Bônus pequeno, eu sei. É só pra dar uma passada, dizer oi e agradecer mais uma vez por tudo. Obrigada, amo vocês. S2
- Você não acha incrível esse braço mecânico do Bakugou?
Shoto e eu encarávamos o rapaz reduzir os fantoches de treino a cotocos cinzentos. Os sons eram animalescos quando não somente estrondos altos de suas explosões espalhando fuligem e um cheiro esquisito de plástico queimado.
Um pouco atordoada pelo som e raiva exalada da grande sala, eu vestia uma careta tonta no rosto que só servia para trazer risadas a Denki que também aguardava sua vez de fazer o teste. Oscilávamos entre exaustão e insanidade nas semanas de provas, e talvez está seja a razão para a faceta de Todoroki, que mantinha uma sobrancelha levantada, pois se esquecia que minha individualidade compartilhava as sensações. Quando prendi feelings, ele me olhou, mais confuso ainda, rendendo um chiado esquisito saindo da garganta do herói dos raios.
O teste foi fácil para os três garotos. Katsuki explodiu os oponentes em dois passos. Denki Kaminari os despedaçou com uma descarga e meu namorado queimou todos, dotado de um brilho nos olhos quando me viu batendo palmas animadas do outro lado, parabenizando a vitória do físico e principalmente do psicológico.
Veio, corando as bochechas depois do beijo estalado que dei em cada uma. Peguei-o pelas mãos e guiei para fora do estabelecimento de treino, sem preocupação com nada além de trazê-lo para minha cama e concretizar a soneca que me prometeu para depois da aula.
- Parece animada demais apenas para dormir. Comeu açúcar demais de novo, Noble? - Perguntou, sério.
Conti uma risadinha pela sinceridade bruta, e soprei o cabelo que me caia no rosto.
- Estou morreeeeeendo de vontade de ganhar uma massagem... - estiquei a palavra de forma manhosa, dando uma volta nos calcanhares. O rapaz sorriu com os olhos e o mínimo do canto da boca.
Esta era sua forma de sorrir normalmente. Algo discreto, tocante e realmente puro. Algo que saciava todo meu âmago apenas num cintilar no meio do dia, simplesmente brotando com as bobeiras que eu dizia. Meu coração se aqueceu. Retribui o afeto com um sentimento caloroso enluvando suas veias alcançadas pelas minhas mãos. Shoto, se deixou guiar para onde eu fosse, seguindo como um girassol é fiel ao sol. Ele acreditava que eu mantinha todo o brilho do mundo escondido dentro da alma, e me olhava com adoração.
Poucas palavras, muitos gestos lhe escapando do coração.
Os ombros cobriam minhas costas para ficar perto e espiar o que segurava na mesa do quarto. Espaço pessoal não existia no relacionamento e definitivamente, não era algo com o que eu me importava, apesar de sempre ter uma postura séria em público.
A única razão para meu pai não arremessar Shoto quando o vê.
Realmente não esperava que Shouta Aizawa fosse o tipo de homem que sente ciúmes do namorado da filha, cochichando para o próprio namorado resmungos cuspidos no canto da turma quando Todoroki pedia carinho cutucando a manga da minha blusa. Adorável. Um pouco estranho.
Eram bons momentos.
Assim que larguei a papelada - agora organizada - sobre a mesa, me virei sem afastar Todoroki, olhando fixamente para os olhos heterocromáticos afim de descobrir o que estava passando por sua cabeça.
Então, assim que as estrelas brilharam acima de nós e eu identifiquei a noite acenando pela janela, entendi o pedido silencioso para subirmos ao terraço. Toquei os ossos da clavícula expostos de um jeito sensível, meus dedos traçados pelo olhar atento até encostar minha cabeça no peito forte. Eu o empurrei com o peso do corpo somente para segurá-lo pelo quadril e nos guiar até as escadas. Subimos, ultrapassando o portãozinho como um portal para um lugar que nos guiava para o encontro de nossas mentes.
