Capítulo 27

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DESCULPA A DEMORA!


-Pronto pra perder de novo?

A risada provocante cortou o ar rarefeito enquanto reformava a posição de ataque, pronto para vir pra cima de mim.

-Sempre. - Respondeu, correndo em seguida.

Nossos treinos sempre eram fantásticos. Shoto sendo o exímio aspirante a herói e eu a filha do professor, com uma quirk muito vantajosa para o tipo de combate que precisávamos.

No passe que deu em minha direção, pude sentir meus cabelos negros começarem a subir e a visão nublar com a pouca coloração avermelhada. O que significava que meu poder já estava funcionando e a individualidade do meu oponente apagada, me dando total liberdade a um confronto físico direto.

Minha especialidade.

Como tinha dito, Shoto era um exímio herói. Mas dependia quase que completamente de seus poderes para ter um combate escandaloso, tendo essa habilidade apagada, sua desvantagem subia em oitenta por cento. Principalmente contra mim, que com o vasto conhecimento em todo tipo de arte-marcial e combate corpo a corpo, uma arma de panos e ainda por cima outra individualidade parasita conseguia enfrentá-lo sem muitas dificuldades.

Desferiu três golpes próximos ao meu rosto, um que me obrigou a piscar quando acertou minha bochecha, o que significava o início do cronômetro. Eu tinha cinco minutos para neutralizá-lo até que o efeito passasse. Bastou um pequeno descuido na postura da base para que abaixasse e puxasse suas pernas, o deixando no chão me jogando por cima prendendo suas mãos no tatame.

O garoto piscou os olhos algumas vezes tentando raciocinar a perda da partida. Achei gozado a careta que fez por ter perdido de novo.

Cinco a zero pra mim.

Duas vitórias sobre Katsuki e outras três sobre Shoto.

Devagar, levantei do chão estendendo a mão que foi pega de prontidão, batendo as mãos na roupa amassada depois do treino. O apito soou e recebi um polegar ereto da professora Midnigth que balbuciava qualquer besteira sobre as jovens serem tão charmosas e poderosas hoje em dia.

Eu não discordava, só sentia que perderia os sentido se a ouvisse falar sobre qualquer outra coisa jovial que encontrara nos estudantes.

Logo fomos liberados para o fim das aulas, e dei um sorriso confidente a Todoroki, retribuída com um balançar de cabeça pelo soquinho que deixei em seu ombro, ocasionando em nosso desencontro quando foi para o vestiário masculino.

Na ducha eu sentia meus músculos arderem, minha cabeça latejar e mente revirar ouvindo as garotas fofocarem tão cedo depois do treino árduo. Enxaguei os cabelos deslizando minhas madeixas entre os dedos, tentando desfazer os nós que criavam sempre que usava a peculiaridade apagadora.

Algumas marcas ainda eram evidentes no meu corpo da noite que tivemos. Arranhões indiscretos na minha cintura, chupões destacados por cada curvatura e vermelhidão misturada às feridas feitas hoje. 

Desliguei o chuveiro, prontamente saindo enrolada na toalha sem uma desculpa pronta caso me perguntassem a razão de tantas marcas. Qualquer besteira bastaria, é explícito que não dou muitas explicações às minhas ações e penso já estarem acostumados com isso.

Nem me importei em me vestir em meio as meninas, colocando cada peça de roupa com preguiça visto que o foco da atenção nem chegava perto de mim, finalmente saído do vestiário encontrando alguns outros alunos de saída também.

Olhei ao meu redor contente com o dia ameno, cheirando à camomila e férias de verão, mesmo estando no outono. Um pouco dolorida, mas isso era necessário, a dor me fazia lembrar da carne que eu continuava tendo independente dos sentimentos latejantes que dançavam na minha cabeça. Eu era humana ainda.

Eu Posso Sentir, Shoto  ( Todoroki X OC )Onde histórias criam vida. Descubra agora