capítulo 5

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No dia seguinte fomos todos cedo para o ginásio, preparados para aula prática onde descobri mais sobre cada um dos meus novos colegas e me surpreendi pelo poder que Todoroki tinha quando vi sua batalha contra Sero. Levei um belo tombo pelo pano que se enroscou no meu pé e puxou com tudo, levando ao chão. Meu pai me olhou inconformado quando percebeu meu interesse no aluno do outro lado da área e como me conhecia, sabia que coisa boa não era.

Suspirei pegando sua mão para me levantar, pronta pra tentar novamente treinar aquele equipamento que sempre estava enrolado a seu pescoço. Me posicionando para a batalha, corri em sua direção.

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Cansada e dolorida, precisava de um banho urgente e todos que participaram daquela aula concordavam. O sádico sensei não tinha pena de nós meros estudantes quando o quesito era aula prática mas isso não era uma reclamação. Nos exigia o necessário para sermos heróis, os melhores, se pudesse.

Me despedi dos colegas que ainda estavam na cozinha, e subi as escadas - algo que Aizawa nós obrigava a fazer depois de todo treino - devagar, respirando fundo o trajeto inteiro.

Eu vou passar por isso todos os dias?!

É uma espécie de purgatório?

Respirei fundo ao chegar na porta de meu andar, rezando por meus joelhos empurrando a porta do meu quarto, me jogando na cama logo em seguida.

Não sei exatamente quanto tempo passou. Mas acordei algumas horas depois num pulo com a janela batendo escancarada pelo vento forte.

Me levantei para fechá-la, passando a mão no rosto amassado de sono. Droga, vou acabar dormindo mal essa noite. E eu preciso muito de um banho.

Catei uma muda qualquer no armário. De frio, pela temperatura lá fora, nem me preocupando em ser pega por alguém. Era uma da manhã e como bons alunos estavam todos em seus quartos. Se não estivessem dormindo, em breve estariam.

Andei pelos corredores escuros e longos até o banheiro feminino, espaçoso por sinal e a ducha era forte, o que me deixava feliz. O vapor da água se misturava com a minha voz pelos cantos do banheiro, não tão alta assim pelo horário.

Quando saí, o choque térmico me pegou desprevenida, já que andava pelos corredores de toalha o que só aconteceu devido a um descuido meu chamado esqueci as roupas em cima da cama.

Fechei a porta rapidamente, rindo de mim mesma sem pensar tanto na loucura que acabei de fazer. Uma verdadeira bobona, pra falar a verdade.

Olhei a janela enorme a minha frente, a lua imensa e pulsante brilhava no céu e tive certeza de que me chamava. Recusar um pedido como esse, sabendo que as estrelas contentes a vibrantes me esperavam junto a meu lindo astro seria burrice.

Vesti um casaco bufante de gola alta, daqueles esquimó. Puxei de Aizawa esse lado friorento, considerado um exagero por alguns. Mas enfim, o problema é somente meu.

Atrevida e inconsequente, subi as escadas até o terraço empurrando a pequena porta que me levava até meu encontro com o cosmos. Abobalhada, nem me dei conta de outra presença enquanto passava os olhos pela beleza acima de mim. Só quando virei pra frente que vi, a carranca atazanada.

Um clima estranho pairava no ar. Diria tenso, mas parecia perigoso ao mesmo tempo. Me assustava seu olhar tão frio a minha frente.

Nada disse, apenas me olhou e desviou o olhar para o Horizonte novamente.

Ok, ele deve me detestar.

Ou ele detesta todo mundo.

Me virei para ir embora quando a voz grave e profunda soou como um trovão.

- O que você fez antes? - pronunciou, firme e sem rodeios.

- O que quer dizer?

Se virou pra mim novamente,  impaciênte, e eu odiava isso. Sem quebrar o contato, me encarava como quem quisesse revirar minha alma e descobrir meu mais podre segredo.

- Na sala, ontem.

Ah, então ele sabia. Pelo treino de hoje cedo, apenas sabia que a individualidade que possuía era meio quente meio frio. Era um híbrido, como eu. Mas teria outra individualidade? Alguma psíquica por menor que fosse? Muito raro pra ser real.

- Não sei, fiz algo? Não me lembro de ter falado com você.

- Não aja como tola. - cuspiu as palavras de repente - É filha do Aizawa, mas só sei disso. A não ser que tenha outro dom.

Deus, ele era esperto.

- Por mais divertido e eficaz que isso soe, qual seria essa individualidade?

O vento gélido veio até nos, esvoaçando meus cabelos e desarrumando os dele, mesclando os fios - antes - bem divididos.

- Lavagem cerebral?

- O que? Não. Estou na U.A treinando meus poderes pra me tornar heroína. Não pra fofocar sobre os alunos e lavar a mente deles, por isso treino com meu pai que divide comigo o conhecimento que já tem e obviamente o controle. De todo jeito, eu não tenho essa individualidade aí.

Ele assentiu, escondendo a heterocromia e achei que estivesse refletindo o que disse. Mas depois de um pouco, passou por mim e desceu as escadas sem ao menos se despedir.

Fiquei ali por mais um tempo, apática a sua antipatia. Era um garoto complicado, eu entendia. Foi criado para ser assim

Mas me sentia mal por ter que agir de tal forma. Não menti quando disse que essa não era minha individualidade, só omiti o fato de que tenho outra. E era doloroso ser assim.

Eu Posso Sentir, Shoto  ( Todoroki X OC )Onde histórias criam vida. Descubra agora