Estava agradavelmente quente, na temperatura certa para as folhas fazerem uma brisa refrescante quando balançavam. Sentei bem na beirada do prédio, arrastando o bumbum para ajeitar os joelhos no cimento. Virando para trás, o garoto me encarava de braços cruzados. Parecia que estava me guardando como um protetor, evitando quebrar uma barreira de ingenuidade em mim. Não era mentira, talvez a bondade tenha a mesma faceta que pessoas ingênuas e sem arrogância tem, e o sentido de evocar uma briga voava distante.
Reclamar por querer me proteger? Esta é a forma que ele tem de demonstrar apreço e presença, além de ter aprendido a aceitar todos os defeitos e maneiras intensas que tenho de por exemplo, me pendurar nas suas costas quando esta distraído. Amo a pessoas que me vê com preciosidade, um diamante bruto que não é frágil, porém bem cuidado.
Eu o via como um guerreiro que nunca soube fazer algo além de batalhar.
Que recuava vacilante recebendo um toque diferente do grosseiro. Alguém que apesar de tentar flertar - aquilo que fizemos aqui, neste lugar na primeira vez que nos enfrentamos romanticamente - tinha a urgência de se afastar por um tempo pois, aquilo que foi disposto era um material nunca explorado em sua vida.
Lhe enviei um sorrio que espremia os olhos. Seus ombros largos caíram, a expressão facial intacta mas a musculatura reagia feito um relaxante. Me virei novamente encarando o céu, visando algo que não estava certo entre nós.
- O que está te incomodando, Sho?
- Pai... - ele falou baixinho, quase incompreensível. A coisa mais notável na fala foi o desconforto apreensivo que as fazia parecerem notas desafinadas no ar.
- Meu pai?
- Meu, pai.
- O que tem ele?
De costas, não precisava vê-lo para saber que estava encarando os próprios pés, refletindo o que faria e quase se esquecendo de continuar a falar.
- O seu pai e ele brigaram em uma reunião, e... Seu pai disse que não sabia como o filho dele podia namorar com a sua. - segurei um riso em respeito ao leve nervosismo que rondava a cabeça. - E aí, disse que queria te ver. O problema é que eu sei que você vai aceitar porquê você não tem medo de nada e nem de ninguém. Mas eu tenho. Tenho muito medo dele ainda.
Devagar me levantei. Sem pressa e estabanamento, só delicada, para me aproximar sem afugentar o rapaz. Segurei seus dedos longos para alcançar a palma, quase encostei minha testa na dele mas segui direto para sustentá-lo segurando pelo quadril. Ele se envergou para esconder o rosto no meu pescoço, mas afastei para ficarmos cara a cara naquela conversa.
- Eu tenho medo de várias coisas. As vezes tenho medo do escuro, de insetos e de perder alguém. Entendo muito bem as pessoas, é só o que me faz não ter medo delas. Seu pai está mesmo tentando, Sho... mas isso não muda nada do que aconteceu. Tu não precisa acreditar em segundas chances só porque eu acredito. Eu vou te apoiar. Quando quiser fugir do Enji, ou quando quiser só... apresentar sua namorada. - eu ri, as palavras que estava usando não surtiam efeito em o acalmar.
- Tem medo do escuro?
- Não o entendo. É o símbolo do vazio, não gosto de não saber o que tem lá. Tudo bem que na teoria eu poderia sentir se tivesse alguém dentro, mas meu medo se eleva e é difícil distinguir as coisas. - ainda, sem efeito.
Decidi apelar para a individualidade, penetrando a calma que estava sentindo de frente para a nova situação. Afaguei seus cabelo torcendo para que ele se levantasse logo, era muito difícil sustentar seu peso. Comovida pela tristeza aflita, beijei seu olho afim de retomar a atenção.
- Quer que eu vá contigo? - Fiz a pergunta de forma sincera, uma voz mansa de quem temia ferir só com um tom mais alto.
- Não.
Assenti.
- Vamos para o quarto. Comprei uns óleos de massagem e vou tentar cada um em você.
Shoto finalmente riu, prevendo a bagunça de cheiros que iriam alterar meu humor de forma maluca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu Posso Sentir, Shoto ( Todoroki X OC )
FanfictionSer uma super-heroina como o pai nunca foi algo que desejou profundamente. Até descobrir o sentimento de esperança que brotava no peito, depois de um incidente em um assalto, cuja reagiu e consequentemente salvou uma senhora. Noble, filha do herói...