou fugir pra outra escola e quem sabe, outro país. Perguntou-me, quanto custaria uma dignidade intacta, pois tendo a atenção tão prestigiada de Shoto, aquele fato vergonhoso tinha ficado em nossa história.
-Nossa.... Me desculpa, me desculpa de verdade… deve ter sido estranho e vergonhoso.
Me afastei do aconchego, sentando na cama desacreditada do que tinha acabado de acontecer e, ainda acontecia. Me arrisquei a olhar pra trás, vendo-o encostado na cabeceira tocado pelos raios de sol que me acordaram, totalmente manso e estupidamente atraente, me olhando folgado com um meio sorriso desenhado na boca.
Minha mão meramente escondia meu rosto, mas as frestas entre os dedos me deixavam ter a bela visão que era Shoto de tal forma, tendo a sensação de estar dopada e com o ar saindo dos pulmões.
-Seus olhos são castanhos… ficam claros quando tem iluminação. - apontou de repente.
-Sim… puxei da minha mãe.
O antes meio sorriso, se tornava um decente transformando sua postura cotidiana numa mais descontraída, perdendo os problemas que atormentam a cabeça pra aquele momento.
Eu era, aquele momento.
Todoroki vagorosamente se sentou ao meu lado, ficando com o rosto perto do meu, mas ainda longe suficiente pra que eu tivesse capacidade de olhar pra ele, tão bonito e desejável.
Partículas de poeira, que eram visíveis apenas quando passavam em frente aos raios solares, passeavam atrás dele com graça, banhando meus pensamentos uma luxúria de ter os lábios finos nos meus. Ficando tão junto a mim, não entendia o que planejava projetando-se cada vez mais pra perto, sabendo o efeito causador que tinha.
Próximos. Tão próximos que podia sentir sua respiração descompassada efervecente se misturar com a minha, ateando fogo nos meus sentidos.
- O que está esperando? - com a mão esquerda segurou meu rosto - Faça um movimento, antes eu que eu faça.
Ah, Shoto. Tem ideia do que fala?
Juntei nossas bocas com o convite necessário, provando finalmente seu sabor estonteante se misturar ao meu. Nada lento, tendo aquele desejo acumulado e preso por tanto tempo, ambos despreocupados sobre a opinião do outros que não estavam próximos pra julga, era explícito que queriam um ao outro.
Alterados demais, usufruindo da dormência na ponta dos dedos, os dele bem presos a minha coxa desnuda enquanto tinha minhas unhas lhe arranhando os ombros, indo até seu cabelo quando apertou minha bunda, sem dó.
Nós separamos vendo aquilo tomar outras proporções, com os lábios inchados banhados da saliva e gana faminta, enquanto estava montada em seu colo.
Olhos no olho, eu contemplava as esferas nubladas de satisfação, que pensavam no possível destino trágico, caso essa vontade não tivesse comprida, como aconteceu agora.
Causa e efeito, meu coração toureando dentro de mim e, quando toquei o dele, sem vergonha alguma agora tendo a mão espalmada no peitoral coberto pela blusa preta, percebi que lhe ocorria o mesmo.
Sorri, retribuída pelo quase ruivo, sorriso combinante a sua expressão amena diante da nossa situação. Plantei mais um beijo doce em seu pescoço, arrepiando a pele do local me apertando em seu abraço, com as pernas jogadas uma de cada lado montada nele.
Ficamos nesse silêncio de admirações por alguns segundos, a cena bonita do sol decorando nossas visões e, exaltando cada imperfeição perfeita de nossos rostos.
O Sol sempre emoldura as memórias mais bonitas, ele, ou a Lua.
-Esperei muito por isso. - revela.
-Eu também, na verdade. Mais do que você.
-Acho difícil. - deitou, me mantendo sentada em cima de si com as mãos grudadas no meu quadril.
-Não. Você não tem ideia do que diz.
Sinceramente, se eu soubesse a algumas noites atrás que, caso ficasse em seu quarto e acordasse em uma situação comprometedora me levasse a seguir esse caminh quente - quente, extremamente quente e nada frio - teria seguido os passos a mais tempo.
Mas eu acredito que, as palavras pronunciadas noite passada lhe assegurando-o que eu estaria ao seu lado e nunca longe demais, quando precisasse - porovando com o ato - foram as principais protagonistas desse cenário.
Porque mesmo por um sentimento bobo - ou nem tanto visto que andou a vida inteira só - eu daria meus jeito para encontrá-lo.
Eu sempre faria isso.
Eu precisava mais do que nunca daquela carta.
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Eu Posso Sentir, Shoto ( Todoroki X OC )
FanfictionSer uma super-heroina como o pai nunca foi algo que desejou profundamente. Até descobrir o sentimento de esperança que brotava no peito, depois de um incidente em um assalto, cuja reagiu e consequentemente salvou uma senhora. Noble, filha do herói...