- Tem prestado bastante atenção nesse garoto, não acha?
Meu pai perguntou, enrolado no saco de dormir amarelo que tanto gostava.
Estávamos no dormitório dele. Por passar tanto tempo lá, o lugar começava a parecer nossa casa, com algumas coisas espalhadas e potes de ração de gato do lado de fora.
Fofo.
Eu preparava um café na pequena cozinha enquanto conversávamos sobre as banalidades de sempre. Um momento precioso já que nunca tínhamos tempo juntos e, o que era melhor do que tomar um cafezinho jogando conversa fora?
- Ah... Não é nada. - Disse colocando algumas coisas na mesa.
- Noble, não diz isso pra mim. O que acabou sabendo sobre ele? Acho bom que não tenha mexido com a cabeça dele, te ensinei a não fazer essas coisas.
- Eu não sou tão desocupada assim! Foi sem querer.
- Sentimentos fortes? - Ele se sentou a minha frente, pegando a xícara desenhada que lhe dei no dia dos pais.
Respirei fundo.
- Esse garoto é... Complicado.
- Quem não?
Resmunguei, inconformada comigo mesma. Eu, mais do que ninguém sabia como as pessoas eram complicadas. E tudo bem, Shoto é diferente, mas não justifica toda essa atenção extra que ando dando.
- Certo. - o professor me olhou - Mas eu ainda vejo algo diferente. Eu vi...
- Não diga. - cortou rapidamente minha fala - Você viu sem querer, não é bom invadir a privacidade das pessoas desse jeito.
- Tem razão. Sempre tem razão. - balançou a cabeça e eu suspirei.
Esse lado certinho me irritava, quando me formar também vou ser tão correta?
Espero que não.
Falamos sobre as aulas e insistiu para que pelo menos a sua frente, não perdesse tanto a concentração por causa de pessoas alheias. Passando tanto a tempo ao lado de duas mulheres de individualidades iguais, ele tinha conhecimento do quão difícil poderia ser. E me ajudava com algumas coisas. A ansiedade que eu tinha desde pequena era uma delas.
Terminamos aquele café, e em resultado ao cansaço nos jogamos no sofá pra assistir um filme qualquer. Só depois de horas, percebi já estar escuro, tendo só a iluminação da televisão na salinha.
Estava praticamente socada embaixo de seu braço, enquanto ele tinha a cabeça apoiada na minha. Pensei que tivesse dormido, mas de repente ouço sua voz sonolenta baixinho.
- Nob. - me chamou pelo apelido.
- Hum?
- Já faz um tempo que Chegou na U.A, você se encaixou bem?
Me aconcheguei ainda mais no seus braços e recebi um beijo no topo da cabeça. Adorava ficar assim, passava uma sensação de segurança, algo somente dado por quem me protegeu tanto, cheio de zelo.
- Eles são legais. Não tem ninguém que me incomode. Só o Mineta e as vezes Bakugou mas... Nunca tive tantas pessoas assim tão próximas. É legal.
A mão calejada alisava meus braços em um carinho. Com a carranca habitual, Aizawa parecia rude, mas é bastante carinhoso com quem gosta.
- E... Você gosta de alguém?
- Que? Não...
- Ninguém?
- Pai...
- Nem do Todoroki?
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Eu Posso Sentir, Shoto ( Todoroki X OC )
FanfictionSer uma super-heroina como o pai nunca foi algo que desejou profundamente. Até descobrir o sentimento de esperança que brotava no peito, depois de um incidente em um assalto, cuja reagiu e consequentemente salvou uma senhora. Noble, filha do herói...