Capítulo 12

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Shoto tinha as mãos enfiadas no bolso, me assistindo saltitar feito boba a sua frente. No canto dos lábios finos, um sorriso acanhado quando revesava o olhar entre mim e as pessoas que passavam ao seu lado.

Me convenci de que ele achava gozado meu jeito meio avoado e por isso ria da minha distração pulando pelos bancos do parque durante o trajeto até a lojinha.

Combinamos mais cedo com a turma de nos encontrarmos em um ponto específico da rua pra escolhermos algum lugar que agrade a todos.

Era feriado, as aulas tinham sido canceladas e sem permissão de deixarmos o dormitório por muito tempo, acabamos por combinar de almoçar juntos e talvez uma festa do pijama com as meninas.

No caminho dei sorte de encontrar Todoroki rumando para o ponto de encontro e decidimos ir acompanhados. A hiperatividade em mim não me permitiu ficar calada tanto tempo assim, mesmo que o quase ruivo não tivesse uma cara de muitos amigos, fiquei tagarelando o caminho inteiro.

- Você parece sempre tão distante mas ao mesmo tempo tão focado e me assusta, que suas expressões sejam sempre tão frias. Frio por fora e quente por dentro. Irônico já que sua pele literalmente tem divisão de temperaturas causada pela individualidade. - ditei -sabendo da língua solta que tinha alguns segundos depois ao perceber o que disse quis enfiar a cara no concreto.

Só não fiz porque teria doído.

- Quente por dentro? - Indagou coçando o queixo, hábito que tinha ao ficar confuso, junto com os olhos que iam sabe se lá pra onde.

- A-Ah, bem, quer dizer todo mundo é quente por dentro né? Menos os répteis porque eles tem sangue frio.

Oqueeutôfalando.exe

Ele me olhou, e riu singelo tomando a frente na caminhada.

Nem me dei o trabalho de tentar falar outra coisa, tinha certeza de que se abrisse a boca nada bom saía.

Eu não trabalho bem nervosa, guarde essa informação.

- Desculpa. Não foi isso que eu quis dizer, tinha um significado maior só que você me pegou de surpresa.

- E não vai me contar?

- Bem é que... Na minha cabeça fez sentido, botando em palavras eu tenho que pensar direito pra não soltar uma ladainha. - o vi balançar a cabeça em compreensão. - Você deve me achar doida.

Pelo amor de Deus alguém me abduz.

A nossa frente já conseguíamos ver os alunos reunidos esperando o resto dos colegas, fiquei aliviada.

- Eu gosto de passar tempo com você. Não sei dizer, mas sempre que estamos próximos, eu fico em paz.

Ah certo, agora eu tinha inventado uma nova tonalidade do vermelho pro meu rosto. Como ele fala isso sem ficar envergonhado?!

Eu agradeceria. Meio gaguejante, mas agradeceria se não fosse pelas meninas pulando no meu pescoço e me arrastando pra longe dele e criando perguntas sobre nós dois.

Respondi calmamente que apenas o encontrei no caminho e viemos andando, desfazendo a euforia repentina. Mas Yaoyorozu ficou um pouco acanhada.

Toquei seu ombro, sorrindo antes de voltar a andar com o pessoal.

--------🌼🖤---------

Quando voltamos era tarde.

A maior parte se reuniu na sala pra assistir algum filme ou jogar jogos. Coisas das quais me recusava a participar pois, a minha ansiedade não permitia.

Os jogos eram muito arriscados. Talvez teria que responder perguntas quais não queria e o filme, bem, eu não passo nem cinco minutos sentada normalmente.

Sim, eu sou chata, e daí?

Antes de subir as escadas, repensei a ideia de ficar e acabar por entrar em algum jogo. Não era um pesadelo afinal, eu gostava de ficar observando essas brincadeiras mas, não. Estou cansada.

Quem sabe se eu não chegar cedo no banheiro possa usar a banheira?

Comecei a subir as escadas como punição básica pelo sedentarismo do dia. Ouvi passos vindo de encontro comigo mas relevei, afinal existiam mais de dez pessoas morando na casa.

Vindo de cima, vi Shinsou descendo os degraus na minha direção.

- Oi Shinsou! Tudo bem com...

- Noble que horas são? - cortou minha fala, meio entediado.

O rapaz parecia mais alterado do que o de costume. Embora a irritação característica pelo cansaço, pude reconhecer desprezo nas palavras que saltaram de sua boca com grosseria, quase urgência.

- Eu não sei.

E responder foi um erro.

Senti todo o meu corpo adormecer repentinamente, perdendo o controle dos meus atos. Ainda sim, tinha consciência total tô que ocorria a minha frente

Mas que merda?!

- O que você fez com o Mineta na aula da semana passada?

Revirei os olhos em uma tentativa de fingir estar sob seu controle. Não tinha plena certeza de que funcionaria, mas era minha única esperança.

Ele tinha controle sobre mim, o único porém era que de alguma forma, podia evitar a extorsão de informações.

Não demorei a entender que era por causa da quirk do meu pai.

Tornei minha expressão neutra, como se realmente não tivesse controle de nada e ele me encarou. A faceta de tédio começou a demonstrar confusão e então ele partiu pra cima de mim, me prendendo na parede com os braços na altura da minha cabeça.

- Acha que sou burro? Eu sei quando estou no controle. Por que a individualidade não funciona com você? Não totalmente pelo menos.

Meus movimentos voltaram de repente. Meio tonta, o empurrei pra longe ativando a individualidade apagadora afim de evitar outra tentativa de lavagem cerebral.

Ficamos de frente um para o outro, a ira transbordado dos meus poros pela tentativa - que poderia ter dado certo - de me prender em seu controle.

- Porra, garoto. O que pensa que está fazendo? É óbvio que não funciona em mim. Acha que tem direito que me prender e fazer isso? Pensa que foi junto tentar me arrancar uma informação desta forma? O que faz aqui no curso de heróis se vai ter atitudes tão ignóbeis?

Ta, eu peguei pesado.

Ele passou por mim, marchando pela escada me deixando confusa e  zangada pra trás.















Eu Posso Sentir, Shoto  ( Todoroki X OC )Onde histórias criam vida. Descubra agora