Cap.1 - A Ligação

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O celular tocava sem parar, me despertando do meu sono. Ainda de olhos fechados bato pelo criado mudo ao lado da cama procurando pelo barulhento aparelho, até o achar. Abro levemente um olho, o suficiente para ver o número desconhecido que fazia a chamada antes que atendesse a ligação.

- Alô? - pergunto com a voz saindo rouca e grossa, deixando bem claro que a ligação havia me acordado.

- Justin Diaz? – perguntou uma voz feminina.

- Ele quem fala. Quem é? – passo a mão no rosto virando de lado na cama, já planejando despachar quem seja e voltar a dormir.

- Me chamo Diana, sou secretária do Sr. Estevan Kerr. Ele procura por um segurança em tempo integral, portanto ligo para marcar uma entrevista com você. – explica a doce voz feminina.

Esperto um pouco mais, porque aquilo não era o certo. Se havia alguma entrevista de trabalho para mim, a empresa que me agenciava era que me ligaria avisando da entrevista e não uma secretária particular.

- Precisa marcar com a minha agencia. E como conseguiu meu número? - minha voz ainda estava rouca, mas o sono sumindo quase por completo.

- Entramos em contato com a empresa de segurança para a qual trabalha e pedimos seu telefone pessoal. Acredito que não seja o usual, mas o Sr. Kerr prefere as coisas dessa forma.

Reprimo a vontade de bufar. Claro que aquilo devia ser obra de um dos ricaços da cidade. Não era incomum esse tipo de atitude deles. Acho que não seguir os protocolos das empresas devia fazer eles se sentirem donos delas.

- Ah, beleza. - é o que respondo a ela. - E quando será essa entrevista?

- Lhe enviarei o endereço com o horário por e-mail. Até mais tarde, Sr. Diaz.

E sem esperar eu perguntar o que ela queria dizer com "até mais tarde" a ligação acabar e olho para a tela do celular. Bufo e colocando o celular no criado mudo e viro para o lado, pronto para voltar a dormir. Mas não consegui. Fiquei me perguntando se aquela tal entrevista seria hoje mesmo.

Sento na cama, desistindo de voltar a dormir e pego o celular novamente, desbloqueado e vendo que havia um novo e-mail. Abro e constato que era o endereço com horário da entrevista. Em três horas teria que estar na Upper East Side, um dos bairros mais ricos da cidade de Nova Iorc.

Suspirando pela pressa daquela entrevista, levanto jogando o lençol para o lado e vou até o banheiro minusculo do meu, também pequeno, apartamento. Mijo enquanto escovo os dentes durante o banho, saindo um pouco depois com a toalha enrolada no quadril. Passo a mão no espelho limpando o vapor que o embaçou e olho para meu rosto e peito bronzeados. Estava com a barba crescendo, e com toda a certeza ela não iria agradar o ricaço, então pego o aparelho de barbear e coloco a mão à obra.

Finalizo o barbear e passo um pouco do pós-barba analisando meu rosto com traços bem marcados pela mistura britânica e latina. Sorrio de lado para meu reflexo, que sorri de volta imitando meu gesto, meus olhos castanhos-esverdeados, estavam mais claros, agora que o sono tinha passado. Pego um pouco de gel fixador e passo no meu cabelo castanho-dourado, puxando o pente fino e passando apenas para o manter todo para um lado, a franja formando um topete em onda lateral. O resto do cabelo era baixo, então não precisava me preocupar. Pisco para meu reflexo, aprovando o penteado e o quanto eu era gato.

Vou até a cozinha e preparo uma vitamina que tomo enquanto leio as notícias do dia pelo celular. Ao finalizar lavo tudo e vou até o guarda-roupas, pegando meu uniforme de sempre: terno, gravata e calça social. Visto e ajusto a roupa ao meu corpo, me olhando no espelho da porta do guarda-roupas, sorrindo levemente por não me cansar de saber que eu ficava muito bem de terno e gravata.

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